OS CAMINHOS DA CULINÁRIA ÁRABE NO BRASIL
As histórias das receitas, dos restaurantes famosos e até os costumes da cultura árabe à mesa ganham pesquisa, registro histórico e modo de preparo no novo livro de Diogo Bercito, “Brimos à mesa: histórias da culinária árabe no Brasil” (Fósforo Editora, 288 páginas), que chega às lojas neste mês.
Autor de “Brimos: imigração sírio-libanesa no Brasil e seu caminho até a política”, publicado em 2021 pela mesma editora, Bercito investiga agora a forma como os pratos, salgados e doces árabes exercem influência na cultura nacional e como foram também influenciados pela disponibilidade de ingredientes no Brasil. Além disso, o livro mostra a importância da gastronomia árabe na preservação da identidade dos imigrantes e descendentes em terras brasileiras.
No livro, Bercito afirma que a obra, um ensaio da história cultural, é o começo de uma “conversa” que busca ampliar o “entendimento das aventuras e desventuras” dos árabes que imigraram para o Brasil”. Observa que as gerações mais novas já não falam a língua árabe, mas é na cozinha e nos nomes dos pratos que o idioma resiste: labne em vez de coalhada seca e betinjan em vez de berinjela são apenas dois exemplos da manutenção da cultura à mesa.
Em sua viagem pelos sabores árabes, Bercito recupera o caminho de receitas tão tradicionais, como a esfiha. Descreve também a história de restaurantes famosos e longevos que ainda levam ao paladar dos brasileiros as receitas dos imigrantes adaptadas ao gosto e com os ingredientes locais.
“Os caminhos da culinária árabe no Brasil” é o fio condutor do livro Brimos à Mesa, do jornalista e historiador Diogo Bercito, que traça uma narrativa rica sobre como a comida árabe se enraizou e floresceu no Brasil. Aqui está um panorama dos principais caminhos percorridos por essa culinária no país:
🧭 Imigração como ponto de partida
A presença da culinária árabe no Brasil está diretamente ligada à chegada de imigrantes sírios e libaneses, principalmente no final do século XIX e início do XX.
Esses grupos trouxeram ingredientes, técnicas e modos de fazer que foram se adaptando às condições e insumos brasileiros.
A mesa como espaço de identidade e acolhimento
A comida foi um meio de manutenção da identidade cultural para os imigrantes e suas famílias.
Ao mesmo tempo, serviu como ponte de integração com a sociedade brasileira, gerando negócios como quitandas, padarias, rotisserias e, posteriormente, redes de restaurantes.
Popularização nas cidades
Em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Belém, a comida árabe ganhou as ruas e os mercados.
Pratos como esfiha, quibe, tabule e homus foram se tornando populares entre brasileiros de todas as origens.
Do artesanal ao industrial
A culinária árabe passou de preparos artesanais e familiares à industrialização, com o surgimento de grandes redes como o Habib’s.
Essa transição levantou discussões sobre autenticidade, apropriação e padronização da comida tradicional.
Releituras e adaptações
Ingredientes locais, como carne de sol, farinha e pimentas brasileiras, foram incorporados às receitas.
As famílias árabes adaptaram seus pratos ao gosto brasileiro — um exemplo disso é o quibe assado com requeijão ou o charuto com couve no lugar de folha de parreira.
Protagonismo das mulheres
Muitas mulheres da diáspora sírio-libanesa foram responsáveis por preservar as receitas tradicionais, transmitindo saberes culinários entre gerações.
Elas também se destacaram como empreendedoras, especialmente nas cozinhas domésticas e pequenos negócios.
Diogo Bercito é Jornalista da Folha de S. Paulo, especialista em Oriente Médio, e doutorando em história na Universidade Georgetown, Bercito recorreu a fontes primárias de informação em busca de dados e casos. Jornais, revistas e registros dos imigrantes foram parte do material utilizado para escrever “Brimos à mesa”.
O autor utilizou pesquisa da Câmara de Comércio Árabe Brasileira – realizada pela H2R Insights & Trends e o antigo Ibope Inteligência -, uma delas que estima em 12 milhões os descendentes árabes no Brasil. Cita, ainda, outro dado do levantamento que mostra que 72% dos respondentes disseram que mantinham sua conexão com a terra natal por meio da comida.
Alguns dos ingredientes de “Brimos à mesa” são os números, relatos, pratos típicos, recordações e os restaurantes. E, claro, as receitas: os interessados em preparar alguns dos pratos típicos podem conferir, ao final da leitura, o modo de preparo de tabule, quibe cru e charutinho de chuva, entre outras receitas que caíram no gosto do Brasil.
Sobre o livro
Autor: Diogo Bercito, repórter com experiência como correspondente em Jerusalém e Madri, mestre em estudos árabes e doutorando em Georgetown .
Tema: Após se aprofundar na imigração sírio-libanesa em seu livro anterior, agora Bercito explora as influências da culinária árabe no Brasil — desde temperos e pratos até tradições alimentares que moldaram nossa cultura.
Abordagem: O livro mergulha no conceito de foodways — estudos que combinam antropologia, história e sociologia da alimentação — narrando como receitas como esfiha, quibe, charuto de uva, coalhada e fatouche foram adaptadas no Brasil .
Conteúdo: Mescla pesquisa histórica e entrevistas para contar histórias sobre restaurantes emblemáticos (Almanara, Habib’s, Folha de Uva etc.), com anedotas e receitas para você cozinhar em casa .
📚 Onde encontrar
Fósforo Editora – Edição impressa publicada por R$ 99,90; atualmente está indisponível, mas você pode se cadastrar para ser avisado quando houver reposição .
Amazon (Kindle) – Edição digital (eBook) disponível por R$ 99,90, com 4,5 ★ em cerca de 90 avaliações .
🧭 Por que vale a pena?
É uma leitura deliciosa e informativa, que instiga tanto o paladar quanto a curiosidade cultural.
Ideal para quem ama culinária, história da imigração e quer saber mais sobre as raízes árabes no Brasil.
Serviço:
Livro Brimos à mesa: histórias da culinária árabe no Brasil
Autor Diogo Bercito
288 páginas
Preços: R$ 99,90 (e-book R$ 69,90)


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