Os viticultores e produtores de vinho fino, vinho nobre, espumante natural e vinho moscatel espumante agora são de uma região conhecida internacionalmente
O Vale do São Francisco obteve a primeira Indicação Geográfica de Vinhos Tropicais do mundo concedida pelo INPI. Foto: Divulgação Vinhovasf Os produtores de vinhos do Vale do São Francisco estão comemorando a realização de um velho sonho. A primeira Indicação Geográfica de Vinhos Tropicais do mundo concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI). A indicação vai beneficiar viticultores e produtores de vinho fino, vinho nobre, espumante natural e vinho moscatel espumante, elaborados pelas vinícolas da região conhecida internacionalmente por se feita no chamado Paralelo 8. Com isso as empresas Adega Bianchetti Tedesco (Bianchetti), Vinum Sancti Benedictus (VSB), Terranova (Miolo), Terroir do São Francisco (Garziera), Vinícola do Vale do São Francisco (Botticelli) Mandacarú (Cereus jamacaru), e as vitivinícolas Quintas de São Braz (São Braz) e Santa Maria/Global Wines (Rio Sol), todas na região do Vale do São Francisco. Essa é uma demanda histórica do Instituto do Vinho do Vale do São Francisco (Vinhovasf), em parceria com a Associação dos Produtores e Exportadores de Hortigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco (Valexport), Embrapa Semiárido e a Embrapa Uva e Vinho. A Indicação (IG) obedece aos mesmos requisitos utilizados pela União Europeia e abrange os municípios de Lagoa Grande, Petrolina e Santa Maria da Boa Vista, em Pernambuco; e Casa Nova e Curaçá, na Bahia. E para ser reconhecida foi necessário um trabalho de caracterização da região, necessário para enquadrar o cultivo e produção de vinho como uma IG – envolveu mais de 40 profissionais entre pesquisadores, professores, técnicos e estudantes. Eles trabalharam em conjunto para entender o funcionamento da vitivinicultura na região tropical e no aprimoramento da produção e qualidade dos vinhos. Essa conquista tem a ver com o trabalho de um dos pioneiros na própria implantação da cultura da uva no Vale do São Francisco, o empresário José Gualberto de Almeida que chegou Petrolina para liderar um projeto da empresa metalúrgica Persico Pizzamiglio, cujo proprietário o italiano, Franco Pérsico conheceu a região como fornecedor de tubos galvanizados para os projetos iniciais de irrigação por aspersão da Codevasf e decidiu investir na região com ajuda do Sistema de Incentivos Fiscais da Sudene. Gualberto junto com outros pioneiros vivenciaram o sonho de além de uva e manga produzir vinho e espumante atraindo a Global Wines que criou a marca Rio Sol ajudando a internacionalizar a produção. José Gualberto de Almeida, hoje presidente do Vinhovasf e da Valexport, já foi secretário de Agricultura de Pernambuco e prefeito de Santa Maria da Boa Vista ressaltou que a utilização do selo da IG nos produtos do Vale, além de representar um reconhecimento nacional e internacional. Ele acredita que a ID vai estabelecer um novo tempo para a única região no mundo a produzir três colheitas por ano e a elaborar vinhos de janeiro a dezembro. "Um vinho jovem, leve, frutado e aromático feito com sol, aroma e alegria para beber todos os dias", ressaltou. Gualberto acrescentou ainda, que os trabalhos em busca de um vinho original começaram em 2002, após a conquista da IG pelo Vale dos Vinhedos do Rio Grande do Sul. José Galberto de Almeida foi um dos que mais trablharam para a consquista da Indicação Geográfica."Mas o Polo Vitivinícola do Vale do São Francisco, começou bem antes, no início da década de 1970, a partir do trabalho pioneiro de produtores como Franco Pérsico, Mamoro Yamamoto e Molina" começaram a plantar uva para vinho. "Agora, temos uma ferramenta para reforçar a qualidade do produto local e incentivar seu consumo, o que pode aumentar a produção e os investimentos no Vale do São do Francisco", comemorou. Geograficamente o Vale do São Francisco apresenta altitude de 400 metros, clima semiárido, solos ricos em minerais e pobres de matéria orgânica, 3.100 horas de sol ao ano e ausência de inverno e irrigação controlada com a água do Rio São Francisco. A região produz anualmente 7 milhões de litros de vinhos finos que conquistam novos mercados no Brasil e no exterior, além de premiações em concursos nacionais e internacionais a exemplo da Grande Prova Vinhos do Brasil e do Concurso Mundial de Bruxelas.
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