Mapa das Plantas ancestrais na culinária bantu Kilombo Tenondé Valença

Pupunha

A pupunheira foi uma das primeiras plantas domesticadas pelos indígenas em tempos pré-colombianos, provavelmente no sudoeste da Amazônia. 

Ao longo do tempo, ela foi distribuída por todos os trópicos úmidos baixos nas Américas. 

Acredita-se que a pupunheira foi domesticada inicialmente para extração de madeira e somente mais tarde para o fruto.

Os primeiros frutos eram oleosos, mas com o avanço da domesticação foram obtendo mais amido.

Atualmente, o fruto é consumido por muitas tribos indígenas, por moradores rurais e por pessoas nas cidades da Amazônia, onde seus cachos são vendidos nas feiras e nos mercados. 

A pupunha é cozida e consumida em casa ou vendida nos cafés regionais e nas ruas.

Existem três hipóteses sobre a origem da pupunheira: 

Os Andes da Colômbia, o sudoeste da Amazônia e múltiplas origens.

No sudoeste da Amazônia há numerosas populações dos dois tipos da var. chichagui com maior probabilidade de estar envolvida na origem da pupunheira cultivada.

Diferenças contrastantes entre as populações cultivadas da Amazônia Central, Oriental, Ocidental, norte e noroeste da América do Sul, e América Central foram detectadas por análises moleculares.

A interpretação mais moderada desta divisão é uma única origem no sudoeste, com dispersões ao nordeste, ao longo dos rios Madeira e Amazonas e ao noroeste, dispersando-se até a Amazônia Ocidental, o norte da América do Sul e o sul da América Central.

Desde 1798 e ao longo dos séculos 19 e 20, nomes específicos e variedades descreveram a pupunheira dentro dos gêneros botânicos Bactris e Guilielma, chegando a ser considerada uma espécie cultivada sem parentes conhecidos.

Em 2000, o botânico Andrew Henderson, do New York Botanical Garden, publicou uma revisão de Bactris, subdividindo a espécie gasipaes em duas variedades: Bactris gasipaes var. gasipaes, que inclui todas as populações domesticadas de pupunheira com frutos grandes (10 a 250 g), e Bactris gasipaes var. chichagui (H. Karsten) Henderson, que inclui todas as populações silvestres com frutos pequenos (0,5 a 10 g).

Todas as populações cultivadas estão incluidas na var. gasipaes e muitas delas foram classificadas como raças primitivas nas categorias microcarpa (frutos de 10 a 20 g), mesocarpa (20 a 70 g) e macrocarpa (maior que 70 g). A variedade gasipaes apresenta maior diversidade na Amazônia.

A pupunheira Bactris gasipaes Kunth. var. gasipaes Henderson é uma palmeira multicaule que pode atingir até 20 m de altura. Seu sistema radicular é fasciculado,estendo-se até 7 m do estipe e 2 m de profundidade e diâmetro do caule varia de 15 a 30 cm.

Os entrenós são armados com numerosos espinhos (nó é a cicatriz deixada pela queda de uma folha senescente). 

O ápice do estipe (caule) sustenta uma coroa de 15 a 25 folhas. 

As folhas tenras não expandidas formam o palmito. Após a polinização, os cachos podem conter entre 50 e 1.000 frutos e pesar de 1 a 25 kg. Fatores como nutrição da planta, polinização deficiente, estiagem, competição e ataque de pragas e doenças podem causar o aborto de frutos, diminuindo o peso do cacho ou causando o aborto deste também, o fruto pesa entre 0,5g e 250g. 

Quando maduro, seu epicarpo apresenta cor vermelha, laranja ou amarela, mesocarpo que varia de amiláceo a oleoso e endocarpo envolvendo uma amêndoa fibrosa a oleosos, varia em formato, tamanho e cor do exocarpo e endocarpo devido a diferentes teores de betacaroteno, composição química, textura, sabor e aroma.

Em relação a programas de melhoramento genético, no caso da pupunheira têm sido realizados trabalhos a partir de raças primitivas, que são um conjunto de populações domesticadas, cultivadas com distribuição geográfica definida.

