Zona Franca de Manaus busca interação com o movimento ESG

Na maior metrópole da Amazônia, empresas ganham suporte para avançar nas estratégias de sustentabilidade com investimentos na bioeconomia.

Em premiação inédita, evento destaca companhias do Polo Industrial de Manaus que mais aportam recursos no Programa Prioritário de Bioeconomia, com contribuição para as cadeias produtivas da floresta amazônica. Food techs estão entre as principais beneficiadas

Do hambúrguer de tucumã ao charme do caviar amazônico à base de ovas de um pescado regional – o tambaqui –, passando pela tecnologia de software para identificação de madeiras e de inovações que reduzem resíduos, novas fronteiras de negócios ganham tração na maior floresta tropical do planeta. O impulso vem de investimentos realizados com pioneirismo por empresas do mundo digital, que olham para além do mercado de celulares e computadores, de modo a se associar a uma economia baseada na biodiversidade, em um cenário de maior integração do Polo Industrial de Manaus à Amazônia.

investimento de R$ 819 mil da Samsung, foi proposta pela Sidia Instituto de Ciência e Tecnologia com potencial de suporte à produção madeireira, com menor risco de exploração ilegal e predatória. O segmento “bio” e a tecnologia de informação são duas áreas do conhecimento que se encontram em Manaus.

Na iniciativa “Elos da Amazônia”, a estratégia do PPBio é selecionar projetos inovadores que solucionem entraves das cadeias produtivas amazônicas, oferecendo às empresas investidoras um cardápio de oportunidades voltadas às diferentes etapas das cadeias produtivas da região, como já ocorreu com as do açaí, óleos vegetais e castanha-do-Brasil. A mais recente chamada de projetos abrange soluções de negócio na restauração florestal, com anúncio dos selecionados previsto para novembro.

Entre as novidades que chegam ao mercado está o “caviar” amazônico, desenvolvido a partir das ovas de peixes regionais, em especial do tambaqui. “O objetivo é valorizar o pescado amazônico, base da alimentação regional”, afirma o biólogo César Oishi, CEO da startup Amanayra.

Com investimento da Fox Conn, fabricante de peças para motocicletas na Zona Franca, a inovação passou por etapas de mentoria e modelagem do negócio, e agora se prepara para iniciar a produção comercial e avançar no mercado externo. “Vamos explorar a ‘amazonidade’ do produto, destinado principalmente à finalização de pratos de alta gastronomia e restaurantes de culinária oriental”, revela o novo empresário.

Além de aumentar a renda dos produtores, a inovação transforma em produto nobre os resíduos orgânicos descartados no ambiente. Cerca de 70 toneladas mensais de resíduos de tambaqui são geradas por frigoríficos e supermercados de Manaus, sem contar o volume das feiras livres. Do total descartado, entre 15% e 20% referem-se a ovas de peixes. “Do pirarucu à piranha, pesquisamos 18 espécies nativas e identificamos as ovas do tambaqui como de maior potencial, devido à escala da piscicultura e rastreabilidade da matéria-prima”, conta Oishi.

Os demais do mercado têm origem em espécies de fora. “A ideia surgiu há três anos em conversas entre amigos, mestres e doutores, após pesquisas sobre a piscicultura da Amazônia”, conta o biólogo. O plano inicial é produzir 100 quilos mensais a partir de janeiro, após obter o selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF), necessário à comercialização.

Instalada atualmente na incubadora InBiota Biotech da Amazônia, em Manaus, a startup fatura atualmente com a produção de chips de peixe e snacks proteicos de pirarucu, voltados ao mercado fit e controle de peso, como alternativa às barras doces de proteína. Na visão de Oishi, a oportunidade de inovar e evoluir para o “caviar”, por meio do PPBio, pode inspirar e servir de incentivo a outros empreendedores da Amazônia no desafio de ter visibilidade para acesso a novos recursos financeiros.

Segundo ele, ao agregar valor e diminuir resíduos, o negócio ajuda a conservar a floresta em pé e o peixe nos rios. “O projeto pode trazer mais incentivos à piscicultura amazônica e mudar a mentalidade do consumidor sobre a qualidade e benefícios do peixe produzido em cativeiro, com menor dependência de produtos importados de outros estados”, enfatiza.


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Sobre o PPBio


O Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio) foi idealizado pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e coordenado pelo IDESAM com o intuito de captar recursos de investimentos obrigatórios em P&D (Lei de Informática) para geração de novos produtos, serviços e negócios para a Bioeconomia Amazônica. Nesse cenário, além de contribuir para soluções ao desenvolvimento sustentável da Amazônia, o programa fornece apoio estratégico à agenda ESG das empresas do Polo Industrial de Manaus. 


Carlos Koury - Diretor de inovação em bioeconomia do Idesam/PPBIO 
Divulgação IDESAM

A iniciativa integra os seguintes eixos temáticos: 1) Prospecção de princípios ativos e novos materiais a partir da biodiversidade amazônica; 2) Biologia sintética engenharia metabólica, nano biotecnologia, biomimética e bioinformática; 3) Processos, produtos e serviços destinados aos diversos setores da bioeconomia; 4) Tecnologias de suporte aos sistemas produtivos regionais ambientalmente saudáveis; 5) Tecnologias de biorremediação, tratamento e reaproveitamento de resíduos; 6) Negócios de impacto social e ambiental.

Fonte: PPBIO

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