Bata de Feijão da zona rural de Feira de Santana.
Bata de Feijão,
vamos todos começar
Os Homi pra bater
As mulher pra biatar.
Tradição da Bata do Feijão demonstra a riqueza das linguagens artísticos-culturais que caracterizam a relação do homem com a terra e ao desenvolvimento das atividades camponesas no Brasil.
A "Bata de feijão" se caracteriza pela reunião de lavradores rurais que cantam batuques em forma de pareias enquanto tiram a palha batendo com um pedaço de madeira no monte de feijão colocado no centro do terreiro.
A Bata é um trabalho e ao mesmo tempo uma festa que faz parte da colheita do feijão na zona rural de Feira de Santana. Colhido o feijão ele é secado ao sol em cima de uma armação de madeira chamada ‘moleque’, feita na própria roça.
Depois de secos são levados para o terreiro do proprietário da lavoura, onde acontece então a Bata.
Faz-se uma ‘ruma’ imensa de feijão e os homens dançam e cantam em torno batendo nela com cacetes de madeira. As batidas são ritmadas com os cânticos entoados por todos os presentes e chamados de ‘Cantoria de Boi de Roça’.
Depois de bem batidos, segue o processo da ‘biatagem’, ou seja, separar o feijão das cascas e do pó. Como diz o verso da cantiga, a biatagem é um trabalho feito geralmente pelas mulheres que se utilizam de grandes peneiras ou arupembas para o serviço.
Enquanto isso, uma nova montanha de feijão é feita e os homens recomeçam a cantoria e o baticum.Tudo regado a uma boa pinga e muita cantoria que depois se estende ao forró e ao samba-de-roda.
Acontecendo geralmente entre os meses de setembro e outubro, as batas de feijão fazem parte das festividades tradicionais da Quixabeira, território que se estende das zonas rurais de Feira de Santana à região sisaleira, nas proximidades dos municípios de Valente e Santa Luz, no sertão baiano.
Diferente dos sambas de roda, das chulas e reisados, as batas de milho e de feijão e os bois de roça pertencem à tradição dos cantos de trabalho, que funcionam como elemento de ludicidade na realização do plantio, tratamento (as batas) e colheita de forma coletiva.
Os cantos de trabalho podem ser entendidos como manifestações que fazem parte da relação mágico-ancestral de homens e mulheres com a natureza, marcando a vida comunitária de diversos povos, como forma de amenizar o esforço físico, dar ritmo e cadência ao labor, e também como forma de comunicação e resistência.
Nas fazendas e engenhos, os cantos de trabalho eram a forma que os negros escravizados encontraram também para se comunicarem e manter a alegria diante da exaustiva jornada de trabalho em cativeiro a que estavam submetidos.
Na Escola Municipal Alda Marques, em Feira de Santana- BA, a bata do feijão inspirou as professoras Lívia e Sandra a oportunizar várias experiências e aprendizagens ao grupo de três anos: “Conversamos como é feita a bata do feijão, onde o dono da roça bota o feijão para secar.
Depois de as vagens estarem secas, o dono da roça chama os vizinhos para ajudar no trabalho de debulhar.
Todos os homens fazem uma grande roda com um pau na mão e começam a bater na vagem seca que está no terreiro, e vão cantando a música.
Depois de separar o feijão da vagem, eles separam o feijão e jogam as vagens secas no mato para adubar a terra.
Enquanto este é o trabalho dos homens, as mulheres estão fazendo feijoada para todos comerem”. Ainda, segundo as professoras, as crianças cantaram, tocaram, movimentara-se e aprenderam sobre plantio e colheita. Plantaram e cuidaram de seus pés de feijão, em sintonia com a ampliação de seus repertórios culturais, musicais e festivos.
E em meio a estas divertidas vivências, conheceram e cantaram um dos cantos das batas da região: Tanta gente pra comer, E eu sozinho pra bater Bate feijão, Mané João Que eu quero ver palha no chão. Na região de Quixabeira os cantos atravessaram gerações, foram se modificando e se adequando a novas realidades.
Como nos relata Sandro Santana, durante as batas, geralmente se reúne toda a família, incluindo mulheres e crianças. Enquanto os homens vão dando porretadas nas vagens e juntando as partes que se espalham com os pés, as mulheres seguem em fila, retirando com uma peneira as cascas que sobraram.
Depois das batas, é comum as mulheres cantarem suas cantigas de roda enquanto peneiram.
Uma das canções comumente cantadas nessas ocasiões, Amor de longe, se tornou bastante conhecida através do grupo. Quixabeira de Lagoa da Camisa: Amor de longe, benzinho. É favor não me querer, benzinho. Dinheiro eu não tenho, benzinho. Mas carinho eu sei fazer até demais.