Foram detectadas, por análise molecular, quatro raças na Amazônia: Pará, Putumayo, Solimões e Pampa Hermosa e na América Central: Utilis, Tuíra e Guatuso. Sementes da raça Pampa Hermosa, localizada em Yurimáguas, Peru, são as mais comercializadas no Brasil. Entretanto, a Associação dos Pequenos Agrossilvicultores do Projeto Reca, localizada em Rondônia, vêm comercializando de forma crescente sementes derivadas da raça Putumayo, localizada em Benjamim Constant, oeste da Amazônia, com 2 e 3 gerações de melhoramento, e que deverá constituir-se, no futuro, na principal fonte de sementes para o Brasil. 

O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e o Instituto Agronômico (IAC) utilizam sementes de Yurimáguas em seus programas de melhoramento, enquanto a Embrapa utiliza sementes de Benjamin Constant em sua rede de melhoramento genético.

Festa da pupunha

As tribos indígenas do alto dos rios Solimões e Negro, no Amazonas, fazem uma festa durante a safra da pupunha. 

A pupunheira alcança 25 metros de altura e cada tronco atinge de 10 a 25 centímetros de diâmetro.

A planta forma uma touceira com até 15 troncos espinhosos. Há muitas variações na cor da casca do fruto (vermelha, amarela, alaranjada, branca, listrada), no teor de óleo (de 2% a 30% do peso fresco) e no tamanho 

A pupunha é formada por 90% de polpa e 10% de caroço. A polpa fresca tem entre 1% e 9% de proteína,

2% a 30% de óleo e 10% a 40% de carboidratos, principalmente amido.

A Pupunha também contém os elementos minerais potássio e selênio,correspondendo a 12% e 9% respectivamente do valor diário recomendado na alimentação.

Também possui até 70 miligramas de caroteno por 100 gramas de polpa fresca, o que explica sua cor amarelada, alaranjada ou até avermelhada.

Quanto mais avermelhada a polpa, mais vitamina A ela possui, contribuíndo para a saúde dos olhos, cabelos, unhas e pele. A polpa de pupunha também oferece cálcio, ferro e fósforo.

Plantio da Pupunha

Para plantar pupunha, primeiro lave as sementes, eliminando qualquer resto de polpa. Em seguida, coloque as sementes para secar na sombra, em local arejado por 24 horas. Semeie em sacos de plástico ou canteiros de solo arenoso. 

A germinação ocorre em 3 meses e, após 3 a 6 meses, as mudas estão prontas para serem plantadas no campo. 

O plantio deve ser feito no início da época chuvosa. A pupunheira geralmente inicia a frutificação a partir do terceiro ano e frutifica regularmente depois de 6 anos.

Considerando que a pupunheira é uma planta de perfilhamento abundante, o seu manejo é feito retirando os perfilhos, tanto aqueles em excesso como os troncos velhos que atingirem alturas que dificultam a colheita.

Assim, pode-se aproveitar o palmito e o tronco para madeira, além de renovar a touceira. Essa técnica de manejo, conhecida por desbaste, possibilita a produção de plantas mais vigorosas e produtivas. 

O desbaste ajuda no crescimento de novos filhos, portanto, deixe apenas os 4 melhores filhos quando fizer o manejo anual.

Os indígenas da Amazônia costumam conjugar as plantações de pupunha com maniva; a pupunha, nesse caso, é plantada no centro da roça. Assim, depois de colher a mandioca ainda resta a pupunha para comer ou atrair caça. Estudos de técnicas agrícolas também mostraram sucesso no consórcio de pupunheira com outros cultivos como abacaxi, maracujá ou hortaliças.

Alguns animais silvestres gostam de pupunha.

Veado, jacu e outros pássaros grandes comem essa fruta embaixo da palmeira. Alguns pássaros tentam comer as pupunhas antes que elas sejam colhidas pelo homem. 

Os animais de caça comem pupunha e as pessoas comem esses animais. 

Assim, até indiretamente a pupunha alimenta o homem.

Capeba 





Piperaceae Classificação Filogenética: 

Piperaceae é uma família de plantas Magnoliídeas, que inclui as diversas variedades de pimentas. É predominantemente tropical, e inclui de cinco gêneros e aproximadamente 4000 espécies.

