Castanha de Caju-Riquezas Gastronômicas do Brasil

Reza a crença que, em 1500, o espanhol Vicente Yáñez Pinzón já navegou por toda a costa norte do Brasil. 

A viagem feita por Pinzón na costa norte do Brasil teve origem em Pernambuco e destino na foz do rio Amazonas. Isso porque, segundo a história não oficial do Brasil, a expedição do espanhol chegou na região em 26 de janeiro de 1500, alguns meses antes da esquadra do português desembarcar no sul da Bahia. 
Pinzón desceu, lavrou o termo de posse e chamou o local de Cabo de Santa Maria de La Consolación. 
O problema é que Espanha e Portugal haviam assinado o Tratado de Tordesilhas e qualquer terra na região, mesmo aquelas que ainda não haviam sido descobertas, pertenciam oficialmente aos portugueses. 
Nesta época, o local era habitado por índios da etnia Caeté, e a sua descoberta “oficial” acabou sendo creditada ao navegador italiano Américo Vespúcio, no dia 29 de agosto de 1501. Tempos depois, os portugueses chegaram ali e rebatizaram a área com o nome que conhecemos hoje, Cabo de Santo Agostinho. 
Leia também:O tempo do caju: saberes de identidade constitutivos do patrimônio cultural
Voltando ao Caju, no meio da viagem, o navegador espanhol atravessou o litoral do Maranhão. 
No mapa Terra Brasilis feito em 1519, de autoria do cartógrafo português Lopo Homem, aparecem escritos alguns nomes de acidentes geográficos da costa maranhense.

A partir de 1524, os franceses começaram a frequentar o litoral do Maranhão. A explicação para o motivo dessa frequência é que o litoral do Maranhão foi esquecido pelos portugueses. 
Mas foi exatamente onde foi visto pela primeira vez o Caju, provavelmente dando origem à ‘marañon’, nome dado ao Caju na America Latina.
Seu nome inglês ‘cashew’ é derivado da palavra portuguesa de pronúncia similar, ‘caju’, que por sua vez provém da palavra indígena ‘acaju’. 
Presume-se que o cajueiro chegou em Goa, principal colônia de Portugal nas Índias Orientais, entre 1560 e 1565, onde chegou para a estabilização de taludes e para resolver problemas de erosão.
Foram também os Portugueses que levaram a planta para a Índia, entre 1563 e 1578 em seguida sendo introduzida no sudeste asiático, chegando à África durante a segunda metade do século XVI, primeiro na costa leste e depois na oeste e por último nas ilhas. 
As primeiras importações de amêndoas de castanha de caju da Índia foram feitas em 1905 pelos Estados Unidos. 

"De Caju em Caju"
Os indígenas contavam a idade de cada safra, a partir do Caju, a palavra vem do tupi-guarani acayu ou aca-iu, que significa ano), até hoje no nordeste exite um dito popular sobre a demarcação do tempo "De caju em caju" exprime uma faixa de tempo longínqua.
Podemos ver também na demarcação espacial “antes ou depois das chuvas do caju”, e/ou marcador de limites entre terras: “após o cajueiro, na segunda curva, é terra de fulano”. Além desses exemplos, temos notícias históricas de seu papel ou funções ainda no período colonial. 

Magalhães cita Gabriel Soares de Souza, que, no Tratado Descritivo do Brasil, descreveu as funções medicinais dessa fruta que: [...] os Tupinambá ingeriam antes das refeições, que os soldados e marinheiros holandeses tomavam para combater o sangramento das gengivas (o escorbuto), o que os índios usavam para fazer saborosos vinhos de mesa, que os diabéticos usavam para equilibrar o açúcar no sangue (o caju é hipoglicêmico). [...] A castanha tem imensa quantidade de proteína. 

O comércio mundial de amêndoa de caju teve início de forma efetiva depois que representantes da empresa americana General Food Corporation descobriram essas nozes durante uma missão na Índia no inicio da década de 1920. 
Além de embarques regulares para os Estados Unidos, pequenas consignações foram enviadas para vários países europeus, particularmente para o Reino Unido e Holanda. Fruto nativo dos tabuleiros e dunas do Brasil, sempre vizinho ao mar, gosta de solo arenoso, clima quente e úmido. 
Seu cultivo é bastante comum no nordeste brasileiro, com destaque para os maiores produtores: Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí, nesta ordem. 

