Pequeno Dicionario da Cozinha Baiana.
Verbete-C Churrasquinho de Gato
O churrasquinho de gato é um paradigma de festa na Bahia, tem o foco simbólico do sujeito na qualidade do alimento e seu estigma, vale como metáfora para a piada e a brincadeira, além de desenhar objetivamente uma rede informal de alimentos populares.
Onde quer que haja festa ou ajuntamento popular sempre surgirá uma unidade tático-móvel de fast food popular. As redes norte-americanas, se quiserem avançar sobre o gosto popular, precisarão compreender essa barreira.
Gastronomia e humor foram gêneros que sempre andaram juntos, e claro a Bahia, não poderia se furtar a esta grandeza. Mas quando falamos de alimentos é bom lembrar as dificuldades que o Brasil desde a época da colonização .
A falta do alimento é terreno fértil para a ironia, e se os colonizado sofriam pela falta do alimento, em terras luzas não poderia ser diferente. A penúria fazia parte de sua mesa, também e o apreço pela carne do bichano, onde a caçada aos gatos para fins culinários virou moda entre os estudantes de Coimbra. Como a carne do felino era mais barata, algumas estalagens de Portugal e da Espanha serviam gato como se fosse lebre.
Era uma prática tão comum que Luís de Camões, no Auto dos Enfatriões, escreveu:
"Fantasia de donzela / não há quem como eu as quebre / porque certo cuidam elas / que com palavrinhas belas / nos vendem gato por lebre."
Tirando a "deliciosa experiencia" gastronômica dos nossos patriotas índios tupinambás em saborear o Bispo Sardinha, a historia da culinária baiana, não exibe um elenco muito extenso de preparações com base nas carnes, Talvez aquela carne salobra, tenha nos deixado um mal sabor de boca em nossa mesa.
"O cheiro do braseiro, incensando à cidade com seus espetinhos sazonados com cominho, são reclame de festejos. O carvão à crepitar e suas principais guarnições, fazem a alegria da festa, a farinha e a "saladinha" rodelas fartas de tomate, cebola e pepinos, tudo isso regado com o bom molho de pimenta"
A carne de boi tinha para a população de Salvador, além de sua importância nutritiva como fonte de proteínas, especial significado simbólico, como geradora de prestígio. Salvador consumia de 350 a 600 cabeças de gado por semana, nos fins do século XVIII e começos do século XIX, Segundo a historiadora Katia Mattoso: A relativa abundancia deste produto"Carne de Boi", nos primeiros anos da colonização , seguiram-se a partir do seculo XVII, período em que era frequente a sua falta.
Professora Doutora Katia Mattoso Isto se deve a dois fatores principais:(a) afastamento dos centros de produtores, na medida em que o espaço era conquistado pelas culturas
agrícolas de exportação: cana-de açúcar e tabaco, (b) crescimento da população de Salvador, que atinge aproximadamente 50.000 habitantes no final do seculo XVII.
Encontramos também nos relatos de Luís dos Santos Vilhena, o mal humorado professor de grego, que foi muito bem descrito pelo professor Jeferson Bacelar em seu trabalho, A comida dos baianos no sabor amargo de Vilhena.
O churrasquinho de gato é um paradigma de festa na Bahia, tem o foco simbólico do sujeito na qualidade do alimento e seu estigma, vale como metáfora para a piada e a brincadeira, além de desenhar objetivamente uma rede informal de alimentos populares.
Onde quer que haja festa ou ajuntamento popular sempre surgirá uma unidade tático-móvel de fast food popular. As redes norte-americanas, se quiserem avançar sobre o gosto popular, precisarão compreender essa barreira.
Gastronomia e humor foram gêneros que sempre andaram juntos, e claro a Bahia, não poderia se furtar a esta grandeza. Mas quando falamos de alimentos é bom lembrar as dificuldades que o Brasil desde a época da colonização .
A falta do alimento é terreno fértil para a ironia, e se os colonizado sofriam pela falta do alimento, em terras luzas não poderia ser diferente. A penúria fazia parte de sua mesa, também e o apreço pela carne do bichano, onde a caçada aos gatos para fins culinários virou moda entre os estudantes de Coimbra. Como a carne do felino era mais barata, algumas estalagens de Portugal e da Espanha serviam gato como se fosse lebre.
Era uma prática tão comum que Luís de Camões, no Auto dos Enfatriões, escreveu:
"Fantasia de donzela / não há quem como eu as quebre / porque certo cuidam elas / que com palavrinhas belas / nos vendem gato por lebre."
Tirando a "deliciosa experiencia" gastronômica dos nossos patriotas índios tupinambás em saborear o Bispo Sardinha, a historia da culinária baiana, não exibe um elenco muito extenso de preparações com base nas carnes, Talvez aquela carne salobra, tenha nos deixado um mal sabor de boca em nossa mesa.
"O cheiro do braseiro, incensando à cidade com seus espetinhos sazonados com cominho, são reclame de festejos. O carvão à crepitar e suas principais guarnições, fazem a alegria da festa, a farinha e a "saladinha" rodelas fartas de tomate, cebola e pepinos, tudo isso regado com o bom molho de pimenta"
A carne de boi tinha para a população de Salvador, além de sua importância nutritiva como fonte de proteínas, especial significado simbólico, como geradora de prestígio. Salvador consumia de 350 a 600 cabeças de gado por semana, nos fins do século XVIII e começos do século XIX, Segundo a historiadora Katia Mattoso: A relativa abundancia deste produto"Carne de Boi", nos primeiros anos da colonização , seguiram-se a partir do seculo XVII, período em que era frequente a sua falta.
Professora Doutora Katia Mattoso Isto se deve a dois fatores principais:(a) afastamento dos centros de produtores, na medida em que o espaço era conquistado pelas culturas
Professora Doutora Katia Mattoso |
Encontramos também nos relatos de Luís dos Santos Vilhena, o mal humorado professor de grego, que foi muito bem descrito pelo professor Jeferson Bacelar em seu trabalho, A comida dos baianos no sabor amargo de Vilhena.
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