NOVO LIVRO EXPLORA A CULINÁRIA INDÍGENA POR MEIO DA ARQUEOLOGIA, CULTURA E ECOLOGIA
Por Isabella Figueroa
Em um novo livro, arqueólogos que estudam sociedades antigas dos Grandes Lagos e do Centro-Oeste concordam que "você é o que você come", mas dizem que há muito mais do que isso.
É também a forma como comemos: as maneiras como “preparamos, cozinhamos e consumimos” esses alimentos são influenciadas por nossa história, família e ambiente natural.
E tudo isso faz parte da “culinária”, escrevem os editores do livro na introdução de “Ancient Indigenous Cuisines: Archaeological Explorations of the Midcontinent” (University of Alabama Press, US$ 39,95).
Os ensaios do livro usam o conceito de culinária para ir além dos ingredientes ao estudar tradições alimentares milenares em regiões que hoje compõem Michigan, Indiana, Illinois, Wisconsin e outros estados.
O livro foi escrito por e para arqueólogos profissionais e estudantes, mas pode interessar a qualquer pessoa curiosa sobre a cultura alimentar indígena. A ideia do livro surgiu em um simpósio da Conferência Arqueológica do Centro-Oeste, disse Jodie O'Gorman, professora associada emérita de Antropologia na Universidade Estadual de Michigan.
“O livro surgiu de uma maneira que cada um fazia suas coisas separadamente, reunindo as pessoas na conferência”, disse O'Gorman, um dos editores do livro.
Eles esperam que o livro seja um recurso para outros arqueólogos que queiram fazer pesquisas semelhantes e que possa ajudar a facilitar a colaboração com os nativos americanos.
"Quer dizer, quem não se interessa por comida, certo? Podemos nos interessar por diferentes motivos. Acho que talvez seja mais fácil colaborar em um tópico como este", disse O'Gorman.
Um alimento explorado no livro é o manoomin, mais comumente conhecido como arroz selvagem.
O livro destaca sua importância para os grupos Anishinaabe, descrevendo-o como um alimento sagrado com importantes implicações culturais e ecológicas. A obra explora o papel do arroz selvagem na culinária indígena, seus habitats e sua profunda conexão com a identidade indígena na região dos Grandes Lagos, afirmou Susan Kooiman, professora assistente de antropologia na Southern Illinois University.
“Estamos tentando descobrir quando o arroz selvagem apareceu pela primeira vez naturalmente na região, bem como quando as pessoas realmente começaram a considerá-lo um recurso importante”, disse Kooiman, um dos editores do livro. “O manoomin é extremamente importante para certas identidades e culinárias Anishinaabe.”
Autumn Painter, editora de um novo livro sobre a culinária indígena antiga. (Cortesia de Autumn Painter)
Como o arroz selvagem é uma planta aquática, o livro explora como os cursos de água influenciam os sistemas alimentares, disse Autumn Painter, editora do livro e arqueóloga.
As hidrovias são fontes de alimentos e um importante meio de transporte, disse Painter.
“É assim que você se locomove e chega a esses outros grupos, obtém outros recursos, faz negócios, faz alianças e obtém novos recursos”, disse ela.
Kooiman disse que o livro parece ter surgido em um "momento perfeito", juntamente com o crescente interesse público pela culinária indígena. Por exemplo, o restaurante Owamni, premiado com o James Beard, em Minneapolis, concentra-se em comidas indígenas descolonizadas.
Ancient Indigenous Cuisines: Archaeological Explorations of the Midcontinent, editado por Susan M. Kooiman, Jodie A. O’Gorman e Autumn M. Painter — foi publicado recentemente pela University of Arizona Press.
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