A Pupunha e a importância de reinventa-se.
Bactris gasipaes é uma espécie de palmeira multicaule da família Arecaceae cujo fruto é conhecido por pupunha ou babunha.
Conhecida pelos nomes comuns de pupunha, pupunheira e pupunha-verde-amarela, planta da família Arecaceae.
Nativa da região amazônica onde é conhecida popularmente pelos nomes pupunheira e pupunha-verde-amarela.
Como falei no post anterior, quando chegamos ao @Kilombo Tenondé, tivemos a grata surpresa de encontrar uma grande quantidade de Frutos da Pupunha.
Do assombro da fartura, ao espanto da diversidade.
Isso nos possibilitou a preparação de diversos subprodutos, que estão sendo processados, e transformados em deliciosos alimentos.
Aprendemos a retirar o Azeite, usando o Pilão, que foi utilizado também na feitura da Paçoca de Banana e Coco.
A massa da Pupunha, estava perfeita, perfumada e úmida, serviu de ingrediente para várias receitas.
E não para por aí, depois do curso, nossos parceiros Ale e Robson, seguem experimentando novas possibilidades de uso, como doces de corte, a farinha normal e mista com a de mandioca.
Segundo o pesquisador e professor Marcílio de Almeida, do Departamento de Ciências Biológicas de São Paulo: “A pupunheira é considerada ecologicamente correta por apresentar vantagens que compensam seu cultivo, uma vez que o palmito cultivado no Brasil segue uma tendência mundial que prevê a substituição de produtos de origem extrativista por produtos cultivados, protegendo sobremaneira a Mata Atlântica”.
A Pupunha Indígena
(...) [um] mito do povo Desana do alto rio Negro, trata da saga de Gaín Pañan,o ancestral antropomorfizado dos periquitos, e da origem da pupunheira (Bactris Gasipaes) trazida por Gaín do mundo invisível dos peixes, o qual tinha como [oponente], chefe Pinlún — a grande cobra do rio.
Gaín enfrentou uma série de desafios até plantar a pupunha no mundo visível dos homens.
Pinlún, seu sogro, era o maior deles. Munú nomé (mulher piranha), behpe (aranha pajé) e o peixe iaká percebendo o seu sofrimento resolveram ir em seu socorro (...)
Para Nação Jeje Mahi, Bessém é a serpente da vida, aquela cujo morder a própria cauda deu origem ao movimento de rotação e translação da terra e a partir daí, sendo possível a existência de vida no planeta.
Dentro da nação Jeje, Dan é o maior vodun, e a serpente, seu maior símbolo, sendo a representação viva de seu poder.
A serpente representa o movimento e o dinamismo, uma vez que consegue se locomover com extrema facilidade e habilidade sem ser provida de patas ou outros membros; representa também a transformação, a evolução e a metamorfose, uma vez que troca de pele e se renova com frequência para poder crescer e se expandir; além de ser uma hábil caçadora e algumas espécies serem detentoras de poderosos venenos, mostrando seu poder e ao mesmo tempo exigindo cautela e respeito por parte dos demais animais e até mesmo nós seres humanos. Dan não é só representado pela serpente mas também pelo arco-íris que da mesma forma, possui grande significado para os dahomeanos uma vez que, sua presença nos céus é presságio de que não irá mais chover além de encantar pela sua beleza.
Mestre Didi (Deoscóredes Maximiliano dos Santos) ensinou a importância das artes, se reinventando em mãos diaspóricas, ensina que esculturas falam e que palavras e contos estão tanto para oralidade e legado quanto para o silêncio e a reflexão.
Mantendo uma beleza intelectual, o que mestre Didi mostra com o mundo, seu símbolo de ligação em tempo-espaço formas artísticas das raízes entre as raízes pretas e obras que alimentam nossos olhos, nossa alma e espírito!
"O homem africano precisa da terra para sobreviver e de braços saudáveis para tocá-la. Assim, um não subsiste sem a outra. (SILVA, 1992; KI-ZERBO, 1972).
Com uma visão de mundo baseada essencialmente na natureza, o
homem africano fez desta sua maior fonte de inspiração.
É dela que aquele vai retirar os elementos necessários para a confecção dos ensinamentos que
serão determinantes para a cosmovisão do grupo; isso significa dizer que os elementos estruturantes de uma cotidiana serão alicerçados em uma visão associada à natureza, cujos sentidos serão apreendidos pelo grupo e passados de geração a geração.
Para o africano, a idéia de uma vida finda, esgotável é e era inconcebível.
A idéia do renascimento através do nascimento era algo em que se acreditava, noção esta que vai ser primordial para entendermos o esforço para a manutenção de suas crenças religiosas, mesmo nas precárias condições em que se
encontravam durante a escravidão."
E foi na terra negada, que se estruturou algo sublimado, resignificado.
A melancolia, do banzo dos bantu, transformou-se em resistência da Capoeira, no Samba, nas Festas Populares, no alarido dos Zungú, nos pregões.
Construído no processo lânguido da travessia, digerido e refeito das ondas do mar.
Nesta terra nova e distante, porém farta de rios, matas e cachoeiras,
o homem negro africano, relegado a condição de escravo, “mera peça”, viu a possibilidade de aqui também cultuar seus deuses e deusas.
Aos poucos, este vai se aproximando desta natureza exuberante de então, traçando semelhanças, provando cheiros e sabores, além de traçar relações com os habitantes originais,
os “índios, donos da terra”.
Assim, adaptando suas crenças, fazendo alguns de seus deuses fundirem-se entre as lendas locais e adaptarem-se em uma tentativa
inusitada de sobrevivência a novas condições, preservaram seu sentido original, o de manter vivo e coeso um complexo cultural rico e multifacetado.
Essa contribuição faz parte da nossa política de valorização dos espaços de formação de conhecimento e fortalecimento da cultura brasileira
Comentários
Postar um comentário