Cachaça de Sopapo

Os ares de setembro são os melhores, algo assim meeiro, entre os apuros da chuva e a torração do verão.

Os dias começam cedo, tem cheiro de café coado, o’zoi ainda remelento e o mingau das almas na boca.

A maresia chega, despertando todos os sentidos, prenuncio de dia claro e céu limpo.Os primeiros sons do dia, um cacarejo aqui, uns piados ali, sanhaços, papa cú e bem-te-vi, tudo soa harmonia.O mato, todavia relvoso, exala um cheiro incomum, misturado a isso, só a mansidão nada passiva do lugar, que fazem sentir uma visgada doce na espinha, coisa assim que nem se explica, como cheiro de moquequinha de chicharro, ou arrepio das entrepernas de vontade de trepar.

O céu de tão azul, chega a cegar chegam também, aquele monte de anginhos em forma de nuvens, tornando a paisagem, digna de obra de arte, que os zoi chega marejar.Coco mole na beira da praia, bom prus pulmões e cura ressaca.

Melhor que isso só molho lambão, bem temperadinho, preparado e alinhado, com alho e tudo, delírio do paladar.Coisa boa é Marisco, marisco fresco, desses que a água vem à boca.Boca, que é chuva de verão, que brota do nada, quando pensa que não.Siri de gereré, catadinho ali mesmo na praia Sem afetação ou amostração

Siri catado, alvinho, sim bagaço

Carregado no coentro e o azeite a dourar, farinha poca, só pra ranger os dentes.Se existe culpa, por ver poesia, onde ninguem encontra, vai falar com seu Caymmi e o finado Ubaldo, essa gente que de mansa não tinha nada, boa de prosa e muita alegria na alma.

Já reparou que existem lugares assim,

Onde o tempo dá um tempo.Onde há encantamento e tarda á passar?

Até parece que Deus, passou, lambou umas doses de boa pinga, e foi deitar pra cochilar, sem esquecer do cafuné, a rede e a sombra da Amendoeira.

Vida boa é lugar indolente, desagoniado

É chegar na feira, sem tempo contado.É contar asneira, e saber fofoca alheia, com a condição de não julgado.

É ver esperteza da menina, que dum prato, faz dois e até três, bastando apenas areiar

com farinha.Beleza, é aquela dor na espinha, que parece dó, até chegar à alegria

É cachaça de sopapo, é resguardo de fato, comendo com farinha.

El Cocinero Loko agosto, 2015