Pequeno Dicionario da Cozinha Baiana

Verbete C-Caldo de Mocotó 
Portugal nos legou a Festa Momesca, o Entrudo, mas também o habito de saborear as "Mãos de Vaca", ou como é mais conhecido o Mocotó, prato tradicional baseado em patas cozidas sem casco ou extremidades de bovinos.




















A palavra Mocotó "pata de animal" ou mão-de-vaca (em Portugal), vem do "Bantu"merece reparo algumas etimologias incorretas, atribuindo a origem tupi à palavra.
O mocotó ou mão de vaca, iguaria muito popular no Brasil, pois os indígenas brasileiros desconheciam o gado bovino. 
É curioso, porém, observar que os grandes dicionários brasileiros da língua portuguesa, Aurélio e Houaiss, insistem em manter o erro.    
Confira no trabalho A INFLUÊNCIA AFRICANANO PORTUGUÊS DO BRASIL,de Renato Mendonça


Caldinho de Mocotó do Bagacinho, Boteco de Cervejas Especiais

Introitu do latin (introdução) é sinônimo de carnaval e, no Brasil, também designa uma antiga brincadeira carnavalesca, trazida pelos colonizadores portugueses, no século XVI. 
Sua designação refere-se ao período que introduz a Quaresma (do latim quadragesima), data cristã que é utilizada para designar o período de quarenta dias que antecedem à Páscoa e que começa na Quarta-feira de Cinzas e termina no Domingo de Ramos. 
O forrozeiro Genival Lacerda registrou em versos cheios de malícia a força nutritiva de um bom Caldo de Mocotó. 
“Tomei caldo de mocotó, ai ó, fiquei forte" ...por ser rico em gordura boa, é antioxidante, ajuda a inibir os radicais livres, ajuda também a não desenvolver o envelhecimento precoce por conter uma substância chamada de colágeno. Essa substância está concentrada no interior do osso conhecido popularmente conhecido como tutano, responsável pelo aparecimento das rugas é também uma grande fonte de nutrientes e vitaminas essenciais ao corpo; e o melhor, é um verdadeiro energético natural, numa alusão a vitalidade  sexual masculina.

Este prato tem sua origem bem remota, advindo da tradição portuguesa, que fazia o caldo de mão-de-vaca.
No século XIX, na cidade do Rio de Janeiro era anunciado o "caldo de mão de vaca" para a primeira refeição do dia. 
Esse hábito virou tradição na capital carioca e até hoje é comum os bares e botequins daquela cidade oferecerem o caldo de mocotó em canecas ou pequenas tigelas de porcelana branca. 
É comum encontrar outra explicação, sem fundamentação histórica de que, na época das charqueadas, os escravos a faziam para seu sustento, quando as partes do boi desprezadas pelos patrões, como pata, úbere, tripa grossa, e outros pedaços por serem considerados menos nobres, eram recolhidas pelos escravos, que as limpavam e as colocavam a ferver, explicação popular, que da mesma forma se refere a criação da feijoada brasileira.

Mão de Vaca é uma expressão popular e também considerada uma gíria no Brasil. Sua origem vem de outra expressão: “mão fechada” tem o mesmo significado das expressões "mão fechada", "unha de fome", "pão duro","migalheiro" se refere a uma pessoa que não abre a mão para soltar o dinheiro, ou seja, que não gasta ou contribui.  

Voltando ao Entrudo, a festa acontecia nos três dias anteriores à Quarta-feira de Cinzas, e também marcava o inicio da Matança de Porcos, em Portugal,  época em que o porco e seus derivados reinam na área dos comeres servidos durante a quadra carnavalesca. 

Nesse período de exaltação do início da Primavera e expulsão das “forças malignas do Inverno” como refere Ernesto Veiga de Oliveira em Festividades Cíclicas em Portugal, come-se muito, um autêntico bródio, o pleno tirar a barriga de misérias, sendo a carne de porco a mais exaltada e consumida. 
No Porto ainda em Portugal, o prato de ocasião é a orelheira de porco, come-se também, na mesma altura, focinho, rabo e pé de porco, presunto toucinho e salpicão, e ainda, se o há sarrabulho. 
A orelheira de porco é o prato do dia de Carnaval nos arredores do Porto, em Lousada (Penafiel), em Vilarinho (Vila do Conde), ainda com chouriço e outras carnes em Entre-os-Rios. 
Nesse período de exaltação e expulsão das “forças malignas do Inverno” , come-se muito, um autêntico bródio, o pleno tirar a barriga de misérias, sendo a carne de porco a mais exaltada e consumida,  o prato de ocasião é a orelheira de porco, come-se também, na mesma altura, focinho, rabo e pé de porco, presunto toucinho e salpicão, e ainda, se o há sarrabulho. 
A orelheira de porco é o prato do dia de Carnaval nos arredores do Porto, em Lousada (Penafiel), em Vilarinho (Vila do Conde), ainda com chouriço e outras carnes em Entre-os-Rios. 
Em Paços de Ferreira, a terça-feira gorda é uma merenda de arroz com orelheira e chouriço. 
Na serra de Arga, o almoço de terça-feira de Entrudo consta de orelheira, acompanhada de salpicão. Em todo o País em geral as refeições no Entrudo são aumentadas e muito melhoradas e à base de carne de porco, em particular no Nordeste Transmontano tais comeres sofrem um grande acrescento relativamente aos restantes dias do ano, reinando o bísaro. 

Os butiêlos é um prato estranho, feito de estômago de porco recheado de ossos de porco com carne, custiêlo, espinhaço e couratcha (couro da barriga adobado com vinho, água e sal e curado ao fumeiro). É prato obrigatório e, na refeição dos butièlos não se costuma comer mais nada. 
Em Gimonde, durante o Entrudo servem-se os famosos azedos, alheiras, suculentas chouriças de carne, soberbos salpicões assados, ossos da suã, bexiga, caldo de cascas ou casulas, sopa de alheiras, sopa da matança, rojões ou rijões. 

A que se fazer uma referencia, ao professor de grego, e muito mal humorado Luís dos Santos Vilhena nasceu em 1744, Português do Alentejo, região onde a "Mão de vaca" é um prato típico. 
Tal como o nome sugere, é preparado com mão de vaca, também designada por mocotó, e com grão-de-bico. 
O texto abaixo é o mais citado de Vilhena: 
"Não deixa de ser digno de reparo o ver que das casas mais opulentas desta cidade, onde andam os contratos, e negociações de maior porte, saem oito, dez, e mais negros a vender pelas ruas a pregão as cousas mais insignificantes, e vis; como sejam iguarias de diversas qualidades v.g. mocotós, mãos de vaca(...)"

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