REPRESENTANTES DA ORGANIZAÇÃO BOSQUES DEL MUNDO ESTIVERAM NO CEPPEC, EM NIOAQUE (MS), E NA SEDE DA ECOA, EM CAMPO GRANDE (MS), PARA ALINHAR OS PRÓXIMOS PASSOS DO PROJETO QUE BUSCA ABRIR AS PORTAS PARA A ENTRADA DO BARU NA DINAMARCA. 🌿

A iniciativa visa fortalecer a cadeia do baru, com foco em produção sustentável, geração de renda para famílias extrativistas e abertura de novos mercados internacionais.

A visita técnica teve como principal ponto de encontro a sede do Ceppec (Centro de Produção Pesquisa e Capacitação do Cerrado), em Nioaque (MS), parceiro comercial do projeto. Também foram realizadas reuniões estratégicas com a equipe da Ecoa, em Campo Grande. Participaram da missão Jancarla Ribera (representante do escritório sul-americano do BdM), Maria Elena Burgos (assessora financeira e administrativa), Javier Bejarano (assessor florestal) e Erwin Pardo (assessor em monitoramento florestal).

Um novo modelo de parceria

A presidenta da Ecoa e coordenadora do projeto, Nathalia Ziolkowski, destaca o caráter inovador dessa experiência:

“O Ceppec, que historicamente é um beneficiário das nossas propostas, nessa iniciativa passa a ser parceiro comercial direto dentro do projeto junto com a empresa da Dinamarca, e com isso passa a assumir novas responsabilidades que refletem seu desenvolvimento e suas capacidades”.

Nathalia Eberhardt Ziolkowski, presidenta da Ecoa

De acordo com Nathalia, o novo formato proposto busca fortalecer a estrutura produtiva e institucional do Ceppec para fazer a castanha de baru ascender ao novo mercado que se pretende estabelecer na Europa a partir da Dinamarca.

Ceppec: agroextrativismo sustentável e raiz comunitária

Além disso, a proposta do Ceppec se diferencia por ser livre de venenos e pautada pela alimentação saudável, conectando a conservação ambiental com a promoção da saúde coletiva.

Rosana Sampaio, uma das fundadoras do Ceppec, explica que na associação as decisões são tomadas ouvindo as famílias, articulando, mobilizando, explicando e envolvendo:

“A gente sempre teve muito cuidado em como conduzir essa forma de trabalho, porque a gente quer construir um modelo onde tudo isso que a gente sonha possa se concretizar”.

Ciência cidadã: tecnologia e saber local na conservação

Outro pilar do projeto é o uso da ciência cidadã como ferramenta de monitoramento e envolvimento comunitário. Com o uso de celulares e plataformas digitais – manuseadas pelas próprias pessoas que coletam – será possível obter dados georreferenciados sobre floração e frutificação do baru, áreas reflorestadas, desmatamento, queimadas e até erosões.

“A proposta é envolver as pessoas nas tomadas de decisões”, afirma Erwin Pardo, assessor em monitoramento florestal da BdM. Como? Mostrando que as comunidades também produzem ciência e dados relevantes para políticas públicas que ajudem a proteger seus territórios.

A ciência cidadã também ajuda a mensurar impactos positivos do projeto, como aumento do sequestro de carbono, manutenção e recuperação de corpos hídricos, preservação de fauna e resiliência climática.

Saberes e afetos da terra

Em paralelo às atividades técnicas, a visita possibilitou trocas culturais ricas. A convite de Maria José, colaboradora do Ceppec, o grupo participou de uma festa junina, com reza de terço, paçoca de baru, fogueira e pratos típicos, aproximando ainda mais os visitantes bolivianos das famílias locais.

Outro ponto alto da imersão foi a visita ao lote de Eliane Sanches, vice-presidenta do Ceppec. Lá, o grupo pôde conhecer de perto os pés de baru e café cultivados por ela na área de 19 hectares, além do espaço onde quebra os frutos com o marido.

“Eu e meu esposo pegando um baru bom, assim não muito pequeno, a gente consegue tirar 10 quilos de baru em um dia”

Eliane Sanches – Vice-presidenta do Ceppec

Com uma verdadeira aula de quebra de baru Eliane mostrou como conservação da biodiversidade e geração de renda se conectam: segundo ela, na época da colheita, a renda extra da família com a venda da castanha do Cerrado chega a R$ 2 mil. 

Reconhecido por sua atuação há duas décadas na região de Nioaque, o Ceppec mobiliza famílias de extrativistas que coletam, beneficiam e armazenam o baru com práticas sustentáveis.

O baru do Ceppec é um produto que apoia o ambiente. O agroextrativismo sustentável praticado pelos colaboradores e pelas colaboradoras da associação seguem critérios como não bater no pé de baru para derrubar frutos e deixar ao menos 30% no chão para alimentação da fauna silvestre. Trata-se de uma proposta que não se orienta pela lógica da oferta e demanda do mercado convencional, mas pela oferta da natureza e pelo respeito a seu tempo e equilíbrio.

A proposta conta com a parceria técnica da Ecoa e da Bosques del Mundo, com um ambicioso e necessário objetivo: fortalecer a produção e organização comunitária em torno da castanha de baru, preparando os elos locais da cadeia para atender critérios de exportação, rastreabilidade, certificação orgânica e sustentabilidade socioambiental – ao mesmo tempo em que se articula, do lado europeu, a abertura de mercado e o reconhecimento do baru como novo alimento.

A iniciativa marca uma nova etapa no fortalecimento da cadeia socioprodutiva do baru, um produto que ajuda a conservar o Cerrado aliando práticas sustentáveis de produção e geração de renda para famílias agroextrativistas. 💚

Com o Ceppec atuando como parceiro comercial direto, o projeto busca estruturar a produção local para atender critérios de certificação orgânica, rastreabilidade e sustentabilidade socioambiental. 🤝

📱A proposta também integra ações de ciência cidadã, envolvendo as próprias comunidades na geração de dados sobre conservação. A Ecoa participa como parceira técnica do projeto, junto à Bosques del Mundo - @verdensskove e à empresa dinamarquesa @noddebazaren.

https://ecoa.org.br/castanha-do-cerrado-rumo-a-dinamarca-cooperacao-internacional-impulsiona-projeto-com-familias-produtoras-de-baru-no-ceppec/

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