đ„UNIVERSIDADE NORTE-AMERICANA OFERECE CURSO QUE DEBATE RAĂA, OPRESSĂO E “COMIDA NEGRA”; ESPECIALISTAS CRITICAM FOCO IDEOLĂGICO — E TEMA ECOA DEBATES NO BRASIL
O seminĂĄrio de escrita crĂtica previsto para o outono na Universidade da PensilvĂąnia (EUA) vem chamando atenção ao propor que estudantes investiguem como o racismo estrutura os movimentos contemporĂąneos de justiça alimentar, gerando desafios “injustos” para o que denomina “comida negra”.
Intitulado Black Food Matters, o curso buscarĂĄ desenvolver habilidades de leitura e escrita dos alunos a partir de reflexĂ”es sobre a intersecção entre raça, desigualdade e alimentação, analisando argumentos, evidĂȘncias e formas de compartilhamento de conhecimento com diferentes pĂșblicos.
A proposta, no entanto, gerou polĂȘmica. Adam Kissel, pesquisador visitante no Centro de PolĂtica Educacional da conservadora Heritage Foundation, criticou a iniciativa e classificou disciplinas como essa como parte de uma “deseducação” nas universidades de elite americanas. Para ele, cursos que mesclam cultura pop e ideologia prejudicam a formação acadĂȘmica e podem ser malvistos por empregadores.
“Os contratantes vĂŁo começar a valorizar graduaçÔes mais consistentes, baseadas em educação clĂĄssica, em vez de diplomas de instituiçÔes renomadas que perderam qualidade”, argumentou Kissel, autor do livro Slacking: A Guide to Ivy League Miseducation.
No programa da disciplina, constam leituras de Black Food Matters: Racial Justice in the Wake of Food Justice, obra que analisa as violĂȘncias simbĂłlicas e materiais sofridas por comunidades negras em relação ao sistema alimentar, frequentemente moldado a partir de uma perspectiva branca. Organizado por Hanna Garth (Universidade de Princeton) e AshantĂ© Reese (Universidade do Texas), o livro sustenta que a distribuição desigual de recursos prejudica consumidores negros e desafia atĂ© mesmo as noçÔes tradicionais de “comida saudĂĄvel”.
A universidade nĂŁo comentou oficialmente as crĂticas.
Reflexos no Brasil
Embora o tema seja pautado nos Estados Unidos, estudiosos brasileiros apontam que a discussĂŁo encontra eco no paĂs. Estruturas de racismo alimentar se repetem em favelas, quilombos e periferias, onde populaçÔes negras historicamente enfrentam barreiras de acesso a alimentos frescos e saudĂĄveis — realidade aprofundada por desigualdades socioeconĂŽmicas e urbanĂsticas.
Especialistas ressaltam que pensar a “comida negra” no Brasil passa nĂŁo apenas pela preservação de tradiçÔes culinĂĄrias, mas tambĂ©m pelo enfrentamento de polĂticas de exclusĂŁo e da precarização do acesso a territĂłrios e recursos.
Cursos como o oferecido na Universidade da PensilvĂąnia, portanto, podem inspirar debates semelhantes no meio acadĂȘmico brasileiro, ainda que dividam opiniĂ”es sobre sua abordagem.
https://www.thecollegefix.com/upenn-class-to-explore-violence-threatening-future-of-black-food-culture/


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