No Brasil ocorrem quatro gêneros e aproximadamente 500 espécies. Pertencem a esta família algumas plantas utilizadas como medicinais, como a pariparoba ou caapeba e o falso-jaborandi, além de plantas condimentares, como a pimenta-do-reino. Algumas espécies de Peperomia são utilizadas como ornamentais, em canteiros ou em vasos como planta pendente ou ereta, com nome popular igual ao do gênero.

Esta é uma família bastante comum nas formações florestais brasileiras, particularmente na Mata Atlântica, onde espécies de Piper são pequenos arbustos ou árvores, sublenhosos, comuns no subosque, principalmente em áreas relativamente alteradas, facilmente reconhecidos mesmo em estado vegetativo, pela presença de nós foliares geniculados e folhas geralmente com base bastante assimétrica.

Com folhas grandes em formato de coração, a Capeba é uma planta nativa, rústica, de meia sombra e que se desenvolve bem solos úmidos e férteis.

Nas preparações culinárias, pode-se ferver as folhas 1-2 vezes e utilizá-las substituindo o repolho ou a folha de uva no preparo de “charutinhos” ou pequenos pacotinhos para levar ao forno. 
Como a folha é rica em óleos essenciais, é bastante aromática e deve ser utilizada com cuidado por conta de sua “picância”. Refogada pode substituir a couve, escarola ou o espinafre em diferentes receitas. O chá das folhas é bastante utilizado pela medicina popular.

Também é conhecida como Pariparoba, mas cuidado para não confundi-la com a planta Alchornea sidifolia, uma arbórea tóxica e não comestível, que não possui os frutos no formato de dedos aos longo do caule.

Receitas:

Angá de Pupunha e Capeba


Ingredientes:

Para 10 Angás

*300 gm de polpa de Pupunha com a fibra

200 gm de Tapioca quebradinha( quirera)

100 gm de farinha de Mandioca

50ml de Azeite de Pupunha

3 pimentas doces

10 folhas de Capeba

sal, água quanto baste para ir molhando a massa.

Modo:

Num alguidar, misturar as farinhas, acrescentar as pimentas previamente picadas, ou amassadas, o sal, o coentro largo, e o azeite.

Lavar e abrir as folhas de Capeba numa toalha.

Com as mãos, ir colocando água, até formar uma farofa grossa e grumosa.

Colocar sobre as folhas, e ir dando seu formato, virar e deixar descansar.

A massa deve estar humana.

levar ao forno a lenha, muito lentamente assando cada lado de uma vez, devendo adquirir um sabor defumado.

Também conhecida como pariparoba, aguaxima, capuchinha, capeba, catajé, lençol de santa barbara, manjerioba, entre outros nomes, a Pariparoba é uma planta medicinal a qual se atribui efeitos de cura do fígado e auxílio na digestão, mas que hoje pesquisadores já reconhecem suas capacidades também na proteção da pele contra raios solares.

No Candomblé a folha de Capeba, tem muita importância é muito usada nas obrigações de cabeça e nos abô para as obrigações dos filhos recolhidos.

Muito prestígio nos Candomblés Ketu, pois serve para tirar mão de zumbi, a medicina popular utiliza seu chá para debelar males do fígado, e o cozimento das raízes para extinguir as doenças do útero.


Bolo do fruto da Pupunha 



Ingredientes

2 xícaras de pupunha cozida e amassada

200 ml de leite de coco

100 ml de leite

1 colher (sopa) de manteiga

250 g de açúcar

6 gemas

1 pitada de sal

2 colheres (sopa) de farinha de trigo

1 colher (sopa) de fermento químico

6 claras batidas em neve

Modo de preparar: lave bem as pupunhas e cozinhe com a casca em água e sal por aproximadamente 1 hora. Descasque, corte e retire a semente. 

Bata no processador para que fique moída. Numa tigela, misture a pupunha triturada com os leites e mexa até ficar cremoso. 

Em uma tigela grande, misture a manteiga com o açúcar.

Bata bem e adicione as gemas, uma de cada vez. Junte o creme de pupunha, o sal, a farinha e o fermento e misture bem. Acrescente as claras em neve e mexa delicadamente. Coloque a massa em uma forma untada com manteiga e asse em forno aquecido a 180 ºC, por aproximadamente 30 minutos.


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