Pequeno Dicionario da Cozinha Baiana
Verbete C-Caldo de Molé
Tipico da Chapada Diamantina o Molé o é também conhecido popularmente como “cumbá” e “bate-papo” e tem fama de afrodisíaco, sendo comumente servido na forma de escaldado com essa finalidade.
“... o único afrodisíaco verdadeiramente infalível é o amor. Nada consegue deter a paixão acesa de duas pessoas apaixonadas. Neste caso não importam os achaques da existência, o furor dos anos, o envelhecimento físico ou a mesquinhez das oportunidades; os amantes dão um jeito de se amarem porque, por definição, esse é o seu destino.” (Isabel Allende, 2002)
O termo “afrodisíaco” vem do grego “aphrodisiakós” e é utilizado desde o século I a.C., tendo suas origens, desde a Grécia Antiga, no nome de Afrodite, a deusa do amor, da beleza, da ternura e da sensualidade.
Afrodisíaco é qualquer substância que, teoricamente, aumente o apetite sexual.
As comidas afrodisíacas são consideradas como estimulantes do desejo sexual, pois dão uma acelerada geral na circulação, principalmente nas regiões sexuais, aumentando as intensidades das sensações de prazer.
“A ativação da libido se dá por causa do estímulo que esses alimentos promovem na corrente sanguínea”
O povoado de Remanso.
O Marimbus na Chapada Diamantina fica entre os municípios de Lençóis e Andaraí e o ponto de partida para o mini- pantanal semiárido baiano, ou simplesmente, Marimbus, é a partir da Comunidade Quilombola de Remanso, localizada a cerca de 20 quilômetros da cidade de Lençóis.
A Comunidade Quilombola de Remanso é reconhecida como patrimônio cultural pelo Ministério da Cultura e se originou na década de 20. Atualmente residem cerca de 300 habitantes afro-brasileiros.
Leia também:
A Comunidade Quilombola de Remanso desenvolve um trabalho de turismo solidário na Chapada Diamantina.
O Marimbus da Chapada da Diamantina é considerada uma área de proteção ambiental e o cenário deslumbrante permite avistar a fauna e flora da região com flores aquáticas parecidas as existentes no pantanal Matogrossense e Amazonense.
O povoado do Remanso é lugar é tão escondido na mata que serviu de esconderijo de escravos na época áurea da exploração de diamantes, são pouco mais de 200 pessoas, suas casas são humildes, muitas de pau-a-pique.
Um dos moradores mais famosos é o José Ramos Silva, pescador que mora na beira de Marimbus.
Por causa da proibição de extração de diamante, mais homens da Chapada passaram a peneirar as águas com redes, em busca do brilho das escamas.
A procura subiu, e o ofício da pesca ficou mais difícil.
Hoje, os pescadores precisam usar viveiros improvisados, que são caixas de pau, com as quais os peixes capturados podem ser conservados embaixo d´água.
Só os tiram do viveiro quando já pescaram o suficiente.
Se há um peixe que Dedé, pescador andaraiense espera que nunca acabe, esse peixe é o molé, ele garante que o peixe tem um exótico poder de multiplicação, num sentido quase bíblico da palavra. "É melhor que Viagra", garante pela experiência científica, mas nega ter feito uso das propriedades terapêuticas do pescado. Segundo Dedé, oito pirões de molé resultam em oito filhos.
E comer molezada dá em gêmeos na certa.
Sobre o Molé (Trachelyopterus galeatus Linnaeus, 1766)
Ocupando grandes extensões de seu baixo curso ocorrem áreas planas, sujeitas a inundações periódicas e conhecidas localmente como Marimbus.
A bacia do rio São José está contida no Parque Nacional da Chapada Diamantina e tem aproximadamente 400Km 2 .
O molé, é um bagre demersal de água doce pertencente à família Auchenipteridae, que se distribui amplamente na América do Sul.
Bem adaptado a ambientes com pouco oxigênio, consegue viver por algumas horas fora da água.
A estrutura dos espinhos de suas nadadeiras peitorais permite ao macho prender a fêmea durante a cópula, possibilitando a fecundação interna (BURGESS , 1989).
