Azul de Jezebel no ceu de Calcutá

O índigo é um dos corantes naturais mais antigos do mundo; os primeiros relatos relacionam o surgimento na Índia, que se apresenta como o centro mais longevo a aplicá-lo. Utilizado como corante azul em fibras naturais como algodão, o índigo é uma excelente opção sustentável para o mercado de tingimento.

UMA BREVE HISTÓRIA DO ÍNDIGO









O corante índigo tem uma história antiga . Suas origens exatas não são claras, mas o nome e o apelo em massa provavelmente se originaram da Índia.

Eventualmente, o comércio de especiarias e escravos introduziu o índigo no mundo . O azul índigo tornou-se uma cor associada ao luxo ao longo da era colonial.

Em importância, era superado apenas pelas importações de prata e cochonilha (inseto usado para fazer o corante carmim). Sua crescente demanda gerou a implementação de fazendas de índigo até as Américas por volta de 1600, essa produção acabou sendo usada para tingir denim e o índigo se tornou o tom icônico do jeans azul americano no início do século XX. 

O clima úmido no sudeste da Ásia torna difícil traçar a história do índigo no Vietnã.  Amostras têxteis antigas foram perdidas ou desintegradas. No entanto, alguns historiadores acreditam que as técnicas para transformar plantas Indigofera em corantes foram descobertas independentemente por numerosas culturas na Ásia na mesma época antes do período medieval.

CONTINUANDO AS TRADIÇÕES PATRIMONIAIS NO VIETNà

Além dos Hmong, outros grupos étnicos no Vietnã , como os Dao , os Nung e os La Chi , mantêm fortes tradições de tingimento de índigo. Alguns até vendem seus tecidos nos mercados para gerar renda para suas comunidades. Mas agora, milhões de quilos de corante índigo sintético são produzidos todos os anos apenas para colorir jeans. Como resultado, as tradições de tingimento natural estão rapidamente sendo deixadas de lado em favor de métodos modernos.

As fotografias da coleção Indigo irão transportá-lo para um mundo onde as cores florescem e o artesanato ainda é favorecido pela produção em massa, as fotos. © RÉHAHN

A leguminosa é um pequeno arbusto que pode chegar a até 1 metro de altura, uma planta de clima tropical, muito ramificada e cultivada a pleno sol, preferindo solos férteis e soltos com potencial hidrogeniônico (pH) entre 5 e 6.

Apesar de se reproduzir por meio de sementes, a planta apresenta dificuldades na germinação, causadas pela impermeabilidade do tegumento. Alguns pesquisadores recomendam o uso de ácido sulfúrico para a quebra de dormência das sementes.

O espaçamento utilizado para a cultura é de 0,5 metro por 1,5 metro, e a colheita das folhas e das hastes é feita antes do período de floração. Após isso, as folhas podem ser retiradas ainda uma segunda e terceira vez depois de 40 dias. O rendimento fica entre mil gramas por hectare a 1,2 mil gramas por hectare, correspondendo a uma colheita de aproximadamente 335 quilos por ano. Do plantio da semente até a extração do pigmento, são necessários 365 dias.

Conhecida também como anileira, índigo japonês, índigo natural e anil-de-pasto, a planta chegou ao Brasil no século 18 e ainda hoje conquista uma pequena parcela de produtores interessados no cultivo.

No passado, o pau-brasil também era utilizado como corante, mas para a cor vermelha, sendo muito famoso na Europa no século 16.

A cor do índigo não pode ser observada na planta viva, sendo obtida apenas a partir da fermentação das folhas frescas em água, após uma série de processos de oxidação que se precipitam como o pigmento azul-índigo. Após o processamento, a comercialização da planta é feita em pequenas pedras de giz em blocos ou em extratos em pó com coloração azul.

O gênero pantropical Indigofera L. (Leguminosae, Papilionoideae, Indigofereae) é constituído por cerca de 700 espécies, representadas por plantas herbáceas e arbustivas.

Os órgãos vegetativos de I. suffruticosa apresentam valor medicinal (Vieira, 1992; Martins et al., 2000), como antiespasmódico, sedativo, estomáquico, emenagôgo e antídoto contra o mercúrio e o arsênio (Martins et al., 2000). Sua raiz é empregada ainda como febrífuga, diurética, purgativa e insetífuga (Vieira, 1992).

Os órgãos vegetativos de I. truxillensis também possuem propriedades medicinais, sendo muito utilizados pela população (Martins et al., 2000). Ambas espécies apresentam importância na agropecuária.

No Brasil, o Ceará é um dos principais Estados produtores, mas o índigo também vem sendo plantado na região serrana de São Paulo. O anil ainda é cultivado na Índia, em partes da Ásia e da África, mas, atualmente, boa parte do índigo é produzida de forma sintética, o que faz a fabricação natural ter alto valor agregado.

Um dos principais usos é na indústria têxtil, já que dá a cor azulada ao jeans, sendo o único corante natural a colorir o algodão. O anil sintético, feito a partir do petróleo, ganha no quesito produção, mas quanto à sustentabilidade o índigo natural assume a liderança por ser biodegradável.

A cadeia de produção do corante é composta primariamente de agricultores familiares que, ao cultivarem um produto natural, colaboram com a manutenção do meio ambiente para as futuras gerações.

Com o aumento do apelo sustentável aos produtos no mercado da moda, a tendência é que a planta comece a ser produzida em maior quantidade. Essa substituição vai valorizar a produção do índigo natural, minimizando os impactos ambientais e melhorando a renda dos agricultores.

As fotografias de Réhahn das tribos H'Mong e Dao e seu processo de tingimento ecológico mostram o valor da tradição.

Fonte: Etno Botânica – Corantes e pigmentos naturais, Índigo natural – O azul de origem vegetal, Brasil ensaia produzir índigo natural

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