Da feijoada árabe à feijoada .

Esse banquete da feijoada à brasileira começou a ser apreciado pela elite do Nordeste e divulgado a partir do século XIX, conforme a edição de 03 de março de 1827 do Jornal Diario de Pernambuco, em um dos primeiros anúncios de feijoada à brasileira: [Restaurante] Locanda da Águia D’Ouro – as Quinta-feiras excellente feijoada a Brazileira. No Rio de Janeiro, um dos primeiros anúncios foi no Jornal de Commercio, na edição de 05 de janeiro de 1849, com o título: A bela feijoada à brasileira.

O guisado árabe no Brasil e a feijoada com cordeiro no mundo árabe

Por outra via, a da imigração árabe para o Brasil, que ocorreu desde o século XVIII, o guisado original árabe de feijão branco, com carne de cordeiro e arroz, também chegou ao Brasil pelas mãos das mulheres imigrantes árabes, e hoje é comum encontrar no Brasil esse guisado de feijão com carne de cordeiro, o Yakhné façulia bil-lahmeh kharuf.

No mundo árabe, especialmente no Líbano, a comunidade brasilibanesa (neologismo que criei para cidadão binacional brasileiro-libanês), também pelas mãos das mulheres brasilibanesas, criou uma nova variante, a feijoada à brasilibanesa, com feijão preto, hoje plantado no Líbano, com carne de cordeiro, linguiça de carne de carneiro e carne bovina e farofa de semolina (não há ainda plantação de mandioca no Líbano), frita com ovos, amêndoas e sal.


A feijoada tornou-se um prato híbrido, uma miscigenação oriental, europeia, amiríndia e africana. Cada pessoa faz a feijoada ao seu estilo, como versou Vinicius de Moraes: Feijoada à Minha Moda.


* Roberto Khatlab, nasceu em Maringá, Paraná, Brasil. Pesquisador e escritor, reside atualmente em Beirute, no Líbano.

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