Os índios e o'Jenipapo TATTOO

"Por quê você pinta o corpo?", perguntou um missionário europeu a um índio, "e você? Por quê não pinta? Quer se parecer com os bichos?", respondeu o índio. Este diálogo foi real, acontecido no séc. XVIII e registrado pela história.
Na nossa região, temos a etnia dos índios Apinajé, no Maranhão têm outras, entre elas os Krikatí.


Jenipapo é o fruto do jenipapeiro (Genipa americana), uma árvore que chega a vinte metros de altura, da família Rubiceae, a mesma do café. É encontrada em toda América tropical.

No Brasil, encontramos pés de jenipapo nativos na Amazônia e na mata atlântica, principalmente nas matas úmidas ou próximo a rios. Em guarani, jenipapo significa “fruta que serve para pintar”. Isso porque do sumo do fruto se extrai uma tinta com a qual se pode pintar a pele, paredes, cerâmica, etc.
O jenipapo é usado por muitas etnias da América do Sul como pintura corporal e some depois de uma a três semanas. A bela coloração azul-escura formada deve-se ao contato da genipina contida nos frutos verdes com as proteínas da pele, sob ação do oxigênio atmosférico.

O fruto é uma baga sabugosa geralmente de cor amarelo pardacenta. Sua polpa tem cheiro forte e é comestível, mas é mais apreciada na forma de compotas, doces, xaropes, bebida refrescante, bebida vinosa e licor.

“Jenipapo origina-se do termo tupi ñandipab, que significa “mancha escura na região lombar dos mestiços”.
O nome é uma referência dos uso tradicional indígena do sumo da fruta como tinta escura para pintura corporal.

A Tribo do Sol utiliza o extrato dessa fruta para suas tatuagens temporárias, reconhecendo o valor dessa tradição desenvolvida pelos povos da floresta da América do Sul.
O uso desse pigmento natural proporciona ao público que se tatua em nosso studio uma tatuagem com exclente cor, precisão, sem risco de alergias.

A seiva do jenipapo serviu-se aos brasilíndios, não somente para se alimentarem, mas também para tingirem de preto os seus utensílios

O sumo dos mesmos, espremido enquanto eles estão verdes, é como água, perfeitamente cristalino, mas passando nos objetos ou no corpo, adquire tonalidade negra como pixe, torna-se brilhante como o verniz e indestrutível nos objetos de madeira ou nas cabaças.

O jenipapeiro “nunca está sem fruto”, ficam de um ano para o outro nos ramos, que se despem totalmente da folha, e só amadurecem quando a árvore está de novo “bem vestida de folhas”, e já com crescimento os novos frutos, que hão de ficar para o ano seguinte.

Além de comerem o jenipapo, os nossos índios faziam de sua madeira uma tinta azul-negra, com a qual pintavam o corpo todo nas suas festas, também é dado o nome de jenipapo à mancha escura que os mestiços trazem nos quadris ou na cintura, ao nascerem.
Produção @Rose Braga

(Jenipapo) Lenda do índio Xnhangá
Conta a lenda que em uma aldeia, abrigada no interior da floresta, morava um guerreiro muito valente e destemido, famoso por sua astúcia e inteligência, que o levavam a vencer diversas batalhas e conquistar muitas aldeias.
Seu nome era Xhangá, e por sua causa sua aldeia era muito prospera, uma vez que possuíam terras cercadas de rios e com muita caça. Isso atraia a atenção de diversas outras tribos do entorno, que tentavam se apossar dos recursos que dispunha a tribo de Xnhangá, uma delas era a dos Prinhan.


A tribo de Xnhangá ficou sabendo que os Prinhan iriam tentar invadir as suas terras e começou a se preparar para a guerra, pintando seus corpos com cores intensas, como vermelho, verde e azul, de forma a intimidar os adversários. Xnhangá era um formidável guerreiro, porém também possuía um extremo censo de justiça. Sabia que a guerra gerava muita dor, muitas perdas de vidas, por isso rezou a Tupã, o Grande Deus, nas margens da lagoa.