Hoje a castanha de caju é comum em todas as regiões do planeta onde exista um clima suficientemente quente e úmido, distribuindo-se por mais de 30 países. Os cinco maiores produtores são o Vietnã (941.600 toneladas), a Nigéria (636.000 toneladas), a Índia (573.000 toneladas), o Brasil (236.140 toneladas) e a Indonésia (122.000 toneladas), responsáveis por mais de 80% da produção mundial.

Composição Fruto Caju

O que entendemos popularmente como "caju" se constitui de duas partes: o fruto propriamente dito, que é a castanha(Anacardium occidentale); e seupedúnculo floral, o pseudofruto, um corpo piriforme, amarelo, rosado ou vermelho. - a fruta propriamente dita, que é a castanha de caju; - o pedúnculo floral, geralmente reconhecido como o fruto, o caju. 

Os índios brasileiros sabiam muito bem as rasões para extrair o chamado "Líquido da Castanha de Caju" ou LCC, que nada mais é o líquido que contém o urushiol. Depois de esfriar, eles quebram a casca para retirar a amêndoa que será consumida. 
A toxina contém um agente alergênico que irrita bastante a pele, causando inflamações. 
Por essa razão, os trabalhadores que removem a casca podem ter as mãos machucadas e com rachaduras bem doloridas. Se, por acaso, você comprar um caju e resolver fazer o mesmo em casa, lembre-se de tomar bastante cuidado e colocar uma luva. Segundo pesquisas, essa toxina pode até ser letal, dependendo da quantidade e se a castanha for consumida crua por pessoas com organismos mais sensíveis à substância. 
O processo de industrialização passa por mais etapas, onde são feitas a lavagem e umidificação, cozimento, esfriamento, ruptura da casca e estufamento. 
Depois de tudo isso, o consumo dessa castanha deliciosa está liberado. Vale lembrar que esse alimento é rico em fibras, proteínas, vitaminas e minerais como magnésio, ferro, cobre e zinco, fósforo e sódio. 
 "De como assar a Castanha"
Para assar castanhas, é necessário quatros pedras, do mesmo tamanho, para serem perfiladas duas na frente e duas a trás, e com isso for uma trempi, que é uma forma de fogão, após fazer a trempi. 
É necessário à lenha, de preferência lenha de angico, que queima por mais tempo, e faz pouca fumaça, e depois colocar a lenha dentro da trempi, fazer o fogo. 

Após o fogo pronto, pegar o frande, que é uma caixa quadrada, feita de lata de ferro, e cheia de furos como uma peneira, então é só colocar as castanhas tiradas do caju, no frande e assar, o furo do frande serve, para que a castanha crua tenha um contato direto com o fogo. 
A castanha, em contato direto com o fogo,  solta um óleo inflamável, e com isso as castanhas pegam fogo. 
E quando a castanha tiver, pegando fogo, a pessoa que tiver assando tem que mexer, com um pedaço de madeira, para que as castanhas, não assem de um lado só, e também tem que ficar atento, para que as castanhas não queimem, pois quando as castanhas estiverem douradas, já estão no ponto para serem tiradas. Para tirar as castanhas do frande, quando tiverem assadas é muito simples, é só pegar a mesma madeira, que está sendo usada para mexer, e virar o frande na areia, e para apagar o fogo das castanhas, é só jogar areia por cima. 
Depois de assar a castanha, vem o processo de quebrar, onde é necessário: duas pedras pequenas, onde uma servira de apoio para a castanha, e a outra pedra, servira para a pessoa que tiver quebrando a castanha, bata na castanha que estará apoiada, na outra pedra até que a castanha quebre. 
Após quebrar a castanha é só retirar, o miolo, pois só o miolo é que serve para o consumo, e depois de fazer tudo isso, as mãos de quem tiver quebrando a castanha ficara toda preta, e essa sujeira preta é muito difícil de retirar, das mãos, mas para retirar essa sujeira, é só passar o caju nas mãos que a sujeira sai.

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