Nova Cozinha Baiana Sotoko

“É preciso usar a natureza como aliada” Essa foi a primeira proposta do chef Alex Atala na palestra de abertura do 7.º Paladar Cozinha do Brasil, em abril, alertando sobre quantas vezes agimos por condicionamento. 
Paterê prato criado pelo Chef Alicio Charoth desenvolvido pelo Marcelo Lemos

“Existem muitas barreiras na cozinha, desistir é inconformismo. 
Na criação de um prato gastamos mais tempo pensando do que executando”, provocou Atala, iniciando sua explanação sobre criatividade, que de acordo com ele é fazer o que todo mundo faz, porém, de uma forma surpreendente. 
Outro ponto enfatizado pelo chef foi a valorização dos ingredientes brasileiros e da popularização da cozinha. 
“É preciso usar a natureza como aliada”, recomendou. 
Há alguns anos, Atala chamou a atenção quando tirou produtos clássicos como foie gras e trufas do seu cardápio e lançou o menu do reino vegetal, apostando nos ingredientes brasileiros. 
“Os melhores produtos não vêm da água ou dos animais, descobri que vinham da terra, daí resolvi brincar com o paladar, lançando um menu vegetal gourmet, diferente do que costumamos entender por comida vegetariana”, afirmou.


O Chef Alicio Charoth, sempre esteve atento à busca de novas linguagens na gastronomia, de volta ao Brasil em 2012, com a bagagem de mais de 10 anos na Europa, vem buscando encontrar um elo entre o novo e o tradicional, o contemporâneo e a modernidade, um dos pontos chaves da estratégia é uma tarefa desconstrutivista, confrontar oposições binárias com que nos acostumamos a raciocinar, nos referimos aos pares de termos como natureza/cultura, realidade/aparência, causa/efeito, língua/fala, fala/escrita, significante/significado, homem/mulher, buscando assim uma nova forma de expressão, sem nunca esquecer a importância cultural da tradicional gastronomia da Bahia, Acreditando ser um referencial dos mais importantes do nosso pais, a Cozinha da Bahia, tem muita historia a contar, mas como o mundo mudou, as novas tecnologias estão presentes no nosso dia a dia, alem do mais, uma cultura só é estrategicamente forte, quando se repensa e se atualiza. 
O puro prazer de cozinhar as vezes nos conduz a caminhos desconhecidos, mas que dão o toque da dimensão do explorador. 
A busca de conhecer novos sabores, (as vezes não tão novos), que por pura preguiça, andam esquecidos nos escaninhos da nossa memoria, nos força a rever nossos próprios conceitos. 
O oficio de cozinheiro, é para pessoas que não tem medo, os que não abrem mãos de uma descoberta, este impeto te levará a caminhos pouco previsíveis, onde o suporte será a persistência e o premio a descoberta. 
Buscar um novo sabor, é deixar-se aberto, despir-se de preconceitos, é dialogar com o diverso, adentrar em um universo magico, de texturas, cheiros e sensações, sem o compromisso com normas ou enclausuramentos.
Não há nada novo na culinária, porque tudo é muito novo, tudo esta por ser feito, comer é um reflexo do humano, que se constrói cotidianamente, que se renova todos os dias, que ao partilhar, prova o melhor do outro, que se deixa compreende e compreende melhor, é um estado onírico, onde o processo não deseja um fim, onde o ato não é final. 

Quando falamos em “identidade” ou identidades” devemos sempre estar bastante atentos (as), pois trata-se de um tema que envolve comportamentos, sentimentos, o modo de ser, de viver e de amar de cada um, e tudo isso é “carregado” de uma história de vida, ocorrida dentro de um determinado contexto social, com laços familiares e afetivos específicos, recheada de crenças e valores peculiares. 
Bianca Wild 

O Chef Alicio foi responsável no ano de 2014 pela criação do Conceito Ajeum da Diáspora, a partir dai muita coisa vem acontecendo no que diz respeito a uma nova forma de ver a cozinha na Bahia. 
Hoje vemos que vários novos empreendimentos e empreendedores descobriram um filão que a muito havia sido esquecido, e que sempre foi a marca da cultura da Bahia. A luta por encontrar formas alternativas sem perder uma identidade construída de forma dura, mas que foi consolidada sendo uma das grandes referencia gastronômicas do pais. Hoje o empreendedorismo étnico desperta para uma nova realidade, apostando em novos sabores e elementos, resignificando e inserindo novos produtos, novos Chefs, alem de estar atento à sustentabilidade, as PANC's e muitos outros conceitos que formam a gastronomia contemporânea. 

Nova Cozinha Sotoko 
Repensar a cozinha Africana na Bahia e atualizar com novos elementos que ao longo dos tempos foram sendo incorporados a nossa gastronomia, é um dos compromissos do Conceito Sotoko. 
Marcelo Lemos, Romival Santos e o Chef Alicio Charoth

Falar em Cozinha Contemporânea, é registrar a intenção de Chefs em buscar formas alternativas de ver a gastronomia não como uma cultura amorfa ou parada no tempo, sendo assim, o Chef Alicio Charoth, desde o ano 2014 vem desenvolvendo uma pesquisa detalhada sobre a importância cultural da culinária da Bahia. 
Alguns dos mais importantes aspectos deste trabalho são os princípios étnicos, sustentáveis, criativos e linguísticos. 
Hoje a gastronomia imprime um mix novo no cardápio de opções; novas formas do brasileiro entender e se abrir mais ao conhecimento e a busca de mais informações: mobilidade, sustentabilidade, novos conceitos culinários, inserção social, criação e inovação, fazem parte da mesa dos brasileiros e acreditar que quanto mais democrático o acesso a informação, mas serão abertas oportunidades no setor, quanto mais próximo estejam todos os atores deste processo, mas teremos excelência na qualidade de serviços.

Conheça o Instituto Matamba (O Instituto MATAMBA nasceu a partir da necessidade de ampliar a representação da comunidade negra e sua herança africana nos eventos e cerimoniais realizados em Salvador. Trata-se de uma proposta de serviços em recepção, decoração e culinária afro brasileira sobre o recorte ilustrativo da cultura negra, proporcionando um maior conhecimento e interação do publico com a estética afro.)

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