Tupã atendeu sua oração e conversou com Xnhangá, na beira da lagoa.
Em um momento da conversa Tupã foi à direção de uma árvore e retirou um fruto verde, que entregou nas mãos de Xnhangá:

-Xnhangá, você é sábio e possui a astúcia de Acauã (ave grande que ataca serpentes), amasse essa fruta e pinte o seu corpo com ela. Vá à frente do seu povo, pois ela os protegerá da guerra. Diga aos Xnhangá que a Natureza, que eu criei, é para todos!
A riqueza da terra deve ser dividida.
Jururá Açú mandará chuvas para fertilizar a terra e Sumá (deusa da agricultura) garantirá colheita farta para todos. Cada vez que minha esposa, Jaci (a Lua) brilhar no Céu e uma fêmea estiver dando a luz, os homens terão sempre carne farta para sua alimentação.
Mas nunca esqueçam que Caapora (protetor dos animais) e Curupira (protetor das matas) devem ser sempre reverenciados. Os rios e lagoas de Iyara sempre serão abundantes em peixes. Icatú (deus da beleza) e Rudá (deus do amor) farão com que os homens se apaixonem e que a aldeia cresça.

Xnhangá ouviu atentamente o conselho de Tupã. No dia da grande batalha pintou seu corpo com o sumo da fruta dada por Tupã e transmitiu a todos o que o Grande Deus havia lhe dito.
Todos acataram o ensinamento, e a guerra entre as tribos teve fim, a morte e a tristeza se afastara do povo de Xnhangá. Todos dividiam os recursos que lhes fora ofertado pela Natureza. A tranqüilidade foi tanta que a filha do cacique da tribo de Xnhangá se casou com o filho do cacique da tribo Prinhan, fazendo assim com que as duas tribos se tornassem uma. Descobriram depois, que a fruta ofertada por Tupã servia para curar doenças e para a alimentação. Resolveram então chamá-la jenipapo, “fruta que faz tinta preta”.

Jenipapo é uma fruta que se parece com o figo, só que um pouco maior. Fruto do jenipapeiro, deve ser colhido no ponto certo de maturação para que possa ser aproveitado. Embora seja consumido ao natural, seu uso mais freqüente é sob a forma de licor e doces, como a Bolinha de Jenipapo do Recôncavo Baiano e a receita que vamos aprender hoje.

Na medicina caseira, o jenipapo é utilizado como fortificante e estimulante do apetite. Quando verde fornece um suco de cor azulada muito utilizado como corante para tintura em tecidos, artefatos de cerâmica e tatuagem. Após a maturação sua polpa é comestível.

O jenipapo é uma baga ovóide com 8 a 12 cm de comprimento por 6 a 9 cm de diâmetro, de cor escura e casca rugosa e murcha, com polpa marrom clara e numerosas sementes pardas e achatadas. Ácida para ser consumida naturalmente, é muito utilizada como matéria-prima alimentícia de doce, licor, xarope, vinho e quinino (sulfato de quinina - usado como antimalárico e antipirético).
Sua polpa é suculenta, aromática, comestível e com sementes no centro.
Originária da América Tropical e Índia Ocidental, o jenipapeiro é uma árvore da família das Rubiáceas, pertencente a mesma família do café. Medindo até 20 m de altura por 40 cm de diâmetro no tronco, é uma espécie nativa bastante comum em grande parte do Brasil - desde o Pará até Minas Gerais/São Paulo -, principalmente em regiões de Mata Atlântica. Após os 6 anos ela se torna adulta, sendo uma árvore alta de caule ereto, ramificada a boa altura do solo e frondosa. Floresce em abril e maio, com sua floração amarela contrastando com as folhas verde escuro. Os frutos amadurecem de novembro a fevereiro. Fruteira indígena, o jenipapeiro tem importância ecológica para o repovoamento de animais da fauna brasileira, sendo muito útil para plantio em áreas brejosas degradadas, crescendo com mais facilidade em regiões de clima quente, como os Estados do Nordeste e do Norte do Brasil.
O jenipapeiro, chamado cientificamente de Genipa americana, tem várias utilidades. Seu fruto, o jenipapo, não mancha a pele e é comestível quando maduro. Com ele também se fazem doces e um licor muito apreciado no Norte e Nordeste do Brasil. A casca, rica em tanino, é usada em curtumes para tratar couros, além de ser um excelente diurético contra úlceras, anemias e outras doenças. A madeira pode sem empregada em marcenaria para a fabricação de cabos de ferramentas.
Suas folhas são oblongas e agudas, possuem superfícies e margens lisas e se apresentam agrupadas no extremo dos ramos. Suas flores branco-amareladas são muito perfumadas e reunidas em inflorescência terminais e subterminais de 5 a 10 cm de comprimento
Jenipapo, em tupi-guarani, significa "fruta que serve para pintar". Os índios usavam o suco da fruta para pintar o corpo. A pintura permanecia vários dias e ainda protegia contra os insetos.
Para extrair o corante do jenipapo, corte o fruto ao meio, retire as sementes, esprema a polpa como se fosse um limão e coe.
A tinta provém do sumo do fruto verde - a substância corante, chamada genipina, perde o efeito corante com o amadurecimento do fruto.
Assim, quanto mais verde o jenipapo, mas forte a cor vai ficar. Um fruto médio rende, em média, meio copo de corante que logo depois da extração é levemente esverdeado, mas reage em contato com o ar e se torna azul ou verde.
Aplicada sobre o papel, a cor azul perde intensidade e adquire tons esverdeados ou marrons.
O corante do jenipapo tem a consistência do nanquim e, para ficar mais concentrado, coloque-o em um vidro sem tampa, o que facilita a evaporação.
Em contato com a pele pode deixar manchas, mas não se desespere, a mancha some em poucos dias.

