CURITIBA RECEBE PRIMEIRA INDICAÇÃO GEOGRÁFICA COM BROA DE CENTEIO

Por André Luiz Gomes

A broa de centeio é o mais novo produto paranaense a ganhar o reconhecimento de Indicação Geográfica (IG) de procedência. Prestes a completar dois anos do pedido, a resposta positiva identifica a origem do produto e valoriza a identidade, qualidade e desenvolvimento econômico regional. 

Com mais de 150 anos de história, as broas de centeio de Curitiba (PR) e região receberam, nesta terça-feira (14), o registro de Indicação Geográfica (IG) do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O reconhecimento na modalidade de Indicação de Procedência é o primeiro concedido a um produto de panificação no Brasil. Com a publicação, passam a ser 126 IGs brasileiras reconhecidas no país, sendo 97 por Indicação de Procedência e 29 por Denominação de Origem – além de outras 10 estrangeiras.

O registro engloba os municípios de Curitiba, Araucária, São José dos Pinhais, Almirante Tamandaré, Colombo, Pinhais e Piraquara. A receita das broas acompanhou a formação e o desenvolvimento do Paraná e, mais especificamente, de Curitiba, com base nas origens dos imigrantes europeus.

“As Indicações Geográficas têm um papel de fortalecer a reputação e promover a abertura de novos mercados para os produtos das regiões reconhecidas, o que passa a acontecer com as broas de centeio de Curitiba. Os pequenos negócios de panificação da região serão protagonistas na proteção desse patrimônio e na garantia da qualidade de um produto tradicional com possibilidades de maior retorno para todos os envolvidos na sua produção e comercialização”, comentou a coordenadora de Tecnologias Portadoras de Futuro do Sebrae, Hulda Giesbrecht. “É uma forma de ter mais valor agregado, além de promover a geração de empregos na região”, completou.

Com o registro no INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), o alimento se torna o primeiro pão das Américas com indicação geográfica e o primeiro reconhecimento de Curitiba. 

A broa de centeio foi trazida pelos imigrantes europeus e é considerada um produto cultural que está relacionado a hábitos e tradições de um povo. Na capital paranaense, a imigração de colonos de países do centro-europeu, como Alemanha, Polônia e Ucrânia trouxe a broa de centeio. 

O alimento tem variações que foram adaptadas ao longo do tempo, como a broa úmida, a broa integral, broa mista, broa preta, broa de linhaça, broa vegana, broa diet, entre outras. Conforme levantamento, os colonos trouxeram a semente de centeio e passaram a cultivar o cereal na região para produção da broa, em especial nas cidades de Curitiba, São José dos Pinhais, Colombo, Araucária, Almirante Tamandaré, Pinhais e Piraquara – justificando o reconhecimento pelo INPI.

Como é produzido?

A broa é um pão obtido por meio da combinação de farinhas de centeio e trigo, com a adição de água e sal, resultado do processo de fermentação e cocção, podendo ter outros ingredientes como açúcares, gorduras e fermento biológico. O produto passou de um alimento simples e hoje é um patrimônio da capital paranaense. Há registros de que ele foi oferecido a visitantes ilustres como o Imperador do Brasil Dom Pedro II, no século XIX, e ao Papa João Paulo II, no século passado.

Mesmo sendo um produto tradicional, as broas de centeio de Curitiba passaram por transformações. Durante mais de um século e meio, as receitas e processos de produção se adaptaram à disponibilidade de farinhas, fermentos, às alterações nos processos de produção de pão, à legislação e às demandas dos consumidores.

“O produto também ganhou, ao longo dos anos, relevância cultural e econômica, ocupando um espaço de destaque na identidade gastronômica e no imaginário coletivo da cidade, aspectos que contribuíram para a concessão da IG”, destaca o comunicado do INPI.

Importância da Indicação Geográfica

A indicação geográfica é uma ferramenta de valorização de produtos tradicionais vinculados a determinados territórios. Segundo o Sebrae, ela possui duas funções principais: agregar valor e proteger a região produtora. 

As IGs ajudam na preservação da biodiversidade, do conhecimento e dos recursos naturais. Além disso, trazem contribuições para a economia local e para o dinamismo regional, já que proporcionam a criação de valor regional. 


Fonte: ASN

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