Palmeiras da Ancestralidade

Fipamọ bi awọn okun Omulu

A Palha da Costa no Candomblé representa a eternidade e transcendência, como prova da imortalidade e reencarnação, utilizado na confecção das roupas dos Orixás, em especial Obaluayê, Omolu (Sakpata). 
Foto @Paulo Vaz.

Seu uso é indispensável na iniciação feitura de santo no sentido de proteger a vulnerabilidade dos neófitos.

Palha-da-costa é a fibra de ráfia, conhecida como ìko pelo "povo-do-santo", extraída de uma palmeira chamada Igí-Ògòrò pelo povo africano. No Brasil, recebe o nome de Jupati, cujo nome científico é Raphia vinifera.
Esta mesma palha trançada com espessura de um dedo mindinho e comprimento de um metro, chama-se Ikan, popularmente chamado de contra-egun pelos leigos e até mesmo pelo povo de santo. Geralmente amarrado nos braços e cintura dos iniciados, com a finalidade de afastar as energias negativa e espírito malévolo, impedindo a incorporação de egun (espírito de morto).

"Umbigueira", (recebe este nome quando é amarrado na cintura).
"Mokan", (recebe este nome quando é ornado com búzio da costa), é um colar de palha trançada que é usado no pescoço junto com o delogun e seu comprimento é até o umbigo.
"Contra-egun", (recebe este nome quando é amarrado na dobra da parte inferior da junção entre braço e ombro).

Palha da costa, Igí-Ògòrò , palmeira de ráfia
Tipo de palha feita da rafia africana, conhecida nos cultos nagôs pelo nome de Iko. 
É proveniente da Costa ocidental africana, conhecida por Golfo da Guiné. 
É obtida das folhas tenras de uma palmeira palmas cujo nome científico é raphia vinifera. As fibras devem ser extraidas dos talos da palmeira quando novas e erguidas, antes de se abrirem e se curvar. 
O iko é a fibra da ráfia obtida de palmas novas de igui-ogor ou Raphia Vinifera. extraida do Igí-Ògòrò, a "palha da costa" , elemento de grande significado ritualístico, principalmente em ritos ligados a morte e o sobrenatural, sua presença indica que algo deve ficar oculto. 
A palha da costa, tendo sua origem na palmeira, ganha o simbolismo universal de ascensão, de regenerescência e da certeza da imortalidade da alma e da ressurreição dos mortos. É um símbolo da alma. 
Além de proteger a vulnerabilidade do iniciado, sua utilização também é reservada aos deuses ancestrais, numa reafirmação de sua ancestralidade, eternização e transcendência 

No Brasil, recebe o nome de Jupati. 
A palmeira é considerada a "esteira da Terra". Usa-se trançada em diferentes artefatos litúrgicos. 
Nos cultos afro-brasileiros, o emprego dessa ráfia é tão importante, em virtude da profunda simbologia que lhe é atribuida, que foi impossivel adaptar ou transferir seu uso a produtos locais similares, como outros elementos rituais foram adaptados. 
É por esse motivo que sua importação persiste até hoje, nâo admitindo substitutos nativos. 
O iko é um material de grande significado ritual. Participa de quase todos os ritos ligados à morte e a ancestralidade. 
Por isso é indispensável em todas as situações em que se maneja com o sobrenatural e cuidados especiais devem ser tomados. 


Não confundir com "rafia", outra fibra, veja: 
Raphia (malgaxe rafia, raofia). 
Gênero de palmeiras da família das palmáceas, nativas da África e da América do Sul, de grandes folhas pinuladas, que figuram entre as maiores do mundo, inflorescências espiciformes, e frutos escamosos. 
Qualquer espécie desse gênero como, p. ex., a Raphia taedigera (v. jupati), a R. vinifera, que habita a África e cuja inflorescência fornece o vinho-de-palma, e a R. ruffia, de grande importância econômica pela fibra fornecida pelos seus pecíolos.

Dendezeiro
Mariô ou Mariwô, chamado de pelo povo do santo, é a folha do dendezeiro, nome científico "Elaeis guineensis", desfiado, utilizado nas portas e janelas dos terreiros de candomblé. O mariô é consagrado a Ogum, assim, é muito comum vê-lo nos assentamentos e nas vestes deste Orixá. 
Obaluaê é, segundo a mitologia do candomblé, o filho abandonado de Nanã. Seu pai é Obatalá 
(MOURA, 2000, p. 179) e os seus irmãos são Iewá, Iroco e Bessén (BARROS, 2009, p. 244). 

Obaluaê é normalmente sincretizado com São Lázaro e São Roque. Dois santos cujas feridas são evidentes e que têm cachorros como acompanhantes, assim como Obaluaê em um mito que será contado mais adiante, e o seu principal símbolo é o Xaxará. 

O Xaxará é feito com as nervuras das folhas das palmeiras e é enfeitado com 
pequenas cabaças que representam a contenção dos remédios e das curas. 
Além disso, é ornamentado com miçangas e búzios. 

