đŸ”„BEIJU É RECONHECIDO COMO PATRIMÔNIO IMATERIAL DE IRARÁ, TERRA DE TOM ZÉ

O tradicional beiju de mandioca, iguaria ancestral das cozinhas indĂ­genas e afro-brasileiras, foi oficialmente reconhecido como patrimĂŽnio imaterial do municĂ­pio de IrarĂĄ, no sertĂŁo baiano. 

O reconhecimento do Beiju como patrimÎnio imaterial representa a consagração de uma década de dedicação à preservação da memória, dos sabores e das pråticas culturais que moldam a identidade do povo iraraense. A aprovação do projeto reafirma a importùncia dos saberes populares e do protagonismo das comunidades rurais na construção do presente e do futuro do município.

A cidade, tambĂ©m conhecida por ser o berço do mĂșsico Tom ZĂ©, reafirma com esse gesto seu compromisso com a preservação dos saberes populares e da culinĂĄria tradicional.

IrarĂĄ viveu um momento histĂłrico na segunda-feira, 17 de junho de 2025. Em uma sessĂŁo marcada por emoção e unanimidade, a CĂąmara Municipal aprovou o projeto de lei que reconhece oficialmente o Beiju como PatrimĂŽnio Imaterial do MunicĂ­pio. A proposta, de autoria do vereador Joelson Dantas, recebeu o apoio decisivo do presidente da Casa, vereador JarrĂŁo, e dos demais parlamentares, com destaque para a vereadora Jacilene, representante das comunidades de Quebra Fogo e adjacĂȘncias.

Mais do que um evento culinario, o festival Ă© espaço de resistĂȘncia cultural e artĂ­stica, com apresentaçÔes de cordel, mĂșsica, fotografia, poesia e valorização da agricultura familiar.

Produzido artesanalmente hĂĄ geraçÔes por mulheres de comunidades rurais da regiĂŁo, o beiju representa mais do que um alimento: Ă© sĂ­mbolo de resistĂȘncia cultural, memĂłria coletiva e vĂ­nculo com a terra. Feito a partir da goma da mandioca, o preparo envolve tĂ©cnicas passadas oralmente entre avĂłs, mĂŁes e filhas, que mantĂȘm viva uma prĂĄtica alimentar anterior Ă  colonização europeia.

O reconhecimento como patrimĂŽnio imaterial fortalece polĂ­ticas pĂșblicas de valorização da cultura alimentar e pode abrir caminhos para o fomento Ă  economia local, Ă  educação patrimonial e Ă  segurança alimentar.

“É um alimento que carrega o tempo e o territĂłrio em sua textura fina, crocante e delicada. Reconhecer o beiju Ă© reconhecer nossas raĂ­zes mais profundas”, afirmou uma das mestras da regiĂŁo.

Irarå, terra de tradição, poesia e ritmos experimentais, agora também celebra o beiju como expressão de sua identidade plural e originåria.

Numa entrevista ao programa "ProvocaçÔes" (TV Cultura), Tom Zé descreve com humor e carinho a vida em Irarå, incluindo as comidas simples que moldaram sua infùncia: "O beiju com café era uma iguaria sagrada", chegou a dizer em um depoimento. Ele também relata que os ritmos e movimentos da vida cotidiana no sertão, como o ato de ralar mandioca ou torrar o beiju no forno de barro, influenciaram seu senso musical e rítmico.

AlĂ©m disso, em entrevistas como as concedidas a jornais como O Globo, Folha de S.Paulo e documentĂĄrios sobre sua vida, ele cita a mandioca como sĂ­mbolo da inventividade popular brasileira — e chegou a brincar dizendo que “o Brasil devia se orgulhar mais do que sai do pilĂŁo e da prensa do que do que sai das fĂĄbricas”.

Tom ZĂ© costuma aproximar o beiju da ideia de uma "tecnologia popular", como uma metĂĄfora para o que ele chama de “engenhosidade brasileira”. Ou seja, o beiju nĂŁo Ă© sĂł comida: Ă© arte, Ă© resistĂȘncia, Ă© ritmo — como sua mĂșsica.

O beiju Ă© o carro-chefe do municĂ­pio de IrarĂĄ. No local, muitas mulheres sustentam as famĂ­lias vendendo a iguaria. Mas as mulheres que participam das cooperativas para incrementar o negĂłcio nĂŁo tinham representatividade e acabavam vendendo os produtos em meio aos tantos trabalhos comercializados durante a Feira da Mandioca, evento ligado aos agricultores de um modo geral. 

BEIJUZEIRAS DE IRARÁ

Beijuzeira de Irarå mantém a tradição do beiju passada entre geraçÔes

“Essa Ă© a nossa comida da refeição, do nosso dia a dia. A gente foi criada com isso, a gente conhece. É da gente, Ă© da roça”-Nalva do Beiju

Muitas mulheres sustentam suas famĂ­lias com o beiju”, destaca Nalva do Beiju

E relembra como o festival acabou sendo uma grande referĂȘncia para projetar a cultura do beiju, entranhada nos costumes do seu povo e fruto da terra. 

“Em 2015 a gente viu a necessidade de valorizar mais o beiju, a mulher que faz o beiju, porque jĂĄ tinha a Feira da Mandioca, mas nĂŁo representava muito a mulher. Representava os agricultores, homens e mulheres, mas nĂŁo tinha o foco no beiju, uma iguaria importante tambĂ©m. AĂ­ a gente fez o Festival Cultural como um intercĂąmbio tambĂ©m entre cidades, entre mulheres que produzem beiju em vĂĄrias cidades da Bahia.

“Essa Ă© a nossa comida da refeição, do nosso dia a dia. A gente foi criada com isso, a gente conhece. O ora-pro-nĂłbis, folha que Ă© riquĂ­ssima, o bredo, o maturi, que Ă© a castanha verde, a galinha caipira, de quintal, a gente vai misturando com o beiju, Ă© da gente, Ă© da roça. NĂŁo tem quĂ­mica, a gente deve usar nossas coisas, da nossa regiĂŁo, fomos criados com isso”, diz, consciente do valor da iguaria. 


Fontes:

https://atarde.com.br/colunistas/historiasesabores/beijuzeira-de-irara-mantem-a-tradicao-do-beiju-passada-entre-geracoes-1214380?_=amp


https://canalin.com.br/2025/06/20/beiju-e-reconhecido-como-patrimonio-imaterial-do-municipio-de-irara/


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