O IPETE DE OXUM DO Ilê Axé Opô Aganju


Banquete dos orixás Ilê Axé Opô Aganju 

por Agnes Mariano

Para cada orixá, um alimento; para cada cerimônia, uma forma de preparo, um ritual, um conjunto de rezas. 

Quem supervisiona tudo é a iabassê – que significa “avó, velha que cozinha” – auxiliada pela otum e pela ossi. Para receber o posto de iabassê, é preciso muita experiência, conhecimento, dedicação e já ter passado pela obrigação de sete anos.

A guardiã da cozinha deve ser uma pessoa responsável e calma porque, para cozinhar, precisa ter paciência e atenção. “Fazer correndo não dá certo, tem que trabalhar com o coração, com amor.

A pessoa muito afobada faz tudo ligeiro e termina não saindo bem”, diz Nídia Maria Santos, ou “Dona Nidinha”, dagã do Ilê Axé Opô Aganju e neta mais velha de Mãe Senhora, que foi uma das mais famosas mães-de-santo do Ilê Axé Opô Afonjá. 

Uma calma que não pode ser excessiva, pois é preciso “ser um pouco ligeirinha”, acrescenta Dona Nidinha, e também saber liderar, porque cabe a iabassê definir os ingredientes, delegar as tarefas, saber os rituais e “olhar se estão todas trabalhando direito, orientar, porque ninguém nasce sabendo”.

Quando a festa é de grandes proporções, várias filhas da casa podem ser chamadas para ajudar e até os homens dão certas contribuições.

Em algumas casas religiosas, são mantidas até formas antigas de preparar os alimentos. “Nós trituramos o camarão no pilão, o coco é ralado na mão e a cebola também”, conta a socióloga Márcia Souza, membro do terreiro do Gantois.

Segundo Dona Nidinha, os homens, sendo da casa, podem entrar na cozinha e ajudar, mas “só nas horas certas, quando precisa: pra pegar uma panela pesada, carregar um saco de cebola. Porque em tempo de festa a gente compra tudo em grande quantidade, pra não faltar”. 

Em geral, as casas religiosas não fazem questão de manter os antigos métodos de preparo e adotam liqüidificadores e outros equipamentos modernos: “No meu tempo, era a panela de barro, pedra de ralar – uma pedra grande e outra comprida por cima. O ralo comprava na feira, feito de lata de óleo ou doce. O feijão-fradinho pra o acarajé era ralado na pedra. 

O amalá fazia no fogão à lenha, nas panelonas de barro”, relembra.

Comer os alimentos votivos é uma forma de conhecer a África, seus cheiros, sabores, costumes e, ainda, um pouco da sua história. Dizem os especialistas, como o antropólogo Vilson Caetano de Sousa, em sua dissertação de mestrado Usos e abusos das mulheres de saia e do povo do azeite, que através desses alimentos é possível obter muitas informações sobre o local de origem e a vida dos povos que iniciaram o culto aos orixás.

O quiabo, por exemplo, um fruto muito rico em ferro, está ligado diretamente às dinastias de Oyó e Ifé, por isso é servido a poucos orixás – principalmente Xangô, Iansã e Ibejis -, explica ele. 

A forma como são preparados os alimentos também seria forte indicativo. Orixás ligados a períodos de guerra, instabilidade e migrações preferem alimentos de preparo rápido – crus, torrados e assados -, enquanto aos orixás ligados à terra são servidos principalmente raízes e grãos cozidos e muitas vezes amassados, afirma Sousa.

As adaptações e transformações, contudo, existiram e muitos pratos são realmente afro-baianos, como o vatapá – que apenas se parece como uma comida misteriosa dedicada a Oxum, o ipeté -, o acaçá com leite de coco e açúcar (porque na culinária religiosa ele é feito apenas com milho branco e água), os recheios acrescentados ao acarajé e ao abará e o famoso caruru completo. “Uma amiga minha fez, na Nigéria, o caruru completo e os nigerianos acharam superestranho. Sobrou tanta coisa que ela precisou convidar alguns estrangeiros no outro dia pra não perder a comida”, conta Márcia Souza.