Os Homi pra bater
As mulher pra biatar.
Tradição da Bata do Feijão demonstra a riqueza das linguagens artísticos-culturais que caracterizam a relação do homem com a terra e ao desenvolvimento das atividades camponesas no Brasil.
A "Bata de feijão" se caracteriza pela reunião de lavradores rurais que cantam batuques em forma de pareias enquanto tiram a palha batendo com um pedaço de madeira no monte de feijão colocado no centro do terreiro.
A Bata é um trabalho e ao mesmo tempo uma festa que faz parte da colheita do feijão na zona rural de Feira de Santana. Colhido o feijão ele é secado ao sol em cima de uma armação de madeira chamada ‘moleque’, feita na própria roça.
Depois de secos são levados para o terreiro do proprietário da lavoura, onde acontece então a Bata.
Faz-se uma ‘ruma’ imensa de feijão e os homens dançam e cantam em torno batendo nela com cacetes de madeira. As batidas são ritmadas com os cânticos entoados por todos os presentes e chamados de ‘Cantoria de Boi de Roça’.
Depois de bem batidos, segue o processo da ‘biatagem’, ou seja, separar o feijão das cascas e do pó. Como diz o verso da cantiga, a biatagem é um trabalho feito geralmente pelas mulheres que se utilizam de grandes peneiras ou arupembas para o serviço.
Enquanto isso, uma nova montanha de feijão é feita e os homens recomeçam a cantoria e o baticum.Tudo regado a uma boa pinga e muita cantoria que depois se estende ao forró e ao samba-de-roda.
Acontecendo geralmente entre os meses de setembro e outubro, as batas de feijão fazem parte das festividades tradicionais da Quixabeira, território que se estende das zonas rurais de Feira de Santana à região sisaleira, nas proximidades dos municípios de Valente e Santa Luz, no sertão baiano.
Diferente dos sambas de roda, das chulas e reisados, as batas de milho e de feijão e os bois de roça pertencem à tradição dos cantos de trabalho, que funcionam como elemento de ludicidade na realização do plantio, tratamento (as batas) e colheita de forma coletiva.
Os cantos de trabalho podem ser entendidos como manifestações que fazem parte da relação mágico-ancestral de homens e mulheres com a natureza, marcando a vida comunitária de diversos povos, como forma de amenizar o esforço físico, dar ritmo e cadência ao labor, e também como forma de comunicação e resistência.
Nas fazendas e engenhos, os cantos de trabalho eram a forma que os negros escravizados encontraram também para se comunicarem e manter a alegria diante da exaustiva jornada de trabalho em cativeiro a que estavam submetidos.
Na Escola Municipal Alda Marques, em Feira de Santana- BA, a bata do feijão inspirou as professoras Lívia e Sandra a oportunizar várias experiências e aprendizagens ao grupo de três anos: “Conversamos como é feita a bata do feijão, onde o dono da roça bota o feijão para secar.
Depois de as vagens estarem secas, o dono da roça chama os vizinhos para ajudar no trabalho de debulhar.
Todos os homens fazem uma grande roda com um pau na mão e começam a bater na vagem seca que está no terreiro, e vão cantando a música.
Depois de separar o feijão da vagem, eles separam o feijão e jogam as vagens secas no mato para adubar a terra.
Enquanto este é o trabalho dos homens, as mulheres estão fazendo feijoada para todos comerem”. Ainda, segundo as professoras, as crianças cantaram, tocaram, movimentara-se e aprenderam sobre plantio e colheita. Plantaram e cuidaram de seus pés de feijão, em sintonia com a ampliação de seus repertórios culturais, musicais e festivos.
E em meio a estas divertidas vivências, conheceram e cantaram um dos cantos das batas da região: Tanta gente pra comer, E eu sozinho pra bater Bate feijão, Mané João Que eu quero ver palha no chão. Na região de Quixabeira os cantos atravessaram gerações, foram se modificando e se adequando a novas realidades.
Como nos relata Sandro Santana, durante as batas, geralmente se reúne toda a família, incluindo mulheres e crianças. Enquanto os homens vão dando porretadas nas vagens e juntando as partes que se espalham com os pés, as mulheres seguem em fila, retirando com uma peneira as cascas que sobraram.
Depois das batas, é comum as mulheres cantarem suas cantigas de roda enquanto peneiram.
Uma das canções comumente cantadas nessas ocasiões, Amor de longe, se tornou bastante conhecida através do grupo. Quixabeira de Lagoa da Camisa: Amor de longe, benzinho. É favor não me querer, benzinho. Dinheiro eu não tenho, benzinho. Mas carinho eu sei fazer até demais.
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