Em palmito ou castanha, Guariroba é fonte de fibras, vitaminas e gorduras boas
A palmeira, usada também na indústria cosmética, incentiva a produção agroecológica no Cerrado
Sarah Fernandes
Guariroba, catolé, pati, jaguaroba, ou somente gueroba. O nome pode até variar, mas a opinião é unânime: ela é um alimento delicioso, que combina com diversos pratos e agrada diferentes paladares. Mais que isso: é rica em nutrientes e ajuda a gerar renda para comunidades tradicionais do Cerrado brasileiro.
A bela palmeira da gueroba, usada até no paisagismo de praças e parques, é famosa pelo palmito de textura firme e de gosto amargo. Ele é consumido em conserva, saladas e refogados e rende ótimos recheios para de tortas e empadões.
“A guariroba é muito rica nutricionalmente e cada parte dela traz nutrientes diferentes, em diferentes proporções”, diz a nutricionista Samantha Araújo, que é fã do alimento.
“No palmito extraído do caule, temos um alimento de baixo valor calórico, rico em fibras e com alto teor de ferro, o que é difícil de encontrar em vegetais. Tem também compostos fenólicos e vitamina C que são antioxidantes naturais. É um alimento interessante para quem quer controlar o peso, a saciedade e o funcionamento intestinal", acrescenta.
Além do palmito, a guariroba rende cocos, de onde se extraem amêndoas também ricas em nutrientes, como as fibras. Ela tem até propriedades cosméticas com alto teor hidratante.
De acordo com a nutricionista, a composição nutricional lembra a das castanhas, com alto teor de proteínas e gorduras.
"Por isso tem um valor energético mais elevado. Apesar disso quase metade das gorduras presentes na amêndoa são os chamados ácidos láuricos graxos, conhecidos como antifúngicos naturais. Consumidos na quantidade adequada podem trazer benefícios para a saúde”, explica Araújo.
Mas, além de fazer bem para a saúde, a gueroba tem ajudado a reflorestar o Cerrado e a gerar renda para comunidades tradicionais.
Para extrair o palmito é necessário cortar toda a palmeira, que acaba morrendo no processo. Isso fez com que a população vegetal reduzisse significativamente e se iniciasse o monocultivo, em fazendas.
“Vendo aquilo começamos a nos preocupar. A gueroba já era difícil de encontrar e preço com o monocultivo ficou muito elevado a ponto de as pessoas que tradicionalmente comiam esse alimento não poderem mais acessá-lo. Então começamos a incentivar as comunidades a plantar, e fazer o uso dos seus frutos e poupando assim de sacrificar palmeira para fazer o uso do palmito”, diz Lourdes Laureano, que há 10 anos coordena uma iniciativa que incentiva o plantio da gueroba junto a outras mulheres raizeiras da Articulação Pacari.
A iniciativa deu tão certo, que hoje comunidades dos municípios goianos de Barro Alto, Mineiros, Cavalcante e Aparecida de Goiânia já fazem o plantio agrofloestal da gueroba, essa riqueza do Cerrado e do Brasil.
Edição: Douglas Matos para o Brasil de Fato
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