O conhecimento ictiológico tradicional de uma população de pescadores da Área de Proteção Ambiental (APA) de Marimbus-Iraquara foi estudado no trabalho "PEIXE SABIDO QUE ENXERGA DE LONGE" dos pesquisadores Flávia de Barros Prado Moura, José Geraldo Wanderley Marques, Eliane Maria de Souza Nogueira.
Outra que tem fama de fazer um delicioso Molé é Dona Antônia, que prepara tudo de forma tradicional, feito como nos tempos dos ancestrais.
O coco do dendê é pilado com todo cuidado.
Depois de pilar o dendê, coloca-se água pra apurar bem. Enquanto o caldo é coado, Dona Antônia tempera o mole.
Na panela, corante de urucum e óleo.
Depois, é só deixar uns 15 min para o cozimento do bambá, uma espécie de moqueca à moda escrava.
Está pronta a deliciosa e promissora receita!
Existe uma grande polêmica em torno dos afrodisíacos.
De um lado estão aqueles que acreditam no seu papel fisiológico e do outro os que acham que não passam de mero “efeito psicológico”.
Embora algumas virtudes dos afrodisíacos ainda não sejam comprovadas cientificamente, muitos estudos vêm sendo feitos na busca de explicações convincentes para os efeitos que determinados alimentos exercem sobre o organismo humano.
Especialistas no assunto afirmam que alguns alimentos estimulam a corrente sangüínea e, combinados a outros fatores, tais como o aspecto, o aroma e a sensação na boca, fazem despertar o desejo.
Segundo o médico Sérgio Iankowski "o verdadeiro órgão sexual é o cérebro, se ele não funciona bem, o resto falha.
No sexo, não tem nada mais importante que o poder de sugestão — avalia o especialista em Infertilidade e em Sexualidade Humana.
“Apetite e sexo são os grandes motores da história; preservam e propagam a espécie, provocam guerras e canções, influenciam religiões, a lei e a arte. Toda criação é um processo ininterrupto de digestão e fertilidade; tudo se reduz a organismos devorando-se uns aos outros, reproduzindo-se, morrendo, fertilizando a terra e renascendo transformados. Sangue, sêmen, suor, cinza, lágrimas e a incurável imaginação poética da humanidade buscando significados...” (ISABEL ALLENDE, 2002)
Casa-Grande & Senzala é célebre pelos seus capítulos sobre a sexualidade do Brasil Colonial.
É importante a descoberta de Freyre de que não foram os indígenas e nem os negros vindos da África que criaram a fama do brasileiro de promíscuo sexual.
Mais até do que o furor sexual do europeu, foi a promiscuidade do sistema escravocrata e patriarcal da colonização portuguesa que serviu para criar um ambiente de precocidade da sexualidade e de propagação de doenças venéreas como a sífilis, doença europeia por excelência.
Tanto os índios quanto os negros eram povos bem pouco sexualizados e nem de longe possuíam a malícia sensual dos europeus.
Essa defesa que Freyre faz da sexualidade do índio e do negro foi fundamental para servir de barreira para um crescente racismo “científico” que vinha se propagando desde o século XIX, e que servia de arma para apontar no indígena e no africano as origens de nossas mazelas sociais.
Estas mazelas têm origem desde antes do Brasil ser descoberto, pois alguns dos problemas de Portugal refletir-se- iam no futuro Brasil. Povo guerreiro e um Estado organizado antes que as outras nações europeias, Portugal esteve sempre em contato com o islã e seu sistema escravocrata.
A cada batalha contra os mouros eram feitos escravos, e isso foi péssimo, pois se sabe que a escravidão cria um desprezo pelo trabalho, especialmente o manual. Trabalho era coisa de mouro, os portugueses logo aprenderam.
Seus críticos apontam, que em sua apologia à mestiçagem, Freyre, criou uma imagem da história escravista na qual brancos e negros, escravos e amos e seus filhos mulatos viviam em uma relação de fraternidade e intimidade.
O segredo para essa convivência fraternal seria a interação sexual, que minguou o despotismo e a opressão característicos do contexto escravista.
Esse mito da “escravidão cordial ou branda”, como é chamado pelos críticos de Freyre, faz-se mais evidente com a figura do mulato como elemento mediador.
Sua pele mais clara lhe permitiria entrar em um processo de mobilidade social, transitando entre as raças e conciliando os extremos.