Segundo ela, na Nigéria, o acará, que nós conhecemos como acarajé, é muito comum e vendido em lanchonetes, enquanto o abará tem outro nome e leva ingredientes como peixe e outros temperos.

Em alguns poucos momentos, os rituais podem também chegar às ruas. “No presente pra Oxum e pra Iemanjá, as pessoas saem do terreiro em grupo e vão caminhando com os balaios até o lugar da oferenda: a praia, o Dique”, explica Babá Silvanilton, do Ilê Axé Oxumaré. Uma das cerimônias mais impressionantes, para quem já teve o privilégio de participar dela, é a “Águas de Oxalá”, realizada durante a madrugada, onde “todos caminham em silêncio, levando água de uma fonte até o templo”, explica Aílton Ferreira, ogã do Oxumaré. Marcada pela discrição, raramente alguém de fora é convidado para participar dessa celebração. Outro rito que sai dos limites do terreiro é o Sabejé de Obaluaê.

O IPETE DE OXUM 

Oxum encontrava-se com problemas no ventre e isso lhe causava dificuldades para engravidar, Mas era do desejo de Oxum engravidar;

Diante dessa dificuldade ela decide consultar Orunmilá.


Orunmilá diante do problema de Oxum lhe ofereceu uma ajuda, Indagando que ela deveria seguir um preceito e nesse preceito ela deveria oferecer comida a todas as Oxuns, todas as irmãs; Oxum lhe disse que era impossivel, pois cada uma comia uma coisa e sem muito pensar Orunmilá lhe respondeu:

– Se esforce, tens que criar um prato onde todas irão comer!

Oxum então responde:

– Mas como?

Orunmilá de pronto lhe responde:

– Você procurar uma estrada que parece não ter fim, caminhará e caminhará, algum tempo depois encontrará um homem que lhe presenteará com um fruto!

Oxum ficou meio desconfiada, mas era a única maneira de se livrar do problema. então Oxum no primeiro raiar do sol, no dia seguinte, Saiu a procura dessa estrada, passou por matas, rios, caminhos de pedras e ventanias.. Mas no fim encontrou a estrada, e tornou-se a caminhar, parou e descansou, mas voltou a caminhar… Até que avista um homem, parado na estrada, esse Homem era Ogún.

Ogún ficou espantado de ver Oxum alí, pois todos sabiam que oxum não saía de seus rios pra quase nada, ficava sempre no rio esperando os presentes e se banhando… Ela não gostava de sair de seu palácio de águas e naquele momento ela estava alí em uma estrada quente e sem acomodação! Com esse espanto de Ogúm ele lhe pergunta:

– O que lhe traz aquí Oxum?

E Oxum conta a Ogún o que lhe passava. Então Ogún vai até a beira da estrada e colhe um fruto chamado Ixú e entrega a Oxum e lhe diz para preparar uma comida chamada Ipeté, a comida que acalma! e entregue as suas irmãs.

Oxum lhe pergunta:

– O que quer em troca?

E Ogún muito encantado com a beleza de Oxum lhe responde:

– Nada! Você só terá apenas que sustentar sobre o seu Orí e sob a panela de Ipeté a folha de Abre-Caminho, e não esqueças de acomodar todos os Okutas de suas irmãs sobre o Ipeté.

Oxum ouviu atentamente as recomendações de Ogún e seguiu as suas orientações; pouco tempo depois nascia Logún-edé (O filho querido de Oxum).

“A partir desse Itán, Todos os anos é servido em ritual a comida Ipeté à Oxum, e abaixo da panela dessa comida e colocado as folhas de Abre-Caminho, sem esquecer de acomodar os Okutás sob o Ipeté. Também não podemos esquecer que por causa dessa lenda, o Único Orixá Boró (homem) que pode carregar a panela de Ipeté é Logún-Edé…”

( Texto autoria desconhecida)

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