Os Segredos do Furá
-Como é mesmo tia Romélia?
-E tu não sabes menina? Olha que tu sabes muito bem, o nome é punheta, bolinho de estudante é pronúncia de besta!”
A saber, D. Romelia era uma eximia cozinheira, tinha um tabuleiro de acarajé, em frete a Casa Jorge Amado no Pelourinho, esposa do famoso Mestre de Capoeira seu Pastinha, muito amiga do Jorge e de Carybé, que aparece na foto, esfriando sua cabeça.
Mas o que poucos sabem e que o ”Bolinho de Estudante”, vem de uma tradição Ioruba, de comer com as mãos, exemplos o Fufu ou o Funge, são guarnições feitas apartir da mandioca, inhame ou banana que são trituradas em uma consistência de massa de pão e ingeridos em pequenas bolas com acompanhamento a uma sopa de imersão ou molho.
Furá são bolinhos, ou bola de arroz, inhame, farinha de mandioca, farinha de milho fazem parte da comida votiva, típicos na cultura Ioruba, que apontam para as tradições religiosas voltadas aos mitos fundadores. Pois tudo que é “fun fun” é muito antigo e recupera a criação do mundo pelo Orixá Oxalá, criador da terra e do homem; e do orixá Iroko, árvore primordial, que é o contato divino e permanente entre o ayê – terra –, e o orum – céu. e pertinente a vários rituais e orixás da cultura afro-brasileira o candomblé.
Este alimento ritual é muito comum nos rituais de limpeza de corpo, bori, assentamento de cabeça, axexê, apanan, feitura de santo.
O Furá também é compartilhado nas Festas de Tambor de Mina no Maranhão.
Na Casa das Minas a encarregada da cozinha é denominada de vodunsiponcilê, que costuma ser uma pessoa idosa, discreta e de inteira confiança da dirigente, muitas vodunsis em geral são boas cozinheiras, conhecedoras de temperos e do ponto certo no preparo dos alimentos, onde a comida representa uma obrigação, um sacrifício, um pedido de proteção e uma benção.
O Furá também está presente na Casa do Pai Airton, oferecido aos voduns para pedir força e axé, servido na sábado de Aleluia e nos dias de São Jorge e de Santa Bárbara, que são entidades principais das festas da Casa.
Na língua iorubá, a palavra Pánsá costuma ser usada na poesia para expressar uma verdade incômoda, sem censura e inconveniente. De acordo com o ditado iorubá “Pánsá o fura, Pánsá ja! Aja o fura, Aja jin! onile ti oba fura, ole ni o ko”.
Na tradução: “A cabaça seca foi descuidada, portanto foi arrancada! As vigas foram descuidadas, portanto, desabou! O chefe da família que não for cuidadoso será varrido pelos ladrões”. Pánsá no dicionário iorubá é uma cabaça seca sem cortes, com sementes.
A Cabaça é a ligação entre o Aye e o Orum, e o Furá, usado nas cerimônias, são um alimento que traz equilíbrio mental, além de promover cura na alma e nos processos mais desafiadores.
Também é conhecido como Hausa fufu, é feito de Arroz, Inhame pilados, e pode ser comido com sopa de feijão, conhecido na terra Yoruba como gbegiri. Esta comida é apreciada principalmente na parte norte da Nigéria, mas outras pessoas de diferentes tribos também comem esta comida.
O termo “Fufu” é uma palavra para um prato tradicional nigeriano específico. Embora sirva como um termo genérico para a família de alimentos ricos em amido da Nigéria, independentemente disso, a descrição se expandiu ao longo dos anos para incluir outros alimentos básicos feitos de ingredientes ricos em amido, como inhame, trigo, banana, milho e arroz.
Tipos de Furá
Bolas de arroz: O Arroz é cozido na água sem sal, até ficar pastoso, depois batido com uma colher de pau até soltar da panela, em seguida formar os bolos de forma arredondada com as mãos.
Bolas de farinha: Coloca-se a farinha, depois a água e modela os bolos de forma arredondada com as mãos.
Bolas de inhame: O inhame deve ser bem cozido em água sem sal, depois pilado, ou com a ponta de um garfo, em seguida sovado para obter uma massa pastosa e modela os bolos de forma arredondada com as mãos.
Bolinhos de dendê :Coloca-se a farinha, depois a água, azeite de dendê e modela os bolos de forma arredondada com as mãos.
Bolinhos de Iemanjá: O Arroz ou milho branco é cozido na água sem sal, até ficar pastoso, depois batido com uma colher de pau até soltar da panela, em seguida formar os bolos de forma arredondada com as mãos.
Os de formas alongadas são fritos em azeite ou óleo, sendo carinhosamente oferendado aos Ibejis e apreciados pelo povo do santo. Nota Este mesmo bolinho é vendido nos tabuleiros das baianas de acarajé com o nome de punheta ou bolinho de estudante.
Ingredientes:
1 xícaras de farinha de trigo
1 xícaras de farinha de tarioca
1 colher de sopa de fermento em pó
1 colher de chá de sal
1 xícara leite de coco fresco
3 colheres de sopa de manteiga, derretida
PARA OS BOLINHOS:
4-6 copos de água para ferver.
Misture a farinha, fermento em pó, e o sal, ponha o leite e a manteiga para ferver em uma tigela de microondas, cerca de 1 minuto. Misturar o leite quente com as farinhas com uma colher de pau até incorporada e lisa.
Faca bolinhas, e coloque na agua quente, mantendo a distante entre eles(você deve ter cerca de 18 bolinhos). Reduza o fogo, cubra e cozinhe até que os bolinhos tênham o dobro do tamanho, 15 a 18 minutos. Enquanto isso comece a receita de xarope da seguinte maneira.
Ingredientes para a calda:
4 xícaras de açúcar
1 1/2 xicara de leite de coco grosso
Modo de Fazer:
Coloque 4 xícaras de açúcar em uma panela pesada tamanho médio e cozinhe em fogo médio até começar a caramelizar, mexendo sempre. Quando estiver marrom, cuidadosamente começa adicionando o leite de coco até obter a consistência que você quer. Transfira os bolinhos para uma tigela e cubra com a calda, mexa até todos os bolinhos, ate totalmente revestidos, passe no coco ralado.
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