O nome Payaku designa uma etnia numerosa que, no século XVI, habitava toda  a faixa sublitorânea dos atuais estados do Rio Grande do Norte e Ceará.

Hoje, o grupo que ficou mais conhecido como Jenipapo-Kanindé são descendentes dos Payaku que viviam na mesma região. Habitam a Lagoa da Encantada, no município cearense de Aquirás. Possuem títulos individuais dos terrenos onde vivem, mas a terra é compartilhada coletivamente. Em 1997 a Funai começou o processo de demarcação da terra indígena Lagoa Encantada [para informações atuais veja à direita em "Terras habitadas"].

Sua população, que em 1982 era de 96 pessoas, chegou a 180 em dezembro de 1997 e em 2010 alcançava 302 pessoas, segundo a Funasa.

Paiacú ou  Baiacú é o nome de um peixe dotado de glândula venenosa, comum no litoral nordestino.
O nome Payaku permaneceu na  memória dos mais velhos  e dos líderes do grupo mas, até o final da década de 1980, os índios costumavam atender apenas pela alcunha de "cabeludos da Encantada",  modo como eram chamados por seus vizinhos não-indígenas.

A denominação Jenipapo-Kanindé, até então desconhecida por eles, foi-lhes aplicada com base em pesquisas históricas pouco aprofundadas, confundindo-os com antigos povos vizinhos, quando o grupo começou a participar dos movimentos indígenas.
Mas o grupo adotou essa designação e é como Jenipapo-Kanindé que se auto-designam.

Os Payaku falam unicamente o português, não havendo registros de sua língua original, que talvez se assemelhasse à dos antigos Tarairiú, povos da caatinga que habitavam o Nordeste do Brasil.

Confira a receita do Bolo Azul de jenipapo verde (sem nenhum corante artificial). Prato de sobremesa em cerâmica de alta temperatura, com esmalte macrocristalino.
A receita é do maravilhoso livro Plantas Alimenticias não Convencionais (PANC) no Brasil, dos autores: Valdely Ferreira Kinupp e Harry Lorenzi. São milhares de receitas deliciosas em um livro de 768 paginas,  resultado de anos de pesquisa. Um amigo, Edilson Giacon, do Viveiro de mudas Ciprest em Limeira indicou, e tinha toda razão, o livro é muito bom. Para quem quiser a receita, aí está, exatamente como  no livro:

BOLO AZUL DE JENIPAPO VERDE
2 xícaras de farinha de trigo - 2 xícaras de polpa de jenipapo verde - 2 xícaras de açúcar - 3 ovos - 3 colheres de sopa de azeite - 1 colher (de chá) de fermento químico e 1/2 xícara de água ou leite
Colha os frutos graúdos, mas verdes. Descasque-os, tire as sementes e triture bem com quantidade necessária de agua, Bata tudo. Unte a fôrma, enfarinhe e despeje a massa. Asse em forno pré-aquecido.

Outra receita, bolo de índio https://www.youtube.com/watch?v=SJj8E2kiPV4

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