Comunidade Quilombola Muquém, herdeiros de Palmares abriga Museu dedicado a cerâmica
Única comunidade remanescente do Quilombo de Palmares, em Alagoas, Muquém é patrimônio da memória afro-indígena do Brasil.
O barro é a fonte de renda de ceramistas que contam a história de um povo com as mãos.
Os cabelos grisalhos são testemunhas da história que Irinéia Rosa Nunes molda com as mãos desde muito jovem. Moradora de Muquém, em Alagoas, única comunidade remanescente do Quilombo dos Palmares no país, a artesã, com 74 anos, tem uma história que se entrelaça com o lugar onde viveram e ainda vivem outras mulheres fundamentais para a identidade cultural do Estado. Nomes como Maria das Dores e Marinalva Bezerra, que morreu no final de janeiro, tornando Irinéia a única ceramista patrimônio vivo em atividade na comunidade de Muquém, quilombola que fica aos pés das Serra da Barriga, terra onde foi erguido o Quilombo dos Palmares.
Quem vai visitar o Parque Memorial Quilombo dos Palmares, aproveita para conhecer a comunidade, que, desde 2005, ganhou o reconhedimento da Fundação Cultural Palmares como única remanescente direta do Quilombo de resistência instalado por escravizados fugitivos, no alto da Serra da Barriga. As terras de Muquém, no sopé da Serra, foram ocupadas há mais de dois séculos e conquistaram fama por causa do artesanato simples, de traços primitivos, produzido no local.
“Os mais antigos contavam que sobreviventes do Quilombo desceram a Serra e se amuquenharam por essas bandas daqui”, conta Maria das Dores, de 70 anos, para explicar a origem do nome da comunidade. Ela também é uma das ceramistas que atuam em Muquém, mesmo com algumas dificuldades inerentes ao avanço da idade. No terraço de casa, ficam armazenadas peças de argila como panelas diversas. Além de artesã, ela também trabalha com a criação de gado. No dia da visita da reportagem, estava com o braço machucado devido a uma queda causada por um garrote (boi de menor porte). Das Dores puxa pela memória para falar sobre a infância, quando tomava banho no Rio Mundaú, que fica no pé da Serra da Barriga e que, ao longo da história, teve papel fundamental para os moradores da região.
“Mundaú" é uma palavra Tupi que significa "água de ladrão" (junção de “mondá” - "roubar", e ‘Y - "água". O rio de tem a sua nascente em Garanhuns, no agreste pernambucano, e desemboca em Alagoas. É numa área às margens das águas onde as artesãs encontram a matéria prima para produzir suas peças de barro.
"As ceramistas de Muquém são um grande atrativo turístico para União dos Palmares. Hoje, muitas pessoas procuram o turismo de vivência e contato com os costumes e saberes dos lugares. E a União dos Palmares é muito rico para quem quer ter essa experiência. Pessoas do Brasil inteiro procuram pelas peças de artesanato. Galeristas, arquitetos, artistas", enumera a secretária de Turismo de União dos Palmares, Isabel Gomes.
De acordo com ela, que também é funcionária efetiva do município, a atual gestão foi responsável pela valorização do território, o que é reconhecido pela comunidade local. Isabel afirma que Muquém é o único povoado quilombola que possui escola em tempo integral e posto de saúde. Apesar dos avanços, ela reconhece que o acesso ainda é um desafio que precisa ser superado. "Já estamos trabalhando no sentido de sensibilizar a gestão sobre a necessidade de pavimentação da estrada", garantiu ela, que acredita que, até o final do ano, o projeto saia do papel.
Foi idealizado pelo professor Jairo José Campos da Costa e é ligado ao Núcleo de Pesquisa em Literatura e Artes Visuais - NUPLAV, cadastrado no CNPQ. Foi criado pela Resolução n.º 09/2016, do Conselho Superior da Universidade Estadual de Alagoas-UNEAL, publicado no Diário Oficial do Estado de 1º de julho de 2016
É cadastrado no IBRAN - Instituto Brasileiro de Museus/Plataforma de Museus do Brasil, acessada através do endereço: http://museus.cultura.gov.br/espaco/12240/ - N.º SNIIC: ES-12240.
O Espaço Museológico está sob a responsabilidade da museóloga Carmen Lúcia Tavares Almeida Dantas e tem por objetivo fomentar o ensino, a pesquisa e a extensão, através do recorte ligado à cultura popular alagoana, produzida na comunidade remanescente de quilombo Muquém. O espaço congrega artefatos em barro de todos os artistas descendentes de zumbi dos palmares, daquele território quilombola.
MISSÃO:
Realizar pesquisas no âmbito da arte popular alagoana bem como valorizar os artistas populares do barro da Comunidade Remanescente de Quilombo Muquém - União dos Palmares-AL.
ACESSO:
Possui acessibilidade para pessoas com deficiências auditivas e visuais: Texto/Etiquetas em braile com informações sobre os objetos expostos
Acessibilidade física: Banheiros adaptados; Elevador; Circuito de visitação adaptado; Telefone público adaptado; Vaga de estacionamento exclusiva para idosos; Rampa de acesso; Cadeira de rodas para uso do visitante; Corrimão nas escadas e rampas; Sanitário adaptado; Vaga de estacionamento exclusiva para deficientes
Horário de funcionamento: De terça à domingo das 7:00 às 17:00. Fecha às segundas-feiras.
URL: http://www.uneal.edu.br/museus/MuseuMuquem
Fanpage: https://www.facebook.com/MuseuMuquem/
E-mail: museumuquem@uneal.edu.br
Telefone: (82) 3281-3650
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