A teoria de Gilberto Freyre é criticada por não considerar que, num contexto escravista, existe um exercício do poder que recai sobre a sexualidade, em uma sociedade de relações de gênero e de classe assimétricas.
Ao olhos de Feryre, as índias foram muito úteis como procriadoras caboclas oferecidas para o colonizador português, supriram o grande problema da colonização: a falta de mulheres brancas.
Assim, a mulher índia seria a base da família brasileira.
Os portugueses legitimaram sua violência contra os índios considerando-os hereges, e chamando-os de bugres.
Gilberto Freyre não ignora que quem escravizava os índios e os matava eram os portugueses e mamelucos, os bandeirantes paulistas, a serviço dos plantadores de açúcar e admite mesmo que os jesuítas defenderam os índios contra essa violência.
Mas insiste no caráter artificial das missões jesuítas. Gilberto Freyre fala da relação da sociedade que se desenvolveu no nordeste com o escravo africano, e nos mostra que foi no Brasil que aconteceu o aprofundamento das relações em uma fusão cultural e racial entre brancos e negros.
Assim como o branco português, o negro africano, também foi apresentado como colonizador principalmente o escravo doméstico, por sua ligação intima com a casa-grande, o veículo da colonização através do sexo forçado pelo senhor à mucama resultando no filho mulato.
O cuidado com a sexualidade masculina estava diretamente relacionado com o aperfeiçoamento da população: relacionar-se com prostitutas, adquirir doenças venéreas ou ter sexo homoerótico eram vistos como causas de degeneração.
Ganharam importância visões e práticas relacionadas ao nacionalismo, a modelos moralistas de família, heterossexualidade, masculinidade, feminilidade e também normalidade sexual.
A função reprodutora do sexo era a pedra institucional de uma ordem nacional excludente e repressora.
Paralelamente a essas políticas de depuração racial e sexual, os intelectuais criavam ideais de nação com base no encontro sexual inter-racial.
Leia mais:
OS CORPOS (IN)VISÍVEIS - OU SINAIS DEMASCULINIDADES, ESTÉTICAS, MITOS E ESTEREÓTIPOS SEXUAIS DO HOMEMNEGRO ESCRAVIZADO NO BRASIL COLONIAL E IMPERIAL
Tipico da Chapada Diamantina o Molé o é também conhecido popularmente como “cumbá” e “bate-papo” e tem fama de afrodisíaco, sendo comumente servido na forma de escaldado com essa finalidade.
“... o único afrodisíaco verdadeiramente infalível é o amor. Nada consegue deter a paixão acesa de duas pessoas apaixonadas. Neste caso não importam os achaques da existência, o furor dos anos, o envelhecimento físico ou a mesquinhez das oportunidades; os amantes dão um jeito de se amarem porque, por definição, esse é o seu destino.” (Isabel Allende, 2002)
O termo “afrodisíaco” vem do grego “aphrodisiakós” e é utilizado desde o século I a.C., tendo suas origens, desde a Grécia Antiga, no nome de Afrodite, a deusa do amor, da beleza, da ternura e da sensualidade.
Afrodisíaco é qualquer substância que, teoricamente, aumente o apetite sexual.
As comidas afrodisíacas são consideradas como estimulantes do desejo sexual, pois dão uma acelerada geral na circulação, principalmente nas regiões sexuais, aumentando as intensidades das sensações de prazer.
“A ativação da libido se dá por causa do estímulo que esses alimentos promovem na corrente sanguínea”
O povoado de Remanso.
O Marimbus na Chapada Diamantina fica entre os municípios de Lençóis e Andaraí e o ponto de partida para o mini- pantanal semiárido baiano, ou simplesmente, Marimbus, é a partir da Comunidade Quilombola de Remanso, localizada a cerca de 20 quilômetros da cidade de Lençóis.
A Comunidade Quilombola de Remanso é reconhecida como patrimônio cultural pelo Ministério da Cultura e se originou na década de 20. Atualmente residem cerca de 300 habitantes afro-brasileiros.
Leia também:
A Comunidade Quilombola de Remanso desenvolve um trabalho de turismo solidário na Chapada Diamantina.
O Marimbus da Chapada da Diamantina é considerada uma área de proteção ambiental e o cenário deslumbrante permite avistar a fauna e flora da região com flores aquáticas parecidas as existentes no pantanal Matogrossense e Amazonense.
