Como é a comida do Pantanal?
Composta pela influência de diversos povos, essa culinária tem a presença do churrasco, da pesca e da roda do tereré, um ritual acolhedor e que consolida as relações sociais.
Você conhece todas as culinárias que compõem o nosso país? A mistura de culturas e a criação de receitas que foram transmitidas de geração em geração mantêm tradições importantes para a identidade de um povo, para a economia e até mesmo para o turismo. É o caso da comida pantaneira tão apreciada pelos nativos da região Centro-Oeste quanto por quem visita o Pantanal.
Entenda melhor nesse conteúdo tudo que construiu essa identidade da comida pantaneira.
O que é o Pantanal?
O Pantanal é um bioma localizado entre a Bolívia, o Brasil e o Paraguai. A parte brasileira fica entre os estados do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, na região Centro-Oeste.
O Pantanal possui cerca de 175 rios e é dividido em diversos pantanais de acordo com seus ecossistemas. É também a maior planície de inundação do mundo, com cerca de 250 mil km² de extensão, equivalente a 35 milhões de campos de futebol.
Grande parte do território do Pantanal é constituído de terras arenosas e o regime das águas é o que define o movimento da vida.
Os animais, principalmente o gado que não consegue transpor barreiras como cercas e rios profundos, são conduzidos para as partes mais altas do Pantanal para que possam sobreviver às enchentes. Dessa forma são transportados em comitivas, cuja função é a de transportar o boi por onde não passa o caminhão.
Qual é a história do Pantanal?
O Brasil era todo território indígena quando os portugueses chegaram e foram eles que iniciaram a história da ocupação humana no Pantanal onde viveram durante séculos.
A região era habitada pelo povo Guató desde o século XVI, segundo os registros de viajantes e cronistas. Eles ensinaram caminhos, costumes e trabalharam para os portugueses e são influência sobre o modo de vida pantaneiro até os dias de hoje.
Quem é o homem pantaneiro?
Ele é uma mescla que descende dos bandeirantes, dos garimpeiros, dos conflitos entre paraguaios, bolivianos e desbravadores e, segundo o pesquisador Rodolfo Assef Vieira, o homem pantaneiro tem em sua formação a presença do indígena em todas as suas características.
Entende os fenômenos naturais sem mesmo nunca tê-los estudado em escola formal. Sabe quando plantar, quando colher, quando apartar o gado.
O homem pantaneiro é o peão que vive isolado nas fazendas e presta serviço para o dono dessas propriedades e integra a comitiva com outros peões para cuidar das terras.
Quais são as comidas típicas da região do Pantanal?
A culinária pantaneira se constituiu pela influência dos indígenas, espanhóis, portugueses, paraguaios e bolivianos.
Apesar da variedade de pratos, a base da comida pantaneira traz a presença forte de certos alimentos:
Farinha
Carne
Feijão
Arroz
Mandioca
Peixes
Com esses alimentos são preparadas as principais comidas típicas do Pantanal, como o arroz carreteiro, o peixe recheado, a sopa paraguaia, o quebra torto, a paçoca de carne seca, o sarrabulho e o macarrão boiadeiro ou macarrão de comitiva.
Comida Pantaneira: momentos de encontro e acolhimento
O pesquisador e chef campo-grandense Paulo Coelho Machado Neto escreveu um artigo sobre os hábitos,a receptividade e o acolhimento típicos do povo da região Centro-Oeste do país.
Segundo ele, o momento das refeições requer uma preparação do espaço, as comidas ganham proporções de ‘mutirão’, pois toda comunidade se mobiliza tanto para o preparo dos pratos quanto para recepcionar os participantes da festa.
Outro preparo característico da culinária pantaneira é o churrasco, destinado para os dias de festa que agrega toda a comunidade local.
O tradicional churrasco pantaneiro tem particularidades e por isso difere do gaúcho. Por exemplo, é feito um buraco no chão e toras de angico - que dão o defumado exclusivo dessa culinária - são fincadas na terra por cima do buraco e os espetos são de bambu.
Geralmente a brasa é acendida para eventos maiores, como bailes, casamentos e momentos de confraternização com os demais membros da comunidade, mas é uma festividade importante e acolhedora para todos os participantes.
No cotidiano, é o peixe e a carne seca que fazem presença no prato das famílias pantaneiras.
Essa é uma culinária que tem traços de afeto e tradição ainda preservados. Todo pantaneiro conhece as regras da roda do tereré. A bebida é feita com erva mate e água gelada servida numa guampa (chifre de boi).
É um ritual que é apreciado e vivido por quem participa. Consiste nos seguintes passos:
O dono da cuia ou aquele que está cevando é quem toma a primeira e a última cuiada.
Quem está tomando é obrigado a ir até o fim, isto é, tomará até roncar a guampa, e só depois disso deverá devolvê-la.
O tereré é servido com a mão direita e sempre obedece ao sentido anti-horário.
O tereré não tem perna, quem quiser tomar que venha até o cevador para pegar a guampa na sua vez.
Quem não quiser mais tem que agradecer ao devolver a guampa.
Se não devolver nesse momento, terá que tomar outra guampada até que se lembre de agradecer ao cevador.
O cevador se recusa a receber a guampa com resto de água dentro.
Não se pode ficar cambiando (mexendo com a bomba) de lá para cá – isso para não correr o risco de entupir a bomba.
Não pode deixar a guampa em qualquer lugar, é preciso deixá-la na mão do cevador.
Tem que ter sempre alguém na roda com boa vontade para trazer mais água gelada para abastecer o cevador.
A roda do tereré não está apenas presente em ocasiões festivas, mas também nas pausas do trabalho tanto no campo quanto nas paradas das comitivas, é um momento agradável para se estar junto e consolidar as relações sociais.
Após esse breve resumo da comida pantaneira, deu vontade de preparar algum prato típico? Que tal experimentar o macarrão de comitiva? Ou o quebra-torto, e o arroz de carreteiro, pratos comuns do café da manhã dos pantaneiros?
O que vale é enaltecer todas as cozinhas que formam o Brasil e possuem preparos culinários à base de alimentos in natura.
- O tereré não tem perna, quem quiser tomar que venha até o cevador para pegar a guampa na sua vez.
- Quem não quiser mais tem que agradecer ao devolver a guampa.
- Se não devolver nesse momento, terá que tomar outra guampada até que se lembre de agradecer ao cevador.
- O cevador se recusa a receber a guampa com resto de água dentro.
- Não se pode ficar cambiando (mexendo com a bomba) de lá para cá – isso para não correr o risco de entupir a bomba.
- Não pode deixar a guampa em qualquer lugar, é preciso deixá-la na mão do cevador.
- Tem que ter sempre alguém na roda com boa vontade para trazer mais água gelada para abastecer o cevador.
A roda do tereré não está apenas presente em ocasiões festivas, mas também nas pausas do trabalho tanto no campo quanto nas paradas das comitivas, é um momento agradável para se estar junto e consolidar as relações sociais.
Após esse breve resumo da comida pantaneira, deu vontade de preparar algum prato típico? Que tal experimentar o macarrão de comitiva? Ou o quebra-torto, e o arroz de carreteiro, pratos comuns do café da manhã dos pantaneiros?
O que vale é enaltecer todas as cozinhas que formam o Brasil e possuem preparos culinários à base de alimentos in natura.
Fonte Ipec
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