BOIEIRAS TEM RECONHECIMENTO NACIONAL
Um dos principais atrativos de Belém é, sem dúvida, sua culinária diferenciada e ao mesmo tempo versátil. E boa parte dessa tradição é alimentada pela herança culinária das boieiras, mulheres que servem, no mercado Ver-o-Peso, pratos regionais — ou a boia, que deu origem ao nome.
Para quem cresceu nessa atmosfera, cozinhar é mais do que simplesmente oferecer uma refeição, é algo nato que atravessa gerações servindo afeto.
As boieiras são mulheres que, historicamente, foram responsáveis por preparar e servir alimentos em grandes cozinhas comunitárias, principalmente em contextos rurais, religiosos ou festivos. No Brasil, especialmente no Nordeste e em comunidades quilombolas e ribeirinhas, o termo “boieira” é utilizado para se referir a essas mulheres cozinheiras que fazem a “boia” — comida cotidiana — para lavradores, marisqueiras, pescadores, devotos, romeiros ou participantes de mutirões e festas populares.
Características principais:
Trabalho coletivo e comunitário: As boieiras geralmente cozinham em grandes quantidades, com panelões e fogões a lenha, para muitas pessoas ao mesmo tempo.
Saberes ancestrais e populares: São detentoras de um saber culinário transmitido oralmente por gerações, ligado ao território, às sazonalidades e às plantas tradicionais da região.
Papel central em celebrações e mutirões: Alimentam festas religiosas (como as de santos padroeiros), celebrações afro-indígenas, jornadas de trabalho coletivo e rituais diversos.
Reconhecimento simbólico e afetivo: Embora historicamente invisibilizadas, muitas boieiras vêm sendo reconhecidas como mestras da culinária tradicional.
Reconhecimento nacional:
O recente reconhecimento nacional às boieiras se dá em meio a um movimento de valorização da culinária de matriz popular, ligada à ancestralidade afro-indígena e camponesa. Esse reconhecimento pode vir por meio de:
Políticas públicas de patrimônio imaterial.
Participação em eventos culturais e gastronômicos.
Projetos de memória e salvaguarda alimentar.
Premiações e homenagens em instituições culturais.
Elas são mais do que cozinheiras: são guardadoras de tempo, território e tradição. Reconhecer as boieiras é reconhecer uma culinária viva, de base comunitária, onde o alimento nutre o corpo e o vínculo social.
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