O Xaxará serve para Obaluaê espalhar e limpar as doenças do mundo. 
A vestimenta que cobre o corpo de Obaluaê é chamada de axóicó e é feita com palha-da-costa. 
Esta roupa é composta por duas partes principais. A primeira parte que cobre todo o seu rosto e desce até boa parte 
do seu dorso é chamada de filá. 
A segunda parte é uma espécie de saia, também confeccionada com palha-da-costa. 

A vestimenta de Omolu também é composta por alguns ornamentos, o primeiro deles é o brajá, colar feito com carreiras de búzios superpostas, e o segundo é o xaorô, que é usado no tornozelo dos iniciados, remetendo 
ao que foi dado por Iemanjá a Obaluaê para que a mesma conseguisse localizá-lo quando necessário. 
O último símbolo ligado a Obaluaê é o baguidibá, feito com rodelas de casca de certas árvores e com as cascas da 
semente de coquinho ou com lascas de chifre de búfalo, que é o seu principal fio-de-contas. 
O próximo tópico versará sobre as principais mitologias a respeito do orixá Obaluaê, tendo como fonte o livro 
“Mitologia dos Orixás” (PRANDI, 2001) de Reginaldo Prandi. Algumas informações novas serão trazidas nessa parte assim como alguns complementos de informações anteriores. Com as mitologias será possível sanar 
algumas dúvidas que por ventura podem ter surgido até aqui. 
4.1 Os mitos sobre Obaluaê 
O primeiro mito que apresentamos, diz respeito ao momento no qual Obaluaê é castigado com a varíola ao desobedecer a sua mãe. Segundo esse mito a mãe de Obaluaê - que aqui não tem seu nome identificado - diz para ele que ele não deve pisar nas flores, porém, Obaluaê era um menino muito desobediente, uma característica bem recorrente nas suas narrativas, e pisou propositalmente nas flores. 
Quase que instantaneamente Obaluaê viu seu corpo se encher de pústulas e bolhas horríveis. O orixá, com muito medo, gritou à sua mãe pedindo que ela o livrasse dessa peste e a mãe dele disse que isso aconteceu porque ele havia desobedecido as suas ordens, mas que ela o iria ajudar. 
A mãe de Obaluaê, então, pegou um punhado de pipoca, queaparece aqui pela primeira vez, e já de maneira muito positiva na mitologia desse orixá, e jogou no seu corpo, fazendo com que as feridas desaparecessem e Obaluaê ficasse são. 

O segundo mito conta sobre o momento em que Omulu ganhou o nome de Obaluaê. 
Nesse mito, Omulu saiu de sua casa aos doze anos para oferecer os seus trabalhos, porém, ninguém o empregava e ele teve que pedir esmola. 
Ninguém dava nada a ele, nem o que comer, nem o que beber e a sua única companhia 
era a de um cachorro que lambia as suas feridas, aqui é possível enxergar umas das semelhanças entre Obaluaê, São Roque e São Lázaro, que possivelmente, facilitou o processo de sincretismo. 
Até que um dia, Omulu escutou uma voz que dizia para ele “estás pronto. Levanta e vai cuidar do povo”.
Omulu viu que as suas feridas haviam sido curadas e ele então juntou as suas cabacinhas, onde guardava os remédios, e partiu. 

Havia uma peste infestando a terra, e Obaluaê varria a peste da terra com o seu xaxará. 
Todos aqueles que antes o negavam emprego, água e comida agora o louvavam e cantavam o curandeiro chamando-o de Obaluaê, o Senhor da Terra. 
O terceiro mito fala sobre quando Obaluaê teve as suas feridas transformadas em pipoca por Iansã. 
Importante ressaltar o aparecimento, novamente, da pipoca como instrumento para a cura das feridas de Obaluaê. 
Essa é a segunda vez que as pipocas aparecem com esse aspecto positivo, o que 
explica muito bem o porquê das pipocas serem uma das principais oferendas para este orixá. 
O mito conta que havia uma grande festa acontecendo na aldeia onde Obaluaênascera, com a presença de todos os orixás. 
Porém, Obaluaê não podia entrar na festa devido a sua aparência medonha. Ogum, ao ver Obaluaê se espreitando pelas frestas do terreiro para observar a festa, o cobriu com uma roupa de palha, origem mitológica 
do filá, que ocultava a sua cabeça e o convidou para entrar e aproveitar a festa. 
Apesar de envergonhado, Obaluaê entrou, mas dele ninguém se aproximava. Iansã que observava a situação de longe, esperou até que Obaluaê se posicionasse bem no centro do barracão. 
Quando o orixá estava no centro da festa, Iansã chegou bem perto dele e deu um sopro que levantou a sua roupa e fez com que todas as feridas de Obaluaê pulassem para o alto e fossem transformadas em pipocas que se espalharam pelo barracão. 
A partir desse dia Obaluaê e Iansã se tornaram grandes amigos e compartilharam o poder de reinar sobre o mundo dos espíritos e dos 
mortos, aqui encontramos uma origem mitológica da relação de Obaluaê com o mundo dos mortos e consequentemente com os cemitérios.

Comentários

Postagens mais visitadas