Pesquisadores desenvolvem técnica que pode acelerar a restauração florestal

Um Projeto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI), desenvolvido pela Norte Energia, está em fase final de elaboração, apresentando uma técnica inovadora que pode reduzir em até 20 anos o processo de restauração da floresta amazônica. 

O estudo, feito por pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA), é focado no crescimento acelerado de espécies nativas que têm florescimento lento.

Dentre os desafios para a restauração florestal da região estão o crescimento prolongado e a falta de conhecimento acerca da biologia das espécies nativas. Para superar esse obstáculo, a pesquisa trabalha com o melhoramento genético e estrutural das plantas, com a implementação de uma parte viva de uma planta em outra, e com a aplicação de hormônios. Desta forma, acelera o crescimento e antecipa a floração e frutificação.

Além da função ambiental, o avanço pode promover renda para a população local. Isso se deve à possibilidade de explorar economicamente os frutos amazônicos. Estes são requisitados por restaurantes e empreendimentos do ramo gastronômico pelo caráter singular e exótico, como é o caso da Manioca. A marca, criada por Joanna Martins, é um exemplo de negócio que leva os sabores da Amazônia para fora da região e envolve e capacita as comunidades indígenas e quilombolas.

O progresso do estudo, na visão do gerente de Meios Físico e Biótico da Norte Energia, Roberto Silva, corrobora com o desenvolvimento da região e é capaz de deixar um legado para as próximas gerações.

“O projeto vai proporcionar uma redução de tempo da geração de plantas nativas na região em cerca de 20 anos e traz um benefício, não só acadêmico, mas para toda a sociedade. Isso é espetacular para o meio ambiente. O que essa pesquisa tem de mais peculiar é o desenvolvimento local”, disse o executivo.

Especificidades do projeto

O estudo intitulado de “Novas tecnologias para acelerar o crescimento de plântulas e plantios estratégicos para a restauração no Trecho de Vazão Reduzida da Volta Grande do XINGU, Pará” tem a previsão de término para o final de 2024. Cientistas da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa, da Universidade Federal de Viçosa, da Universidade Federal Rural da Amazônia e do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará também participaram da pesquisa.

Como objeto de estudo estão espécies como o jatobá, cajá ou taperebá, golosa, muiracatiara, ipê, camu-camu, orelha de macaco, mogno, cupuaçu, jenipapo, amarelão, ucuúba, seringueira e a andiroba. Dentre elas, destaca-se a golosa, que por chegar até 30 metros de altura, é útil para sombrear outras espécies como o cajá, jenipapo, pata de vaca e muiracatiara. Essa técnica de sombreamento é fundamental na primeira etapa para não evitar estresse das mudas devido a incidência de luz solar.

Com resultados de crescimento de altura acelerado em 50% no camu-camu e de diâmetro em até 30% no cajá, o professor da UFPA, responsável por coordenar os pesquisadores do trabalho, Emil Hernández, acredita numa revolução na restauração de florestas em geral.

“Os resultados apontam para uma revolução nas técnicas usadas até o momento para a restauração de florestas. O sucesso do projeto pode ter benefícios significativos para o futuro da restauração florestal na Amazônia e poderá ser aplicado em outras regiões, ajudando a recuperar áreas degradadas e a reduzir o desmatamento”, declarou o professor.

O que é o PDI 

Desenvolvido pela Norte Energia, regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), o Projeto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI) PD-07427-0622/2022 foi intitulado “Novas tecnologias para acelerar o crescimento de plântulas e plantios estratégicos para a restauração no Trecho de Vazão Reduzida da Volta Grande do XINGU, Pará”, e tem como principal objetivo desenvolver um conjunto de ações integradas que otimizem os projetos de reflorestamento da Volta Grande do Xingu.

Fonte: Mais Floresta

@elcocineroloko

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