O povoado do Remanso é lugar é tão escondido na mata que serviu de esconderijo de escravos na época áurea da exploração de diamantes, são pouco mais de 200 pessoas, suas casas são humildes, muitas de pau-a-pique.
Um dos moradores mais famosos é o José Ramos Silva, pescador que mora na beira de Marimbus.
Por causa da proibição de extração de diamante, mais homens da Chapada passaram a peneirar as águas com redes, em busca do brilho das escamas.
A procura subiu, e o ofício da pesca ficou mais difícil.
Hoje, os pescadores precisam usar viveiros improvisados, que são caixas de pau, com as quais os peixes capturados podem ser conservados embaixo d´água.
Só os tiram do viveiro quando já pescaram o suficiente.
Se há um peixe que Dedé, pescador andaraiense espera que nunca acabe, esse peixe é o molé, ele garante que o peixe tem um exótico poder de multiplicação, num sentido quase bíblico da palavra. "É melhor que Viagra", garante pela experiência científica, mas nega ter feito uso das propriedades terapêuticas do pescado. Segundo Dedé, oito pirões de molé resultam em oito filhos.
E comer molezada dá em gêmeos na certa.
Sobre o Molé (Trachelyopterus galeatus Linnaeus, 1766)
Ocupando grandes extensões de seu baixo curso ocorrem áreas planas, sujeitas a inundações periódicas e conhecidas localmente como Marimbus.
A bacia do rio São José está contida no Parque Nacional da Chapada Diamantina e tem aproximadamente 400Km 2 .
O molé, é um bagre demersal de água doce pertencente à família Auchenipteridae, que se distribui amplamente na América do Sul.
Bem adaptado a ambientes com pouco oxigênio, consegue viver por algumas horas fora da água.
A estrutura dos espinhos de suas nadadeiras peitorais permite ao macho prender a fêmea durante a cópula, possibilitando a fecundação interna (BURGESS , 1989).
O conhecimento ictiológico tradicional de uma população de pescadores da Área de Proteção Ambiental (APA) de Marimbus-Iraquara foi estudado no trabalho "PEIXE SABIDO QUE ENXERGA DE LONGE" dos pesquisadores Flávia de Barros Prado Moura, José Geraldo Wanderley Marques, Eliane Maria de Souza Nogueira.
Outra que tem fama de fazer um delicioso Molé é Dona Antônia, que prepara tudo de forma tradicional, feito como nos tempos dos ancestrais.
O coco do dendê é pilado com todo cuidado.
Depois de pilar o dendê, coloca-se água pra apurar bem. Enquanto o caldo é coado, Dona Antônia tempera o mole.
Na panela, corante de urucum e óleo.
Depois, é só deixar uns 15 min para o cozimento do bambá, uma espécie de moqueca à moda escrava.
Está pronta a deliciosa e promissora receita!
Existe uma grande polêmica em torno dos afrodisíacos.
De um lado estão aqueles que acreditam no seu papel fisiológico e do outro os que acham que não passam de mero “efeito psicológico”.
Embora algumas virtudes dos afrodisíacos ainda não sejam comprovadas cientificamente, muitos estudos vêm sendo feitos na busca de explicações convincentes para os efeitos que determinados alimentos exercem sobre o organismo humano.
Especialistas no assunto afirmam que alguns alimentos estimulam a corrente sangüínea e, combinados a outros fatores, tais como o aspecto, o aroma e a sensação na boca, fazem despertar o desejo.
Segundo o médico Sérgio Iankowski "o verdadeiro órgão sexual é o cérebro, se ele não funciona bem, o resto falha.
No sexo, não tem nada mais importante que o poder de sugestão — avalia o especialista em Infertilidade e em Sexualidade Humana.
“Apetite e sexo são os grandes motores da história; preservam e propagam a espécie, provocam guerras e canções, influenciam religiões, a lei e a arte. Toda criação é um processo ininterrupto de digestão e fertilidade; tudo se reduz a organismos devorando-se uns aos outros, reproduzindo-se, morrendo, fertilizando a terra e renascendo transformados. Sangue, sêmen, suor, cinza, lágrimas e a incurável imaginação poética da humanidade buscando significados...” (ISABEL ALLENDE, 2002)
Casa-Grande & Senzala é célebre pelos seus capítulos sobre a sexualidade do Brasil Colonial.
