Brasil recebe inédito prêmio mundial de meio ambiente
A bióloga Cecília Kierulff será a primeira brasileira a receber o Sabin Conservation Prize, prêmio mundial pela conservação da natureza em Nova Iorque.
Ela é especialista no estudo e proteção de primatas da Mata Atlântica e será homenageada pelo trabalho que realizou durante toda a sua carreira. Espécies ameaçadas de extinção, como o mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), o mico-leão-de-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas) e o macaco-prego-do-peito-amarelo (Sapajus xanthosternos), por exemplo, devem muito à dedicação e ao pioneirismo da cientista. o Sabin Conservation Prize, prêmio mundial pela conservação da natureza. Entre eles, a brasileira Cecília Kierulff, especialista no estudo e proteção de primatas da Mata Atlântica.
Criado pelo empresário norte-americano e filantropo Andrew Sabin em 2013, por meio da Andrew Sabin Family Foundation, o prêmio reconhece cientistas em todo o mundo que se destacam na conservação de espécies que correm o risco de extinção, seja pela redução e destruição de seu habitat natural, ou por causas diretas como a caça ou o tráfico, por exemplo. A cada ano são premiadas três categorias: anfíbios, quelônios e primatas, para homenagear e incentivar pesquisadores que contribuem tanto para a ampliação do conhecimento acadêmico como para a preservação do meio ambiente em que vivemos. A bióloga Cecilia Kierulff: vida dedicada à conservação de primatas ameaçados de extinção.
Além de Cecília, a bióloga alemã Sabine Schoppe receberá o prêmio “2015 Sabin Turtle Conservation Prize” pela sua contribuição para a conservação de espécies raras de tartarugas na Ásia, e os bolivianos Arturo Munoz e Claudia Cortez serão reconhecidos pelas ações tomadas contra a extinção da rã gigante do lago Titicaca com o “2015 Sabin Amphibian Conservation Prize”. A premiação e a cerimônia são organizadas a cada ano pela Andrew Sabin Family Foundation, em parceria com as instituições internacionais Conservation International, IUCN/SSC Primate Specialist Group (PSG), The Turtle Conservancy, Amphibian Survival Alliance e Global Wildlife Conservation.
Da teoria à prática
Membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, a mineira Maria Cecília Martins Kierulff é PhD em Biologia pela University of Cambridge (Inglaterra) e pós-doutoranda do programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Tropical da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).
A bióloga dedica sua vida à conservação de primatas ameaçados de extinção e já ajudou muitas espécies a saírem de situações críticas, tanto pelo manejo quanto pela preservação de seu hábitat. Sua atuação científica sempre foi permeada por projetos “mão na massa”, como ela mesma descreve, que a levaram por experiências dignas de um filme de Indiana Jones nas florestas brasileiras. A criação da Reserva Biológica União, na região de Rio das Ostras, no estado do Rio de Janeiro, é um exemplo disso. A então Fazenda União recebeu as primeiras famílias de micos-leões-dourados em 1994, remanejadas por Cecília por meio de um projeto pioneiro.
A espécie era considerada “Criticamente em Perigo”, de acordo com a classificação da Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção, a chamada Lista Vermelha. Na antiga fazenda, eles tiveram condições melhores de sobrevivência e reprodução; com isso, e com apoio da comunidade científica, o local foi transformado em uma Unidade de Conservação Federal, garantindo assim a preservação dessa área de Mata Atlântica – o que ajudou os micos a mudarem para a categoria “Em Perigo”, o que significa que sua situação de ameaça melhorou um pouco. Outra espécie à beira da extinção beneficiada pelo trabalho da bióloga foi o macaco-preto-de-peito-amarelo, classificado, na época, como “Criticamente em Perigo” na Lista Vermelha. “Esses macacos praticamente não eram mais vistos na Bahia e em Minas Gerais, de onde são endêmicos, mas com criatividade nós conseguimos achá-los e estudá-los para entender como poderíamos contribuir para sua preservação”, explicou Cecília.
Ela e sua equipe usaram, de forma pioneira, armadilhas fotográficas e iscas de frutas para fazer um levantamento das áreas onde os macacos-prego estavam sobrevivendo na Bahia, estimaram o tamanho das populações e registraram o comportamento e a ecologia de grupos em florestas protegidas, como a Reserva Biológica de Una. Dessa forma, puderam realizar estudos que estimulam a preservação da Mata Atlântica da região e, consequentemente, das espécies abrigadas na área, e também contribuíram para a mudança de categoria de ameaça desta espécie. A mais recente iniciativa da cientista foi a translocação e monitoramento de micos-leões-de-cara-dourada. O projeto foi realizado por meio do Instituto Pri-Matas, do qual Cecília é sócia-fundadora, com o apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. A espécie, que está ameaçada de extinção, é natural do sul da Bahia e do extremo nordeste de Minas Gerais, mas foi solta no litoral do estado do Rio de Janeiro, bem perto das últimas áreas de ocorrência do mico-leão-dourado. Na região de Niterói e Maricá, o mico-leão-de-cara-dourada é uma espécie invasora e pode cruzar com o mico-leão-dourado. Esse cruzamento geraria descendentes híbridos, aumentando a vulnerabilidade da espécie local. A solução encontrada por Cecília e sua equipe foi remanejar a população de micos-leões-de-cara-dourada para seu hábitat natural. “Nós estimávamos que havia cerca de 200 indivíduos soltos em Niterói, mas ao fim do resgate encontramos um número quatro vezes maior”, comentou ela. Além do risco de cruzamento entre as espécies, o que poderia trazer consequências drásticas para o mico-leão-dourado, a espécie invasora pode competir e ameaçar as populações da espécie nativa, afetando todo o ambiente da região.
