NO 5° EPISÓDIO DO #COMIDAAQUIÉMATO, DESVENDAMOS TAMBÉM OS MISTÉRIOS DE AREMBEPE A "RAINHA DO MAR"

Considerada o "Alimento do século",  pela OMS, a "Rainha da Mesa" exibe toda sua sua grandeza!

Além disso os pratos deste episódio fazem referência às técnicas Tupinambás, no trato com a mandioca, e a utilização dos peixes locais, suas técnicas de preparo e de servir.
Uma experiência única para compreender a importância da cultura da Maniva no sistema alimentar brasileiro e principalmente o Quilombola.
A fazedura dos Bejus, a fermentação da Puba (Carimã), bem como todas as práticas relacionadas ao fazer coletivo.

"Camaçari" deriva do tupi antigo kamasary, que designava a árvore atualmente conhecida como "cachaporra-do-gentio"  
A História de Camaçari remonta aos primeiros anos da colonização. Camaçari originou-se em 1558, numa aldeia dos índios tupinambás, formada pelos jesuítas às margens do Rio Joanes. Ela recebeu o nome de Aldeia do Divino Espírito Santo.

O episódio sera centrado no povoado de Arembepe e Quilombo de Corduaria.
Em termos etimológicos, Arembepe é formado pelo vocábulo arenque – um tipo de peixe –, e beque – proa do barco –, o que mostra a origem da própria Vila e suas ligações muito fortes, outrora existentes, entre o mar e os moradores. 

 
Cenário de rara beleza era o habitat natural de muitos seres vivos. 
Arembepe é uma das localidades mais importantes do município de Camaçari, podendo ser considerada como uma pequena cidade. Assim como outras vilas, o seu crescimento deu-se de forma desordenada em torno de uma antiga aldeia de pescadores e hoje apresenta configuração urbana e social heterogêneas com graves problemas ambientais.
Em Arembepe, é uma constante o diálogo com o mar e a tradição das festas folclóricas dos pescadores, vindas desde a época dos índios, que aqui habitavam originadas nas festas da religião católica implantada pelos jesuítas. 
 
A chegança de Arembepe e a Marujada são, provavelmente, originárias de uma dança portuguesa do século XVIII, cantada e coreografada. 
Os primeiros registros históricos da situação de uso e ocupação do solo no território estudado remontam ao Descobrimento do Brasil no século XVI, quando aqui chegaram os povos ibéricos. 
O sistema de Capitanias Hereditárias foi implantado no Brasil, a partir de 1534, pela Coroa Portuguesa, com o propósito de atrair investimentos privados, e garantir a particulares grandes extensões de terras.
 

Os pratos do Episodio 5 Biaribi

Panc Principal: Beldroega do Mar

Proteína: Peixe Vermelho
Pancs:Língua de Vaca, Feijão de Corda, 

Guarnições:
Virado do Katendê, Pinaúna Assada e Supi de Peixe (Ovas Assadas com Musgo do Mar
Sobremesa com Panc: Mingau de Puba

A fabricação de canoas também foi de grande importância para a locomoção e para a pesca. 
A técnica dos índios com a mandioca e os ensinamentos dos padres resultaram na construção de canoas, saburás e toda espécie de artilujios que facilitassem a captura de peixes e mariscos.
 
Outra importante fonte de alimento eram os peixes, tartarugas, moluscos e crustáceos. Entre os peixes mais consumidos estavam os pirarucus, carapebas, curimãs, tucunarés, comorins, cavalas, traíras, beijupirás, surubins, tambaquis, garoupas, sardinhas, agulhas, piranambus e jaús. 
Eram inúmeros os peixes de água salgada e de água doce, conhecidos e consumidos pelos índios brasileiros, que tinham pele ou couro eram chamados de pirá e os de escamas cará. 
Os maiores eram preparados assados ou moqueados; os menores eram cozidos, sendo o caldo utilizado para fazer pirão.

Além da farinha de mandioca também fazem parte da culinária tradicional do índio outros tipos de farinha, como as de peixe seco, inhame (cará), amendoim e banana.

Com os peixes moqueados eles faziam farinha de peixe e paçoca, alimentos que se conservavam por muito tempo. Chamavam de muqueca o peixe envolvido em folhas de bananeira e mixira o peixe assado.
O viajante francês Jean de Léry, em 1557, no seu livro, História de uma viagem feita à terra do Brasil, descreve diversos costumes indígenas sobre a alimentação e modo de preparar os alimentos e bebidas:

[...] os indígenas americanos têm nas suas terras duas espécies de raízes, a que chamam aipim e mandioca, as quais em três ou quatro meses crescem no solo e ficam tão grossas como a coxa de um homem, com o comprimento de pé e meio, mais ou menos: quando as arrancam, as mulheres (pois os homens não se ocupam disso) secando-as ao fogo no moquém, tal como logo descreverei, ou tomando-as ainda frescas, as ralam à força em pontas de pedras miúdas fixadas e arranjadas em uma peça chata de madeira (como ralamos e raspamos o queijo e a noz moscada), e as reduzem a farinha alva como a neve. [...] (LÉRY, 1889, p. 194).

[...] a raiz do aipim não só é boa transformada em farinha, mas também pode comer-se assada inteira no borralho ou no fogo; pois assim fica tenra, abre-se, e torna-se farinácea como a castanha nas brasas, cujo gosto é quase igual.
Entretanto, o mesmo não acontece com a raiz da mandioca, pois serve somente para fazer farinha, e é venenosa se a comermos de outro modo (LÉRY, 1889, p. 196).

[...] quanto ao modo de cozinhar e preparar a carne, nossos selvagens a fazem, moquear, na forma de seu costume. [...] infincam em suficiente profundidade na terra quatro forquilhas [...]
formam uma grande grelha de madeira, que na sua linguagem chamam de moquem. [...] E por que não salgam suas viandas para guardá-las, como cá nós fazemos, não têm outro meio de as conservar senão fazendo-as assar. (LÉRY, 1889, p. 207).

O Moquém serve principalmente para conservar os alimentos, desidratando-os, mas conservando seu sabor. É um processo que lembra o fumeiro usado pelos europeus. A carne fica meio assada, sendo necessário normalmente levá-la novamente ao fogo para o consumo.
Outra tradição indígena no preparo de alimentos é o Biaribi – um forno construído em um buraco no chão, forrado com folhas. Coloca-se a carne, também envolta em folhas e cobre-se com terra. Sobre o forno acende-se uma fogueira para assar a carne. 
 
Há também o processo de espetar a carne e o peixe em varetas de madeira e colocá-los diretamente no fogo, verificando-se pelo olhar e pelo olfato quando estavam no ponto desejado.

Ate bem pouco tempo, era comum encontrar em Arembepe, a cultura do Biaribi, na confecção do Xangó, ou Moquequinha de Folha, degustados nos bares locais como aperitivo.
 
 
Conheça o processo da Casa da Farinha do Quilombo da Cordoaria e nossa visita à Arembepe assistido o quinto episódio da série documental #Comidaaquiémato! (terça, 11/08) na TVE Bahia às 20:00.
Horário alternativo: sexta-feira, às 7h15 e ao sábado, às 18h

Onde: TVE e www.tve.ba.gov.br/tveonline

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