Mandú, o Biscoito e o Mito

Tenho acompanhado com muito gosto, as postagens da @Casa Oxumarê, uma documentação viva das nossas tradições, um grandioso esforço do Baba Pese, no caso o Mandu, uma brincadeira, onde um personagem assustador que tem como chapéu uma Arupemba, faz festa com a criançada, típico das manifestações culturais do Recôncavo Baiano.

Começavamos colocando para secar as cascas do Tamarindo, devidamente limpas, e trituravamos até reduzir a farinha, depois acrescenravamos manteiga, goma de mandioca, ovo, e açúcar mascavo, assavamos e recheavamos com o doce, casando a outro biscoito.
Infelizmente os Tamarindos já não gozam de tanto prestígio no paladar do baiano, que pese, em outras épocas, ele estava muito presente, como Água de Tamarindo, um refrigerio servido para abrandar o calor, eram presentes também nos tabuleiros, servidos sobre folha de bananeira, no lambedor contra febre, e no famoso Picolé da Capelina, o Tamarindo já gozou de bons momentos, mas permanece vivo em nossa memória e no paladar.
O tamarindo é rico em vitaminas C e E, vitaminas do complexo B, cálcio, ferro, fósforo, potássio, manganês e ainda algumas fibras.
Na medicina popular tradicional é usado na cicatrização de feridas, dores abdominais, diarreia, disenteria, infestação parasitária, febre, malária e problemas respiratórios. É comumente usado em países tropicais por causa de suas propriedades laxativa e afrodisíaca.

Vamos ao texto sobre o Mandú 
O Mandu foi introduzido na Casa de Oxumarê, em 1954, pela saudosa Mãe Simplicia.
Conhece o mundo por uma de suas mitologias:
Existia um casal que brigava muito, principalmente pelo gênio difícil do marido. Muito nervoso com a esposa esse marido rogou uma praga à sua esposa, dizendo que ela teria um filho deficiente que lhe tomaria todo o tempo, não lhe sobrando nada a fazer, senão cuidar dessa criança.
Passado algum tempo, essa mulher engravidou de uma criança com uma grave deficiência na perna.
Triste com a situação e envergonhada por conta do marido, esse mulher foi morar em um bosque, isolando-se de tudo e de todos, fazendo com que essa criança ficasse muito triste, pois não brincava e não participava do convívio em sociedade.
Quando essa criança já estava andando com bastante dificuldade em função da deficiência, Yemoja, a organizou um evento, ordenando que todos da cidade comparecessem para celebrar. Ao saber que havia uma mulher e uma criança que viviam no bosque, Yemoja mandou que a chamasse. 
A mulher chorando copiosamente, contou toda sua história, dizendo à Yemoja que não iria para não constranger seu filho. Yemoja lhe entregou certa quantia de búzios (o dinheiro da época), mandando que ela comprasse tecidos coloridos para vestir seu filho, para que ele também pudesse confraternizar na festa que aconteceria. 

Conforme determinação de Yemoja, a mulher comprou muitos panos, vestindo inteiramente a criança, de modo que ninguém a conseguisse ver. Yemoja, disse ainda, que ela deveria ter orgulho de seu filho, pois na verdade, ele não foi fruto da praga do seu marido, mas sim, um presente de Olodunmare, que confiou a ela a responsabilidade de cuidar de uma criança muito especial, que fazia parte de uma importante comunidade, o Egbe Orun.
Ao chegar à festa, a criança (Mandú) começou a brincar e pular por todos os lados. Contudo, algumas pessoas que lá estavam começaram a desdenhar daquela figura desconhecida. Ògún, por sua vez, protegeu o Mandú, dizendo que todos o respeitassem, pois aquele que não o fizesse, conheceria o fio de sua espada. Assim, o Mandú com suas vestes e brincadeiras, trouxe grande alegria para todos que também ficaram felizes ao ver como aquela criança se divertia como nunca havia acontecido.
A partir desse momento, Mandú começou a ser protegido por Ògún.
O mundú representa as crianças do Egbé Orun.

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