"QUANDO O CORPO SE FAZ DOCE"

A nova exposição do Museu de Lisboa - Santo António promete abrir o apetite pela doçaria portuguesa, revelando mais de três dezenas de bolos com origens e conotações sugestivas. 

«Quando o corpo se faz doce» investiga as ligações entre a religiosidade e a realidade terrena e material das sensações e da natureza do corpo humano.

A curadoria da exposição «Quando o corpo se faz doce», assinada por Paula Barata Dias, propõe uma reflexão profunda e provocadora sobre a ligação entre o sagrado e o sensível, entre o corpo humano e a doçaria tradicional portuguesa — especialmente aquela de origem conventual.

🍯 Corpo, Doce e Devoção

O eixo central da curadoria está na investigação sobre como o corpo humano — suas formas, desejos, fertilidade e prazeres — foi simbolicamente moldado na doçaria popular. Bolos e doces com nomes como Maminhas de Freira, Pirilau de Frei Ambrósio, Barriga de Freira ou Espera-Maridos não são apenas receitas: são metáforas comestíveis do corpo, da espiritualidade e da sensualidade.

Esses doces revelam um imaginário cultural que habita o cruzamento entre religiosidade, erotismo e ritualidade doméstica — e a curadora os encara como pistas concretas da forma como o povo português elaborou, através do açúcar, sua relação com o desejo, o pecado, o cuidado e a memória.

🔍 Curadoria como arqueologia sensível

Paula Barata Dias propõe um olhar arqueológico e antropológico sobre essas receitas. Ela retira os doces do lugar comum da vitrine gourmet e os reinsere no seu contexto cultural e afetivo, investigando como foram produzidos, por quem, e com que intenção simbólica.

A exposição coloca questões como:

Por que um doce feito por freiras ganhou o nome de uma parte do corpo feminino?

Que tipo de mensagem esses nomes e formas comunicavam em seus contextos originais?

O que revela o fato de tantos doces conventuais estarem ligados ao feminino e ao erotismo velado?

🎭 Uma curadoria que toca a pele

Ao articular o corpo como tema transversal — espiritual, físico, simbólico — a curadoria também nos convida a pensar na alimentação como linguagem do desejo, da fé e da transgressão, em uma cultura marcada por silêncios e metáforas.

É uma exposição sobre doces, sim, mas também sobre como o povo português — sobretudo as mulheres — elaborou, em açúcar, uma cosmologia do corpo.

Aqui tens o link direto para a informação oficial da exposição no site do Museu de Lisboa:

📌 Quando o corpo se faz doce

🔗 museudelisboa.pt – evento “Quando o corpo se faz doce”  

ℹ️ Mais informações sobre a exposição

Abertura: inaugura no dia 18 de junho de 2025, pelas 18h30, no Museu de Lisboa – Santo António, em Largo de Santo António da Sé, 22, em Lisboa .

Período: de 18 de junho a 10 de agosto de 2025 .

Horário:

Terça a domingo: das 10h00 às 18h00 (até 31 de julho, com horário alargado até às 20h00) .

Entrada: 3 € 

Percurso: explora mais de 30 doces tradicionais portugueses (como Maminhas de Freira, Barriga de Freira, Beijinhos, Pitos, Pirilau de Frei Ambrósio, Espera‑Maridos…) que misturam simbolismo religioso, sensualidade e cultura popular.

Curadoria: comissariada por Paula Barata Dias (professora da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra), especialista na relação entre religiosidade e património alimentar; a mostra tem colaboração de pastelarias e artesãs portuguesas .

Temática central: reforça como doçaria, especialmente a conventual e popular, foi veículo de simbolismos — ligados a oferendas, fertilidade, saúde, desejo — conectando o corpo, o sagrado e o profano.

🎯 Por que vale a pena visitar?

1. Receitas com história: cada doce traz uma narrativa — dos ingredientes ao nome provocador — que revela aspectos da cultura e da devoção popular.

2. Encontro entre corpo e espírito: mostrar como a doçaria pode ser, simultaneamente, uma prática religiosa e uma expressão sensorial/erótica.

3. Riqueza visual e cultural: parcerias com pastelarias como Moinho Velho (Coimbra), Pão de Açúcar (Lisboa) e Cavacas de Pinhel garantem autenticidade e beleza estética.


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