Com tiranos não combinam Brasileiros Corações

A Independência do Brasil não se definiu com o discurso de D. Pedro I em Sete de Setembro de 1822. 
O Grito do Ipiranga foi, na verdade, um grito de guerra e ela ocorreu no Norte e Nordeste do País. 
As lutas no Recôncavo baiano foram as mais sangrentas e a Independência da Bahia teve um papel chave na consolidação da Independência do Brasil. Até 1763, Salvador foi a capital do Brasil. 

O processo de independência do país iniciou-se com os movimentos separatistas do fim do século 18, principalmente em Minas Gerais e Bahia. 


A cabocla é a representação do desejo de liberdade, e é um simbolo da nossa miscigenação. 

Os portugueses estavam instalados na região há mais de 200 anos. Portugal era, na época, uma das maiores potências mundiais.
A cabocla do 2 de julho representa a lendária Catarina Paraguaçu, a índia pela qual o náufrago português Diogo Álvares Correia, apelidado de Caramuru, teria se apaixonado.  

Da forma como foi concebida, a Cabocla resgata uma figura muito cara ao romantismo nativista, um mito de origem da nação brasileira que valoriza a figura do ameríndio e do europeu na composição da população e exclui a contribuição africana, considerada uma mácula na sociedade brasileira, celebrando assim o ideal de nação da “fina flor” da sociedade. Entretanto esta imagem extrapolou a proposta de sua origem, tornando-se um símbolo de libertação sob varias conotações. Um exemplo disso é que para comemorar o 13 de maio de 1888, os recém libertados e abolicionistas baianos solicitaram ao Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, responsável na época pela guarda dos Caboclos, o empréstimo das duas imagens para a realização de um cortejo festivo. 
Após deliberação os membros do Instituto permitiram que apenas a Cabocla desfilasse, temendo que a figura de desafio do Caboclo viesse a provocar conflitos. 
Desta forma, a Cabocla foi às ruas para comemorar a Abolição da Escravatura, uma liberdade que não fora conquistada junto com a Independência mas que, ainda assim, é associada aos heróis da liberdade no Panteão do 2 de Julho.

Na Bahia, se algo vai mal, o conselho que se dá, quando parece não haver outra solução, é “chorar no pé do caboclo”. Tal expressão de uso corrente no jargão popular baiano é uma referência às preces, pedidos e promessas que são feitos na base do monumento do Campo Grande ou deixados na forma de cartas e bilhetes aos pés das imagens do caboclo e da cabocla nos carros emblemáticos do desfile do 2 de julho. Na data em que se comemora a independência da Bahia, é para eles que os tambores tocam nos terreiros de candomblé.

Nas tradições religiosas afro-brasileiras, os caboclos são reverenciados como seres encantados, afinal, já estavam aqui, eram os donos da terra, quando os africanos chegaram ao Brasil trazendo consigo os seus orixás. A figura do caboclo, que ainda hoje é o núcleo do cortejo cívico do 2 de julho, teria surgido como um símbolo das lutas de 1822-23, desde o momento em que as tropas brasileiras, após vencerem os portugueses na batalha de Pirajá, adentraram em Salvador.

Confira aqui o vídeo onde Elide Rugai Bastos analisa como o pensamento de Gilberto Freyre constitui elemento fundamental da vida cultural e política que emerge no brasil a partir da revolução de 30, tendo ainda reflexos na vida social brasileira. através da tese da democracia racial, elide aborda, em que sentido a análise do autor representa um momento importante na constituição da sociologia no brasil e, portanto, da própria interpretação do país. 

Elide Rugai Bastos é professora do departamento de sociologia do instituto de filosofia e ciências humanas da unicamp (ifch) onde é diretora do centro de estudos brasileiros (ceb). é secretária adjunta da associação nacional de pós-graduação e pesquisa em ciências sociais (anpocs). e autora, entre outros, dos livros: as ligas camponesas (1994) e gilberto freyre e o pensamento hispânico ヨ entre dom quixote e alonso el bueno (2003).

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