Pequeno Dicionario da Cozinha Baiana

Verbete-B Bolo de Folha
Bolo de Taca, Pé de Moleque Bolo de Folha, estes são alguns nomes dados a esta preparação tipica indígena, até hoje encontrada nas ruas da Bahia e em especial no Terminal de Bom Despacho-Ilha de Itaparica.

Os índios Tupinambás foram os primeiros habitantes da ilha de Itaparica, daí a origem do seu nome, por volta do século XVI, habitava duas regiões da costa brasileira: a primeira ia desde a margem direita do Rio São Francisco até o Recôncavo Baiano; a segunda ia do Cabo de São Tomé, no atual estado do Rio de Janeiro, até São Sebastião, no atual estado de São Paulo.
Este segundo grupo também era chamado de tamoio. Compunham-se de 100 000 indivíduos. Eram a nação indígena mais conhecida da costa brasileira pelos navegadores europeus do século XVI. Atualmente, o principal grupo tupinambá reside no sul do estado da Bahia: são os tupinambás de Olivença.

Apesar de terem raízes comuns, as diversas tribos que compunham a nação tupinambá lutavam constantemente entre si, movidas por um intenso desejo de vingança que resultava sempre em guerras sangrentas em que os prisioneiros eram capturados para serem devorados em rituais antropofágicos. 
Autores como o alemão Hans Staden ("História verdadeira e descrição de uma terra de selvagens...") e os franceses Jean de Léry ("História de uma viagem feita à terra do Brasil") e André Thevet ("As singularidades da França Antártica..."), todos do século XVI, além das cartas jesuíticas da época, nos dão notícias muito precisas acerca de quem eram e de como viviam os índios tupinambás.
Escritos de Teodoro Sampaio, diz que "Tupinambá" é oriundo do termo tupi tubüb-abá, que significa "descendentes dos primeiros pais" , através da junção dos termos tuba (pai), ypy (primeiro) e abá(homem). Em sentido diverso, o tupinólogo Eduardo de Almeida Navarro sugere a etimologia "todos da família dos tupis", através da junção de tupi (tupi), anama (família) e mbá (todos).

Itaparica foi colonizada em 1560 pelos jesuítas, mas em 1510 já havia registrado a passagem do navegador português Diogo Álvaro Correia, o "Caramuru", que, ao casar-se com a princesa tupinambá "Paraguaçu", filha do cacique Taparica, formou a primeira família genuinamente brasileira.

Conta uma das lendas que Itaparica vem do Tupi e significa “cerca feita de pedras”, por causa dos arrecifes que contornam toda a costa da ilha. A alimentação Tupinambá não fugia da tradição natural, eles consumiam alimentos retirados diretamente da natureza. Na aldeia Tupinambá, o preparo dos alimentos é de responsabilidade das mulheres, ai onde desenvolvem Beijus, Bolos e Moquéns, aos homens, cabe a função de caçar e pescar.

Os tupinambás da Bahia faziam a giroba, um tipo de cauim, que também servia como alimento. A mandioca era descascada, cortada em pedaços, cozida, socada em pilão, cozida novamente com mais água e colocada em vasilhame para fermentar.

A massa cozida não era mastigada como na maioria dos cauins, sendo amassada no pilão e mesmo assim ocorria o processo de fermentação. As mães alimentavam crianças pequenas com a giroba, que, segundo a crença, permitia-lhes que se desenvolvessem em adultos fortes e saudáveis.
Outro importante elemento da alimentação indígena é a Carimã ou Puba, e a base do Bolo de Folha, trata-se de mais um produto da mandioca.
A Puba é bastante digesta, uma vez que foi pré-digerida pelas bactérias em processo de fermentação. A água resultante da fermentação é extremamente tóxica (se ingerida mata qualquer ser vivo: plantas ou animais). Deve-se tomar cuidado, pois é extremamente poluente se despejada nos rios.

A mandioca tinha uma enorme importância para a alimentação dos índios e dos primeiros colonizadores do Brasil e, como se vê acima no trecho de carta do Padre José de Anchieta de 1554, foi o motivo para a fundação da cidade de São Paulo.
Os cintas-largas do Mato Grosso e Rondônia obtinham a raiz de maneira peculiar: ao invés de arrancar o pé inteiro, como quase todos os outros índios faziam, suas mulheres cavavam o solo e removiam apenas as raízes grandes, deixando as menores se desenvolverem.

