Gengibre histórico
O gengibre curou as ressacas de Pedro l, as flatulência de Isabel, e as depressões de Pedro ll, além disso, a planta nos ajuda à construir o cenário e o caráter exótico da presença monarca Europeias, nas terras de Pindorama.
Mercadores trouxeram-no do Oriente, o gengibre (Zingiber officinale), uma planta herbácea da família das Zingiberaceae, originária da ilha de Java, da Índia e da China, de onde se difundiu pelas regiões tropicais do mundo.
Também conhecido por Mangarataia ou mangaratiá no norte do Brasil, principalmente pelos indígenas.
É conhecido na Europa desde tempos muito remotos, para onde foi levado por meio das Cruzadas. Em Portugal existe registro da sua presença desde o reinado de D. João III (1521-1557).
O Gengibre chegou menos de um século após o descobrimento.
Sebastião, a Guanabara, e a escravaria, mijaram muito gengibre, no Império, onde nem de tedio, nem de banzo se morria.
No 1º Império, o clima tórrido e pachorrento dos trópicos exigia um refrigério, e o Aluá torna-se moda na corte.
"Aluá uma bebida fermentada tipicamente brasileira, tem a essência dos negros e índios brasileiros."
Os índios da Amazônia faziam uma bebida com abacaxi que ficava durante três noites fermentando ao luar, razão pela qual o folclorista Luís da Câmara Cascudo sugere ser o nome aluá uma corruptela de “ao luar”.
Na verdade, "Aluá" uma palavra yorubá (lú, em yorubá, significa misturar) que é usada em um ritual onde se movimenta e mistura a água com a bebida aluá, visando agitar o que está parado, a fim de que a purificação seja favorecida e que o que está velho possa ser renovado através do movimento.
"A palavra yorubá que designa o Gengibre é Atale, pois a planta tem o poder de aquecer e iluminar, dando-nos alegria."
Naturalistas que visitavam o país (colônia, naquela época) achavam que se tratava de uma planta nativa, pois era comum encontrá-la em estado silvestre.
Pedro I O Boêmio temerario.
D. Pedro I, dado a romances torridos, concubinas, filhos bastardos e toda sorte de excessos, não dispensava um bom Aluá para curar suas ressacas.
Pelo que consta, diferentemente de seu pai, o glutão Dom João Vl, o enfante mantinha prazeres mais etílicos, e menos regrados.
Os efeitos deletérios do insuportável gênio do monarca, deixaram sua marca temerária, como nosso primeiro playboy.
Pedro II O Erudito taciturno.
O melancólico Pedro ll, segundo contam, era "bom de garfo", comia muito e depressa, e adorava doces, especialmente os de goiaba.
Doces de Cidrão, Marmeladas, Doces de figos e boas tachas de Ambrosia, sublimaram as depressões do monarca, e mantiveram acesas, mesmo que na intimidade, seu furor e paixão.
Por ser abstêmio, não se furtava em consumir "Jengibirra", um refrigério feito a partir do gengibre e da cana, preparação provenientes das culturas negras e indígenas.
A Jengibirra é um dos principais símbolos da cultura amapaense, um de seus principais ícones ao lado do Espírito Santo, da Santíssima Trindade, que se pretende Patrimônio Cultural e Imaterial do Amapá.
Expressão popular "Marca Barbante."
Trata-se de uma expressão informal antiga e caída em desuso, mas que teve momentos de glória no século XIX e avançou por parte do século XX, refere-se as primeiras iniciativas na preparação de uma cerveja artesanal, feitas à partir do Gengibre, onde no intuito de conter a fermentação, se afixavam barbantes amarrando as rolhas.
De uma forma ou de outra, a tal “marca barbante” da bebida ordinária, vira-lata, inferior, passou a ter emprego metafórico para qualificar qualquer coisa ou pessoa que se quisesse depreciar.
Izabel, a redentora pra inglês ver.
Tabajara ou armengue são adjetivos consagrados do adágio popular, para designar algo mal construído, assim parece foi o discurso de Redentora da Inha Zabel.
Em obediência ao marido, à dieta e o regime foram serias imposições a princesa Izabel, na ausência de seu marido o Conde D'Eu.
O tema foi recorrente na correspondência da princesa, na qual ela vai dando notícias sobre o seu sucesso, seus crimes e pecados contra a balança.
A magreza era odiada nessa época, que valorizava as“curvas femininas”, porém, a gordura era rejeitada não só quando comprometia a saúde, mas também a elegância.
Alegava ser muito difícil manter a dieta em São Cristóvão e, comumente, prometia que no dia seguinte a seguiria com rigor.
O gosto da princesa Isabel, que vivia na luta contra o excesso de peso, incorporava pratos populares – ela adorava os pratos baianos onde se faziam presentes o Gengibre como o vatapá e caruru, mas não abria mão das geleias de laranja, as suas preferidas pelas manhãs.
À "bondosa alma" da princesa, nunca poupou a escravaria dos excessos de trabalho, Petrópolis e São Cristóvão, mantinha amas e aias, e todo um secto de escravos disponíveis para boas e nobres refeições reais, saraus, picnics e banquetes, um sem fim de faustuosos compromissos gastronômicos, que poderiam se aquilatar em suntuosidade a quaisquer casa Europeia.
O gengibre já gozava de boa fama nas mesas francesas, e por aqui nas mesas monarcas, não seria diferente, deu sabor aos banquetes afrancesados, que nao fizeram feio, na opulência tupiniquim.
Izabel tinha especial atenção aos doces de ovos, sorvetes e bolos, especialmente, o pão de ló. Ela “comia com os olhos”, deleitava-se com os alimentos, dizia “regalei-me com os morangos”.
Na intimidade do lar, a princesa se aventurava na cozinha, fazendo bolinhos de aipim, ensinando sua irmã,D. Leopoldina, é muito apreciado por sua mãe D. Teresa Cristina.
O menu e sua adequação à ocasião e aos convidados era um sinal de que a dona da casa dominava a “arte de receber e bem servir”.
As adegas eram bem servidas, os melhores "Portos, Madeiras e Tawny" nas noites frias de Petrópolis, podiam dar lugar ao vinho quente com especiarias e claro gengibre, temperando à mansarda. “chegou uma enorme provisão de vinho e contamos de esquecer os tormentos da solidão entregando-nos às delícias de Baco”.
20.06.2020
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