Casa Godinho declarada patrimônio cultural imaterial

Fundada na Praça da Sé em 1888 por um português chamado Jose Maria Godinho, depois transferida para o Edifício mais antigo da Cidade de São Paulo, Sampaio Moreira quando este foi fundado em 1923 na Rua Libero Badaró, 340 e neste local instalada até hoje. 
















Com toda a arquitetura original instalada, as prateleiras de madeira imbuia que por essa razão duram até hoje e piso de ladrilho hidráulico português originais que dentre outros fatores nos dá o título de Patrimônio Imaterial da Cidade de São Paulo. 
Adquirida em 1995 por Miguel Romano dali em diante foi aperfeiçoando os produtos que já eram de extrema qualidade e bom gosto, resultado disso foi o título recebido em 2012 de termos a Melhor Empada de São Paulo, avaliada e premiada pela Revista Veja. 
A categoria “Patrimônio Imaterial da Humanidade” da UNESCO foi estabelecida em 2003 em suplemento àquela outra já mais conhecida – a de “Patrimônio Cultural da Humanidade” que abrange igrejas, cidades, castelos, paisagens. 
A certificação de “Patrimônio Imaterial” reconhece as “práticas, representações, expressões, conhecimentos e habilidades que são transmitidas de geração a geração e que promovem a identidade de comunidades e grupos”

Já são patrimônios imateriais brasileiros Em 2010, a comida começou a aparecer entre as expressões que devem ser salvaguardadas pela UNESCO. 
As primeiras eleitas foram as cozinhas mexicana, mediterrânea (Grécia, Itália, Espanha e Marrocos) e francesa. Em 2013 foi a vez do washoku, tradicional refeição do Japão. Mas para as culturas destes locais o que isto afinal significa? O reconhecimento do washoku japonês é um bom exemplo neste sentido. 
Além de contribuir para a preservação do rito ancestral diante do avanço da ocidentalização, instituições e cozinheiros japoneses acreditam que a certificação da UNESCO ajudará a aliviar as preocupações do mundo acerca dos produtos japoneses em meio aos desastres de Fukushima. 
Conforme explica a pesquisadora Rachel Laudan, especialista em história da gastronomia, um dos maiores méritos do reconhecimento da Unesco é o de “deixar explícito o que todos nós sabemos: cozinha é muito mais que apenas ingredientes e processos protegidos por denominação de origem, também as frutas e vegetais frescos locais, o queijo e o vinho produzidos artesanalmente; é a totalidade da tradição da comida que conta”. 
Ainda segundo a autora, o grande desafio está justamente em conseguir que uma validação de um órgão oficial como a UNESCO se transforme não apenas em experiências turísticas inesquecíveis, mas se converta em orgulho e cooperação dos povos locais. 
E mais: que o reconhecimento de uma tradição não seja uma forma de bloquear as mudanças que naturalmente ocorrem, mas um caminho de criatividade através da preservação da memória.
Mais que um fim em si mesmo, um reconhecimento da UNESCO é uma chamada de atenção para o valor da gastronomia na formação cultural de um povo e para a importância de se preservá-la. “Os primeiros patrimônios imateriais da humanidade, ligados à comida, abrem caminho para que outros países se candidatem à lista de preservação de seus saberes culinários. Assim como a dança, a arte e a música são tradições que merecem ser salvaguardadas, a alimentação agora integra as fileiras de bens que representam a expressão máxima da cultura de um país”   

Empório Casa Godinho, um lugar de coisa boa por preço acessível resultado de mais de um século de existência e parceria com seus fornecedores, bem como um lugar de constante evolução na produção de alimentos para desde o mais elitizado público da Cidade de São Paulo como também aos mais humildes consumidores que diariamente frequentam o centro da cidade. 
Entrar na Casa Godinho ativa a memória afetiva e histórica sobre a cidade de São Paulo. 
São peças de bacalhau expostas logo na entrada, garrafas de cachaça e vinho em prateleiras de imbuia, potes de grãos, temperos a granel, balança antiga, empadas consideradas as melhores da cidade e muitos outros produtos típicos de um armazém de secos e molhados. 
Tudo isso em uma loja que funciona no mesmo endereço desde 1924. “É impressionante a quantidade de idosos que se emocionam e dizem ‘eu vinha aqui com meus pais quando era criança’”, conta com orgulho o proprietário da Godinho, Miguel Romano. 
“Alguns achavam até que ela não existia mais.” 
Esse patrimônio foi reconhecido pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp), que justificou assim a decisão de declarar a Casa Godinho como primeiro bem imaterial da cidade:
“É um dos raros remanescentes de um tipo de estabelecimento comercial que predominou em São Paulo entre o final do século 19 e meados do século 20, especializado na venda de secos e molhados e preferencialmente mantido por imigrantes de origem portuguesa e seus descendentes”

A Casa Godinho foi fundada em 1888 pelo português José Maria Godinho, na Praça da Sé, sendo transferida depois para a Rua Líbero Badaró, 340, no centro de São Paulo, onde funciona até hoje. O fato de o empório manter a mesma ambientação da época e comercializar basicamente os mesmos tipos de produtos também pesou na decisão do Conpresp. 
Segundo Romano, a loja não faz propaganda e sua fama vem do boca a boca. Depois da decisão do Conpresp, anunciada em janeiro, o número de clientes aumentou. 
De acordo com o proprietário, nunca houve intenção de alterar a caracterização do estabelecimento, mas mudar era uma opção. 
Com o registro de bem imaterial, “agora é uma obrigação manter a tradição”. Apesar de comprar na Casa Godinho ser uma viagem ao passado, o estabelecimento se prepara para o futuro: tem site, Facebook e Twitter e está ampliando seu espaço, mas sem perder as características. “Eu ficaria muito chateado se, em 2023, quando o Conpresp fizer a revisão, a gente perder esse título”, afirma Romano.

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