Mercearias, Secos e Molhados, Quitandas e Ultramarinos.

Estes lugares de sonho, pela sua decoração, seu charme e suas lembranças, são a grande marca da inteligencia humana na arte da convivência, infelizmente perdidos em tempos de selvagem competição capital, para nossas gerações. 



















Nas mercearias antigas, de bairro, aldeia ou lugarejo até, todas elas tinham um comum propósito: atender bem a freguesia. Se bem que o termo 'mercearia' está conotado com a venda de produtos alimentares, na prática, tratam-se de 'consumíveis'. 
O merceeiro tinha, por isso, particular atenção em acautelar a demanda do freguês: se não o tinha, o produto, rapidamente o tratava de obter, portanto, o merceeiro seria assim uma espécie de promotor do bairro, que tratava de perceber o potencial do negócio até por antecipação aos seus colaboradores, lugar onde o valor seria então secundário, primário seria a arte de ter a porta aberta, até porque, quem sabe, pudesse um dia derivar para um futurista supermercado. 

A maioria que atua no ramo de comércio de alimentos hoje pode ser considerada, na verdade, mercearias. O que não diminui o seu valor, pois todas possuem grande importância para a comunidade a sua volta e cumprem papel fundamental dentro do setor do comércio local. A longevidade desses estabelecimentos comerciais estava amparada em pilares como a fidelidade da clientela, o atendimento cordial do proprietário e, principalmente, a possibilidade de divertidas conversas entre os seus habituais freqüentadores.  

A caderneta era outro ativo da mercearia, onde o fregues poderia fazer uso das mercadorias, para posterior pagamento, o que seria quase impossível nos dias de hoje. 
Na Europa, muitos estabelecimentos conservam esta característica, como na Espanha, os Ultramarinos, que vendem uma variedade de insumos para o cotidiano, redes de negócios familiares, que mantem o elo com a comunidade.

Estes espaços comerciais tem o atrativo de relacionar o alimento ao afeto, alem de humanizar as relações do comercio de alimentos.

Com a recente incorporação da Casa Godinho no centro de São Paulo como Patrimônio Cultural Imaterial, relevamos a presença destas verdadeiras instituições familiares no complexo mundo do comercio, como podemos identificar no trabalho da Silvia Aparecida Guarnieri Ortigoza 
O TEMPO E O ESPAÇO DA ALIMENTAÇÃO NO CENTRO DA METRÓPOLE PAULISTA, onde a autora analisa o desenvolvimento do comércio de refeições prontas, principalmente aquelas realizadas fora do lar, e seus impactos no espaço urbano. Além disso discute a articulação contraditória das diversas estratégias comerciais presentes no centro da metrópole, aquelas que são criadas pelas necessidades da escassez de tempo e aquelas que são criadoras de novos hábitos de consumo. É um trabalho da área de geografia urbana que tem apresentado, nos últimos anos, um quadro de enfoque bastante diversificado tanto no plano teórico como metodológico, e cujo objetivo é a compreensão da complexa realidade urbana brasileira e mundial.  
Veja mais fotos aqui.

Comentários

Postagens mais visitadas