O naturalista pioneiro que saiu na defesa das florestas

Organizado por Ermelinda Moutinho Pataca e Fernando José Luna, lançado pela Edusp, leva o leitor a conhecer as reflexões e o trabalho do mineiro de São João del-Rei, que nasceu em 1742.

Frei José Mariano da Conceição Veloso (1742-1811) foi um sacerdote, professor, missionário, botânico e naturalista mineiro.

O naturalista era filho de José Veloso da Câmara e Rita de Jesus Xavier e primo de Joaquim José da Silva Xavier, conhecido como Tiradentes.



Em 1761, se tornou franciscano no Convento de São Boaventura, em Macacu, tendo sido ordenado no Convento de Santo Antônio, no Rio de Janeiro, onde estudou Filosofia e Teologia. Foi nomeado pregador em 1768 e, em 1771, já ministrava Geometria no convento de São Paulo.

Transformou seu claustro em um museu herbário, cultivando sua dedicação aos estudos botânicos. Lente de Retórica no convento de São Paulo e lecionando História Natural no convento de Santo Antônio, em 1790 foi a Lisboa, quando começou a classificar espécies da flora e fauna, enquanto trabalhava no Real Museu e Jardim da Ajuda e na Academia Real das Ciências de Lisboa.

Incentivado pelo vice-rei, Luiz de Vasconcelos , Vellozo passou 25 anos estudando e coletando a flora brasileira.

Em 1790 viajou para Lisboa , com o intuito de publicar a sua obra, com descrições de 1640 espécies e 1700 ilustrações, criadas por Frei Francisco Solano e António Álvares.


Eugenia Tomentosa( cabeludinha) Gravura de Frei Veloso

Em 1792, o governo português aprovou a publicação e enviou as ilustrações a Veneza para serem gravadas.

Quando 554 placas foram concluídas os franceses invadiram Portugal, e o governo português se mudou para o Brasil, Vellozo retornando ao mosteiro no Rio de Janeiro , onde morreu em 1811, tendo deixado seus manuscritos para a Biblioteca Real.

Mais tarde foram descobertos por Frei António de Arrábida, e o imperador Pedro I ordenou que a obra fosse publicada.


Entre 1799 a 1801, tornou-se diretor da Oficina Typographia Chalcographica, Typoplastica, e Litteraria do Arco do Cego, em Lisboa, onde terá escrito a sua célebre obra Flora Fluminensis

A obra nasceu de expedições botânicas que realizou pelo Rio de Janeiro, entre 1782 e 1790, percorrendo a Serra do Mar, em direção a Santos, passando pela Ilha Grande e por Paraty, chegando até a Serra de Paranapiacaba.


Devido a notoriedade da obra Flora Fluminensis, Saint-Hilaire o homenageou ao classificar as canelas d’ema, da família das velosiáceas, por considera-lo um grande botânico brasileiro e que era, para nosso espanto, primo-irmão de Tiradentes.

Regressou ao Brasil em 1808, residindo no Rio de Janeiro à época da chegada da família real portuguesa ao Brasil.

Veloso morreu de hidropisia, na noite de 13 para 14 de julho de 1811, no convento de Santo Antônio, no Rio de Janeiro.

A biblioteca pessoal de José Mariano da Conceição Veloso, com manuscritos e documentos, foi graciosamente cedida à Real Biblioteca do Rio de Janeiro, mais tarde rebatizada como Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.

Recado ao rei dom João VI

“Mas eu, Senhor, que nasci no Brasil, e que nele estive mais de 40 anos, que vi e pisei três das suas mais notáveis capitanias, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e o governo do Espírito Santo, não posso ser insensível à acertada resolução de Vossa Alteza, quando promove a conservação das brasílicas matas: portanto devo pôr na presença de Vossa Alteza as reflexões a que me obrigam as minhas viagens botânicas.”

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