Ela é especialista no estudo e proteção de primatas da Mata Atlântica e será homenageada pelo trabalho que realizou durante toda a sua carreira. Espécies ameaçadas de extinção, como o mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), o mico-leão-de-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas) e o macaco-prego-do-peito-amarelo (Sapajus xanthosternos), por exemplo, devem muito à dedicação e ao pioneirismo da cientista. o Sabin Conservation Prize, prêmio mundial pela conservação da natureza. Entre eles, a brasileira Cecília Kierulff, especialista no estudo e proteção de primatas da Mata Atlântica.
Criado pelo empresário norte-americano e filantropo Andrew Sabin em 2013, por meio da Andrew Sabin Family Foundation, o prêmio reconhece cientistas em todo o mundo que se destacam na conservação de espécies que correm o risco de extinção, seja pela redução e destruição de seu habitat natural, ou por causas diretas como a caça ou o tráfico, por exemplo. A cada ano são premiadas três categorias: anfíbios, quelônios e primatas, para homenagear e incentivar pesquisadores que contribuem tanto para a ampliação do conhecimento acadêmico como para a preservação do meio ambiente em que vivemos. A bióloga Cecilia Kierulff: vida dedicada à conservação de primatas ameaçados de extinção.
A bióloga dedica sua vida à conservação de primatas ameaçados de extinção e já ajudou muitas espécies a saírem de situações críticas, tanto pelo manejo quanto pela preservação de seu hábitat. Sua atuação científica sempre foi permeada por projetos “mão na massa”, como ela mesma descreve, que a levaram por experiências dignas de um filme de Indiana Jones nas florestas brasileiras. A criação da Reserva Biológica União, na região de Rio das Ostras, no estado do Rio de Janeiro, é um exemplo disso. A então Fazenda União recebeu as primeiras famílias de micos-leões-dourados em 1994, remanejadas por Cecília por meio de um projeto pioneiro.
A espécie era considerada “Criticamente em Perigo”, de acordo com a classificação da Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção, a chamada Lista Vermelha. Na antiga fazenda, eles tiveram condições melhores de sobrevivência e reprodução; com isso, e com apoio da comunidade científica, o local foi transformado em uma Unidade de Conservação Federal, garantindo assim a preservação dessa área de Mata Atlântica – o que ajudou os micos a mudarem para a categoria “Em Perigo”, o que significa que sua situação de ameaça melhorou um pouco. Outra espécie à beira da extinção beneficiada pelo trabalho da bióloga foi o macaco-preto-de-peito-amarelo, classificado, na época, como “Criticamente em Perigo” na Lista Vermelha. “Esses macacos praticamente não eram mais vistos na Bahia e em Minas Gerais, de onde são endêmicos, mas com criatividade nós conseguimos achá-los e estudá-los para entender como poderíamos contribuir para sua preservação”, explicou Cecília.
Ela e sua equipe usaram, de forma pioneira, armadilhas fotográficas e iscas de frutas para fazer um levantamento das áreas onde os macacos-prego estavam sobrevivendo na Bahia, estimaram o tamanho das populações e registraram o comportamento e a ecologia de grupos em florestas protegidas, como a Reserva Biológica de Una. Dessa forma, puderam realizar estudos que estimulam a preservação da Mata Atlântica da região e, consequentemente, das espécies abrigadas na área, e também contribuíram para a mudança de categoria de ameaça desta espécie. A mais recente iniciativa da cientista foi a translocação e monitoramento de micos-leões-de-cara-dourada. O projeto foi realizado por meio do Instituto Pri-Matas, do qual Cecília é sócia-fundadora, com o apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. A espécie, que está ameaçada de extinção, é natural do sul da Bahia e do extremo nordeste de Minas Gerais, mas foi solta no litoral do estado do Rio de Janeiro, bem perto das últimas áreas de ocorrência do mico-leão-dourado. Na região de Niterói e Maricá, o mico-leão-de-cara-dourada é uma espécie invasora e pode cruzar com o mico-leão-dourado. Esse cruzamento geraria descendentes híbridos, aumentando a vulnerabilidade da espécie local. A solução encontrada por Cecília e sua equipe foi remanejar a população de micos-leões-de-cara-dourada para seu hábitat natural. “Nós estimávamos que havia cerca de 200 indivíduos soltos em Niterói, mas ao fim do resgate encontramos um número quatro vezes maior”, comentou ela. Além do risco de cruzamento entre as espécies, o que poderia trazer consequências drásticas para o mico-leão-dourado, a espécie invasora pode competir e ameaçar as populações da espécie nativa, afetando todo o ambiente da região.
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