Dona Maria Romélia da Costa de Oliveira

Dona Romêlia ladeada por Mestre Pastinha, ícone da Capoeira na Bahia.

Dona Romélia teve um papel fundamental na preservação da culinária tradicional, e acolhimento, num dos momentos mais difíceis da vida do Mestre Pastinha.

Num espaço marcadamente masculino, é importante pensar, para além do patriarcado, a questão transcendente, de como as mulheres, diferentemente da cultura do enfrentamento(Capoeira) na culinária, foram importantes para ampliar os Saberes dentro de uma política dialética de aceitação e diplomacia.

Capoeira é manha, é mandinga e tudo que a boca come..


Preservar e Cuidar

DONA ROMÉLIA

Maria Romélia da Costa Oliveira(D. Romélia/D. Nicinha). Foi a ultima companheira do M. Pastinha, a mesma esteve fielmente ao lado do Mestre no pior momento de toda a sua história. Pastinha estava Cego, abandonado e jogado as traças no asilo 2 de julho, e lá estava D. Romélia, trocando fraldas, dando banho vendendo acarajé para comprar a comida do mestre e ajudar nos remedios.

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O sonho de dona Romélia pode ser compreendido como uma expressão simbólica do seu mundo concreto de religiosa e baiana de acarajé, servindo para prepará-la para o exercício da ética do cuidado daquele homem negro em estado de adoecimento.

O delicado mundo dos mistérios - das comunicações em esferas não tangíveis se conectou ao mundo tangível através da presença onírica de três mulheres, em suas versões baianas de acarajé, em conexão-profissão-missão com dona Romélia, criando elos entre dois seres - ele, nascido em 1889, em Salvador, e ela em 1924, na cidade de Nazaré, no Recôncavo Baiano.

Dona Maria Romélia da Costa de Oliveira e a coleção autobiográfica do Mestre Vicente Joaquim Ferreira Pastinha no Museu Afro-Brasileiro da UFBA

Jorge Amado havia conseguido junto ao governo uma pensão mas não era o suficiente. D. Romélia também contou com a ajuda do fiél discipulo M. Curió que nunca abandonou o velho mestre nesse momento conturbado.

Dona Romélia cumpriu uma missão recebida em sonho: “Tome conta deste homem”, zelando pelo Mestre em três importantes momentos: nos seus últimos anos de vida, no enterramento digno e no cuidado com sua coleção de objetos e documentos, doados ao Museu Afro-Brasileiro da Universidade Federal da Bahia. 

Seu gesto transformou uma coleção particular em acervo museológico que ultrapassa a história individual, entrelaçando-se ao universo da capoeiragem local, nacional e internacional.


"Quando ele morreu, mandaram um caixão de indigente. De indigente! Eu devolvi, cheguei na decorativa, tomei um caixão (que ele não merecia aquele caixão) e sentei no tabuleiro, paguei todo.Graças a Deus eu vendia acarajé. Isto que pagava a funerária". Romélia

Em 2020, Dona Romélia recebeu homenagem do Museu da Gastronomia Baiana no premio Tabuleiro da Baiana, durante almoço realizado no restaurante Senac Pelourinho, prêmio é aberto às baianas do acarajé de todo o estado. www.baianasdeacaraje.com.br 

Fonte: Maria Romélia (mulher de M Pastinha) no filme Pastinha! Uma vida pela capoeira, 1998

Créditos: Pastinha uma vida pela capoeira/doc. Audio visual;1998.

.O abc dos velhos mestres da capoeira/blog

.Os Manuscritos do Mestre Pastinha/Fred Abreu Helina Hautavauara. 1964

Texto Antônio Luiz Campos.


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