É importante a descoberta de Freyre de que não foram os indígenas e nem os negros vindos da África que criaram a fama do brasileiro de promíscuo sexual.
Mais até do que o furor sexual do europeu, foi a promiscuidade do sistema escravocrata e patriarcal da colonização portuguesa que serviu para criar um ambiente de precocidade da sexualidade e de propagação de doenças venéreas como a sífilis, doença europeia por excelência.
Tanto os índios quanto os negros eram povos bem pouco sexualizados e nem de longe possuíam a malícia sensual dos europeus.
Essa defesa que Freyre faz da sexualidade do índio e do negro foi fundamental para servir de barreira para um crescente racismo “científico” que vinha se propagando desde o século XIX, e que servia de arma para apontar no indígena e no africano as origens de nossas mazelas sociais.
Estas mazelas têm origem desde antes do Brasil ser descoberto, pois alguns dos problemas de Portugal refletir-se- iam no futuro Brasil. Povo guerreiro e um Estado organizado antes que as outras nações europeias, Portugal esteve sempre em contato com o islã e seu sistema escravocrata.
A cada batalha contra os mouros eram feitos escravos, e isso foi péssimo, pois se sabe que a escravidão cria um desprezo pelo trabalho, especialmente o manual. Trabalho era coisa de mouro, os portugueses logo aprenderam.
Seus críticos apontam, que em sua apologia à mestiçagem, Freyre, criou uma imagem da história escravista na qual brancos e negros, escravos e amos e seus filhos mulatos viviam em uma relação de fraternidade e intimidade.
O segredo para essa convivência fraternal seria a interação sexual, que minguou o despotismo e a opressão característicos do contexto escravista.
Esse mito da “escravidão cordial ou branda”, como é chamado pelos críticos de Freyre, faz-se mais evidente com a figura do mulato como elemento mediador.
Sua pele mais clara lhe permitiria entrar em um processo de mobilidade social, transitando entre as raças e conciliando os extremos.
A teoria de Gilberto Freyre é criticada por não considerar que, num contexto escravista, existe um exercício do poder que recai sobre a sexualidade, em uma sociedade de relações de gênero e de classe assimétricas.
Ao olhos de Feryre, as índias foram muito úteis como procriadoras caboclas oferecidas para o colonizador português, supriram o grande problema da colonização: a falta de mulheres brancas.
Assim, a mulher índia seria a base da família brasileira.
Os portugueses legitimaram sua violência contra os índios considerando-os hereges, e chamando-os de bugres.
Gilberto Freyre não ignora que quem escravizava os índios e os matava eram os portugueses e mamelucos, os bandeirantes paulistas, a serviço dos plantadores de açúcar e admite mesmo que os jesuítas defenderam os índios contra essa violência.
Mas insiste no caráter artificial das missões jesuítas. Gilberto Freyre fala da relação da sociedade que se desenvolveu no nordeste com o escravo africano, e nos mostra que foi no Brasil que aconteceu o aprofundamento das relações em uma fusão cultural e racial entre brancos e negros.
Assim como o branco português, o negro africano, também foi apresentado como colonizador principalmente o escravo doméstico, por sua ligação intima com a casa-grande, o veículo da colonização através do sexo forçado pelo senhor à mucama resultando no filho mulato.
O cuidado com a sexualidade masculina estava diretamente relacionado com o aperfeiçoamento da população: relacionar-se com prostitutas, adquirir doenças venéreas ou ter sexo homoerótico eram vistos como causas de degeneração.
Ganharam importância visões e práticas relacionadas ao nacionalismo, a modelos moralistas de família, heterossexualidade, masculinidade, feminilidade e também normalidade sexual.
A função reprodutora do sexo era a pedra institucional de uma ordem nacional excludente e repressora.
Paralelamente a essas políticas de depuração racial e sexual, os intelectuais criavam ideais de nação com base no encontro sexual inter-racial.
Leia mais:
OS CORPOS (IN)VISÍVEIS - OU SINAIS DEMASCULINIDADES, ESTÉTICAS, MITOS E ESTEREÓTIPOS SEXUAIS DO HOMEMNEGRO ESCRAVIZADO NO BRASIL COLONIAL E IMPERIAL
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