Parte da Muralha da China foi feita com ajuda de sopa de arroz

Por Julio Cezar de Araujo
Foi em meados de 220 a.C., após o primeiro imperador chinês, Qin Shihuang, da dinastia Qin, conseguir unificar o país pela primeira vez na História, que ele ordenou que fosse construída a Grande Muralha da China.
Com ela, seu objetivo era estabelecer um sistema robusto e forte de defesa para a nação recém-unida contra os ataques de inimigos. Para isso, foi combinada várias paredes ao longo de 2 mil anos até que a muralha alcançasse incríveis 21. 196 mil quilômetros de extensão. 
O empreendimento custou a vida de um milhão de pessoas durante as obras, reunindo cerca de 3 milhões de homens na primeira etapa de construção, o que configurava, na época, 70% da população do país.

Um dos trechos mais notórios da Muralha da China foi o de seu ano final, no século XVI, erguido durante a dinastia Ming, cobrindo uma área de cerca de 8 mil quilômetros, se tornando o mais bem preservado para sua idade. Acredita-se que muito disso seja atribuído a um componente incomum.

                  A fortaleza milenar                      

(Fonte: Vintage Everyday/Reprodução)

O trecho da Muralha da China construído durante o período Ming (1368-1644) é um dos mais renomados e historicamente reconhecidos, grande parte devido à quantidade de detalhes e ornamentos intricados sob porcelanas, cerâmicas e outras peças colocadas por famosos artistas do período.

Como muitos sabem, para construir uma parede, são necessários tijolos e cimento. Nada ficaria em pé, principalmente uma muralha como a da China, sem algo sólido, como tijolos e pedras, tampouco sem estarem grudados com alguma massa específica.

As civilizações antigas, como os romanos, usaram cal, cinzas vulcânicas moídas, pó de tijolo e lascas de cerâmica na mistura para obterem uma argamassa consistente o suficiente para segurar suas construções por mais tempo.


No entanto, uma vez que os chineses não tiveram acesso às cinzas, os trabalhadores recorrem ao que mais tinham ao seu dispor: arroz.
Cientistas à frente do artigo Study of Sticky Rice-Lime Mortar Techonology for the Restoration of Historical Masonry Construction, escreveram que, após uma análise de microscopia eletrônica, chegaram à conclusão que o componente inorgânico presente na estrutura é o carbonato de cálcio, e o componente orgânico é a amilopectina, um derivado da sopa de arroz empapada adicionada ao cimento.
Perfeito para colher com pauzinhos, o arroz pegajoso também está ajudando pontes centenárias, templos, túmulos e muralhas da cidade a se manterem firmes na Chinade acordo com um novo estudo que desvenda os segredos da “força lendária” da mistura.                              Uma análise da argamassa da muralha da cidade de 600 anos em Nanjing(mapa) confirmou que sua argamassa é uma mistura de calcário em pó e sopa de arroz pegajoso.                        
A dica foi a presença de amilopectina, um carboidrato encontrado no arroz, de acordo com o estudo, liderado por Bingjian Zhang, da Universidade de Zhejiang, na China.                                          O especialista em argamassa histórica Sedat Akkurt disse por e-mail: "Com o tempo, as pessoas adicionaram muitos materiais diferentes às argamassas (como urina, sangue e ovos), de modo que a adição de arroz na China, onde o arroz é uma coisa tão grande, não surpreende mim."

Usado em receitas chinesas doces e salgadas, arroz pegajoso ou arroz glutinoso, é um arroz asiático de grão curto que se torna gomoso quando cozido.                                                                O arroz, um produto que a China importou em quantidades que custaram US$ 1,72 bilhão apenas em 2020, tornando-se o maior importador desse alimento no mundo, foi a estratégia usada pelos trabalhadores da Muralha da China para fazer a construção sobreviver aos desastres naturais e ao tempo.

O estudo também indicou que a amilopectina manteve sob controle o desenvolvimento do carbonato de cálcio, reduzindo os efeitos do desgaste na construção.

Fonte: Megacurioso

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