Sal a Gosto vai promover gastronomia nacional Caboverdiana.

O evento gastronómico que vai decorrer no Sal, em Agosto do próximo ano, vai reunir chefes internacionais na principal ilha turística do país para promover e revitalizar a gastronomia nacional. Orçado em cerca de dois milhões de euros já tem o apoio do Estado e um acordo assinado com a Câmara do Sal para a sua realização nos próximos cinco anos.

Numa altura de pandemia, com a economia parada, este é um risco calculado. Ligado à área da publicidade e do marketing, António Adão destaca que investir neste evento vai ajudar não só a recuperar a economia, mas também a trazer novos mercados e novas clientelas ao turismo nacional.

A aposta, explica, é apostar em nichos que não são os do “normal sol e praia que se tem nas ilhas do Sal e Boa Vista”.

“Temos uma gastronomia extremamente rica e temos receitas fantásticas.

Cachupa é um prato típico da de Cabo Verde. Distingue-se entre Cachupa Rica (elaborada com vários tipos de carne), e Cachupa Pobre (feita apenas com peixe). A distinção entre os tipos de Cachupa tem a ver com o facto de a Rica conter carne, o que torna o prato mais caro, e apenas acessível à população com mais meios.

Para além da carne ou do peixe, a cachupa é elaborada com feijão e milho estufados, servidos, por vezes, separados dos restantes legumes cozidos. Entre estes últimos podem contar-se a batata cozida e a banana cozida. A carne e o peixe podem também ser servidos em separado, na mesma travessa dos legumes cozidos. A melhor cachupa da Ilha do Sal está no restaurantge Americo’s. Lembra muito nossa feijoada e é de comer ajoelhado.

"Cachupa é puro sabor. Porém, são muitas as pessoas que “duvidam” da riqueza gastronómica cabo-verdiana, pois quando visitam o arquipélago encontram diversos pratos muito idênticos à gastronomia portuguesa e também à brasileira. E isso deve-se ao facto de a culinária cabo-verdiana resultar da miscigenação de diversas culturas, hábitos e costumes. Contudo existe uma enorme diversidade gastronómica que vai desde petiscos até às sobremesas. Até faz crescer água na boca. Mas hoje vamos falar de um dos pratos gastronómicos cabo-verdianos mais conhecidos, a cachupa.

Trata-se do prato mais usual dos cabo-verdianos de todas a condições sociais. Cabo Verde é um país tipicamente agrícola, onde muitas pessoas cultivam os próprios alimentos. E a maioria dos produtos utilizados na produção deste prato provêm da terra, o que tornou mais fácil a produção deste prato. A cachupa pode ser classificada como cachupa pobre, quando leva um menor número de ingredientes e cachupa rica, quando leva uma maior variedade de ingredientes consoante os gostos de cada um.

O milho e o feijão são ingredientes principais da cachupa. Estes costumam ser demolhados em água fria na véspera da preparação da cachupa. Pode levar carne ou peixe, ou mesmo carne e peixe ao mesmo tempo. Para além de diferentes legumes, como batata doce, cenoura, couves, mandioca, entre outros, pode-se acrescentar diversos enchidos.

Habitualmente quem faz esse prato, faz em grandes quantidades, o que serve para comer no mesmo dia após a preparação e também no dia seguinte ao pequeno almoço. A cachupa do dia seguinte é chamada de “cachupa refogada”.

Esta é, inclusivamente, uma oportunidade para promover e recuperar o receituário gastronómico de Cabo Verde e para promover novos nichos turísticos. Enquanto privados o que sabemos é que vamos trazer competência a concretização do programa do executivo e, portanto, é por isso que estamos todos aqui e merecemos a credibilidade quer da Câmara Municipal do Sal para 5 anos quer do primeiro-ministro" com quem os organizadores irão assinar “um protocolo de interesse nacional”.

Com um orçamento fora do comum para os eventos que normalmente se realizam em Cabo Verde – o ‘Sal a Gosto’ tem um orçamento de cerca de 220 mil contos – os promotores não querem que seja o Estado a avançar com dinheiro do erário público.

“O que nós pretendemos não é dinheiro apenas do erário público. Obviamente que o executivo nos patrocina com alguma coisa mas o que queremos é explicar aos privados que este é o melhor cesto para colocação dos seus ovos”. Isto porque, como apontou, com a antecedência de um ano os privados que se associarem a este evento vão ter a possibilidade de, durante o ano que antecede o evento, activarem as suas marcas e recuperarem o investimento inicial feito e ainda obterem rendimentos.

Para o ministro do Turismo "estamos aqui perante um projeto que permite enaltecer aquilo que de bom” que Cabo Verde tem.

Este evento, que vai decorrer no Sal entre 13 de Agosto e 8 de Setembro do próximo ano, “cruza com aquilo que é a visão do governo a nível do turismo e que assenta na possibilidade de valorizar os recursos nacionais. Recursos humanos, recursos patrimoniais, os recursos históricos que nós temos e também culturais e a gastronomia e faz parte da nossa cultura”, apontou Carlos Santos.

“Um destino pequeno como Cabo Verde para querer afirmar-se lá fora e poder ter competitividade terá que apostar naquilo que ele tem e que é só dele. Eu tenho estado a frisar isto, que este é o caminho, o caminho da diferenciação e não o caminho da a da competitividade a nível dos preços” que poderá atrair mais turistas a Cabo Verde e diversificar a oferta do mercado nacional. "Se nós pudermos fazer isto estaremos a dar um grande passo”, assegurou o ministro.

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