Beiju: o pão de mandioca é feito em farelos e aspergido com água, resultando em uma massa grudenta que é espalhada sobre uma chapa quente, sendo continuamente virada de um lado e do outro.
Os caiabis do Mato Grosso faziam o beiju deixando a mandioca brava de molho por uns dias(Carimã), depois ela era descascada e bem seca ao sol. Ela era socada no pilão, umedecida e assada de um só lado.
Os Txukahamãe ou Megaron da mesma região envolviam a massa de mandioca em forma de quadrado em folha de bananeira e a colocavam entre pedras aquecidas, cobriam-na com mais folhas e terra e a deixavam assar por horas. Os xirianás de Roraima assavam não só o beiju nos largos discos de argila, como também carnes de caça.[36]
Um modo diferente de preparar o beiju era praticado pelos Haló’ T´é Sú do Mato Grosso. Removiam as cinzas e brasas do fogo e no local colocavam a farinha, que era comprimida até formar os beijus. As cinzas e brasas eram sobre eles colocadas, que ficavam assados em quinze minutos. As brasas eram removidas com uma vareta e osbeijus batidos para a remoção das cinzas.
Os nativos das Américas preparavam vários tipos de beijus e outros pratos derivados da mandioca:
Aaru - beiju de massa de mandioca com tatu moqueado e moído.
Arumbé: massa de mandioca com pimenta
Beiju-açu - beiju de massa de mandioca peneirada e torrada.
Beiju-cambraia - feito com massa de tapioca, alvo, tenro e quase transparente.
Beiju-carimã - beiju utilizado para se fazer caxiri na festa da puberdade das moças.
Beiju-cica - de massa de mandioca fresca, cortado e torrado, com aparência de um folhado.
Beiju-curua - de massa de mandioca, sal e castanha ralada, envolto em folha de bananeira e assado .
Beiju-curuba - semelhante ao beiju curucaua, mas a castanha de caju ou a castanha-do-pará são adicionadas em pedaços e não raladas .
Beiju-curucaua - grande e chato, feito de tapioca granulada com castanha de caju ou castanha-do-pará ralada .
Beiju-enrodilhado - beiju normal, mas que é enrolado ao invés de dobrado em dois.
Beiju-mambeca - um tipo de beiju mole, que não era torrado, apenas aquecido para a massa aglutinar
Beiju-marapatá - envolto em folhas de bananeira e assado sobre cinzas .
Beiju-peteca - pequeno beiju comprido de massa de mandioca puba, castanha e gordura.
Beiju-pixuna - usado em viagens, é grande e escur
Beiju-poqueca - assado envolto em folha de bananeira, contendo apenas massa de mandioca e sal
Beiju-teica - de polvilho fresco de mandioca com farinha d’água
Beiju-ticã - de massa de mandioca puba seca e socada
Beiju-tinin - seco ao sol até endurecer.
Beiju-tininga - muito durável e feito de polvilho de mandioca puba, que é pilada depois de torrada.
Beiju-tipioca - de polvilho peneirado e torrado; outro tipo de beiju sem nome específico era feito com massa de mandioca com carne de caça previamente torrada e pilada.
Beijusicica - mingau de polvilho feito pelos Crichaná de Roraima.
Caxiri - a massa de mandioca é cozida com bastante água e a fermentação é causada pela adição de sobras de beiju velho ou pela mastigação da massa.
Cauim de amendoim - Um tipo de mingau feito com farinha de mandioca, amendoim torrado e moído e, às vezes, farinha de milho .
Chibé - bebida não alcoólica feita pela mistura de farinha de mandioca com água
Curada – semelhante ao beiju, porém mais rico em polvilho e mais espesso.

Folha de bananeira no Uso Medicinal

As folha de bananeira tem uma rica história de uso medicinal oral e tópica, também chamado de Tanchagem, particularmente para o tratamento de doenças de pele, e hoje é vendido como um suplemento para uma variedade de fins de promoção da saúde. Tal como acontece com qualquer produto à base de plantas, obter a aprovação do seu médico antes de usar folha de bananeira.

Benefícios nutricionais
Tanchagem contém fibra, potássio, cálcio, magnésio, sódio, fósforo, zinco e cobre, bem como as vitaminas A, C e K. Também é uma rica fonte de numerosos fitoquímicos, incluindo alantoína, glicosídeos, fenóis, ácido salicílico e taninos. Os fitoquímicos são compostos antioxidantes encontrados naturalmente nas plantas que impedem danos dos radicais livres induzida no corpo e, assim, ajudam a prevenir e tratar a doença em humanos. O Colégio Internacional de Medicina Herbal afirma que folha de bananeira tem anti-inflamatórios, analgésicos, propriedades antibióticas e imuno-estimulantes.


Lista de Usos das Folhas de Bananeira:
De acordo com Phyllis Balch e James Balch, MD, em seu livro "Prescription for Nutritional Healing," a folha de banana age como um diurético, ajudando a livrar o corpo do excesso de água.
Além disso, promove a saúde digestiva, ajudando a aliviar a azia e indigestão e tratar a diarreia e disenteria.
As folha de bananeira também alivia os pulmões e promove a saúde respiratória e é usada para tratar a tosse e bronquite. Usos supostos adicionais para folha de bananeira incluem melhorar a circulação, estimulando o útero, o tratamento de cistite e febre do feno e redução dos níveis de colesterol total. Esses usos são baseadas no uso histórico e relatos no entanto, e eles ainda não foram fundamentadas em provas científicas sólidas.


Benefícios tópicos
As Folhas de bananeira têm propriedades anti-sépticas e podem ser utilizados topicamente para promover a cicatrização da pele danificada, reduzir a inflamação da pele, parar o sangramento, reduzir a dor e prevenir infecções secundárias de feridas.
As folhas também pode ser aplicado como um cataplasma para ajudar a aliviar picadas de abelha, queimaduras, erupções cutâneas e hemorroidas; e para aliviar a coceira de picadas de insetos. Além disso, os extractos do mesmo podem ser utilizadas como um colutório para reduzir a inflamação e doença de goma de mascar e para o tratamento de úlceras da boca. Finalmente, tanchagem pode ser usado como um colírio para ajudar a conjuntivite mimo.

As Folha de bananeira são vendida para uso interno em extrato fluido, tintura, decoção, infusão e em pó seco e as folhas frescas e secas pode ser consumida como um chá. É também vendido para utilização tópica como um unguento ou óleo essencial. Apesar de folha de bananeira é geralmente considerado seguro, é sempre melhor consultar com o seu profissional de saúde antes de iniciar qualquer novo produto à base de plantas.

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