“Revolução” do cacau eleva chocolate brasileiro a padrão internacional

O Festival Internacional do Chocolate e Cacau, é uma vitrine para o Chocolate e o Cacau da Bahia. 

Idealizado pelo baiano Marco Lessa, o Festival acontece desde 2009, a iniciativa é uma forma de promover Ilhéus como polo chocolateiro e difundir a cadeia produtiva do cacau. “Durante muito tempo fornecemos cacau para o mundo inteiro como commodity e por um valor muito baixo”, sinaliza o empresário Marco Lessa, que cresce a cada ano com debates, fóruns, convidados internacionais, rodadas de negócios e, claro, muito chocolate de estirpe. 
“Com isso, surgiu a descrença de que o Brasil não produziria cacau de qualidade. Mas já não estamos mais nesse estágio. 
A produção verticalizou-se. 
Hoje, quem está na base, o produtor de cacau, sabe que pode transformar seu produto em chocolate fino, de origem. E é o que está acontecendo”. Esse estágio só foi possível com a qualificação de todo o processo produtivo. 

Se é verdade que, como vaticinam alguns chocolatiers, “70% de um bom chocolate se faz na fazenda”, a região cacaueira do Sul da Bahia está em sintonia perfeita, escaldada por um passado recente de agruras – na década de 90, quando o Brasil era o segundo maior produtor mundial de cacau, a doença chamada vassoura-de-bruxa, hoje controlada, assolou a região de maneira violentíssima. Disciplinados pelo (ótimo) trabalho da CEPLAC (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira, órgão federal), hoje os cacauicultores da região dão atenção especial a toda a cadeia produtiva – do cultivo à seleção das amêndoas perfeitas, passando pela secagem e torrefação (que reduz a acidez), pelo timing exato de fermentação (que faz a amêndoa ganhar complexidade) etc. Com sete edições já realizadas em Ilhéus (BA) e três, na Amazônia (Belém/PA), o evento em breve deve ganhar a esperada edição do Sudeste, em São Paulo. Lessa também criou sua grife, a Chor – Chocolates de Origem. “Antigamente, no Brasil, sinônimo de chocolate premium eram os estrangeiros, o belga e o suíço”, lembra. “Agora, o mercado mudou, o consumidor está cada dia mais interessado em chocolate brasileiro com alto percentual de cacau e sem adição de gorduras e outros artifícios”. E completa: “Chocolate amargo não é chocolate com maior teor de cacau, é chocolate com pouco açúcar".
Cacau de Qualidade no Brasil
Mais qualidade para o chocolate Projeto de lei da senadora Lídice da Matta (PSB-BA) que tramita no Senado propõe que o chocolate brasileiro tenha pelo menos 32% de cacau para poder disputar, em igualdade, o mercado internacional junto com outros países da América Latina. Segundo a senadora, "a maior parte do chocolate produzido no Brasil é considerada 'milk chocolate', ou chocolate ao leite". 

O produto tem 25% de cacau, contra 32%. 
O percentual foi reduzido por conta da vassoura de bruxa, praga que dizimou os cacaueiros do sul da Bahia entre 1991 e 2000. No período, o Brasil teve sua produção anual reduzida caindo a sua participação no mercado internacional de 14,8% para 4%. Mas hoje a realidade é outra, e o cacau brasileiro pode se posicionar de maneira forte no mercado mundial.



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