POVOS TRADICIONAIS MEXICANOS SE MOBILIZAM CONTRA PRESSÕES SOBRE MILHO TRANSGÊNICO
Em dezembro de 2020, o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador, conhecido como AMLO, publicou um decreto proibindo até 2024 o plantio de milho geneticamente modificado para consumo humano.
A ordem também exigia a eliminação do uso do glifosato, agrotóxico alvo de polêmico debate sobre seus efeitos potencialmente cancerígenos.
O decreto fez de AMLO o primeiro presidente mexicano a apoiar o movimento anti-GM. Mas a notícia desagradou os Estados Unidos, já que o México importa do vizinho milhões de toneladas de milho geneticamente modificado por ano para a alimentação animal e o uso industrial, como na produção de xarope de milho, mas os Estados Unidos contestam a decisão. Além da defesa sobre o produto, alegam que a proibição dos Organismos Geneticamente Modificados (OGM) viola o acordo comercial dos países, e que o México não forneceu provas científicas sobre a qualidade do produto.
Diante das novas pressões comerciais e das recentes resoluções sobre a possível aceitação do milho transgênico no México, a comunidade gastronomica nacional deve unir forças para apoiar a campanha @sinmaiznohaypaismx.
Deve-se promover a proteção das variedades endêmicas de milho por meio do consumo responsável desse tesouro herdado de nossos povos originários. Isso ajudará a combater os efeitos devastadores da padronização do milho e de suas práticas agrícolas, que terão um impacto significativo no sistema ancestral de cultivo mesoamericano conhecido como milpa.
Na Culinaria Mexicana, propomos algumas ações para que todos, de suas respectivas posições, contribuam para a preservação do milho de qualidade:
1. Como consumidores, informar-nos sobre o milho que consumimos no dia a dia.
2. Apoiar projetos de pesquisa e conservação da biodiversidade das variedades locais de milho.
3. Fazer um grande esforço para promover o comércio justo no campo e criar um registro de moinhos e tortillerias que incentivem práticas sazonais de cultivo e colheita de milho.
4. Lançar uma campanha nacional no setor de restaurantes para destacar o consumo de milho nas mesas dos grandes representantes da culinária mexicana.
5. Informar a população em geral sobre as variedades de milho cultivadas no território nacional.
6. Aproximar-se de organizações que promovem e divulgam o valor do milho mexicano.
Os povos tradicionais mexicanos desempenham um papel crucial na luta contra os transgênicos, especialmente no contexto da preservação do milho, um alimento essencial para sua cultura, economia e espiritualidade. Essa resistência está enraizada em sua conexão histórica e simbólica com o milho, considerado um elemento sagrado e central em suas tradições.
Contexto do Milho no México
O México é o berço do milho, com uma diversidade genética incomparável de variedades nativas, conhecidas como criollos. Para os povos indígenas e comunidades rurais, o milho não é apenas um alimento, mas um símbolo de identidade cultural e resistência. É usado em rituais, festivais e práticas cotidianas, o que torna sua preservação uma prioridade.
Ameaça dos Transgênicos
A introdução de organismos geneticamente modificados (OGMs), especialmente milho transgênico, representa uma ameaça à biodiversidade das variedades nativas. Os principais problemas identificados são:
1. Contaminação Genética: O pólen de plantas transgênicas pode cruzar com variedades nativas, alterando sua composição genética.
2. Dependência Econômica: O uso de sementes transgênicas, geralmente patenteadas por grandes corporações, cria uma dependência das comunidades locais em relação a essas empresas.
3. Impacto Ambiental: O cultivo de transgênicos está frequentemente associado ao uso intensivo de agrotóxicos, prejudicando o solo, a água e a biodiversidade.
4. Desvalorização Cultural: A padronização das sementes transgênicas ameaça a diversidade de práticas agrícolas e culturais associadas ao milho nativo.
A Luta dos Povos Tradicionais
Os povos tradicionais mexicanos têm usado diversas estratégias para combater a disseminação de transgênicos:
Mobilização Social: Organizações como a Rede em Defesa do Milho têm unido comunidades indígenas, campesinas e ativistas para defender a agricultura tradicional.
Ações Legais: Desde 2013, um grupo de organizações e cidadãos conseguiu, por meio de ações judiciais, suspender a liberação comercial de milho transgênico no México.
Resgate e Preservação de Sementes: Muitas comunidades criaram bancos de sementes locais e intercâmbios de sementes para preservar as variedades nativas.
Educação e Consciência: Programas de educação comunitária têm sido essenciais para informar agricultores sobre os riscos dos transgênicos e a importância da biodiversidade.
Alianças Internacionais: Parcerias com movimentos globais, como a Via Campesina, fortalecem a luta contra a agroindústria e promovem a soberania alimentar.
Importância Global
A luta dos povos tradicionais mexicanos contra os transgênicos é um exemplo emblemático da resistência dos povos indígenas e camponeses à mercantilização da agricultura. Sua defesa do milho nativo não apenas protege a biodiversidade mexicana, mas também contribui para a segurança alimentar global e a preservação de práticas agrícolas sustentáveis.
Essa batalha reflete o conflito maior entre modelos de agricultura industrial e sistemas agroecológicos baseados em saberes tradicionais, mostrando a necessidade de políticas públicas que valorizem a diversidade cultural e ambiental.
Fonte https://www.instagram.com/cmexicana?igsh=MTVtcGNscmpmNHlnNw==
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