A Ialorixá e acadêmica Mãe Stella de Oxossi promove Feira do Desapego

Maria Stella de Azevedo Santos, Mãe Stella de Oxóssi, Odé Kayodê, nasceu no dia 2 de maio de 1925, em Salvador, Bahia. 
Movida pela sua espiritualidade, Mãe Stella segue a tradição religiosa herdada pelos seus ascendentes africanos, com dedicação e devoção às energias da natureza. É ocupante da cadeira 33 da Academia de Letras da Bahia e já escreveu oito livros sobre a crença baiana, assim combatendo os preconceitos à religião. 
Maria Stella de Azevedo Santos, Mãe Stella de Oxóssi, Odé Kayodê, nasceu no dia 2 de maio de 1925, em Salvador, Bahia. É a quarta filha de Esmeraldo Antigno dos Santos e Thomázia de Azevedo Santos. Seus irmãos, por ordem de nascimento são: Coryntha de Azevedo Santos (falecida), Bellanizia de Azevedo Santos (falecida), José de Azevedo Santos, Milta de Azevedo Santos e Adriano de Azevedo Santos.
Seus irmãos, por ordem de nascimento são: Coryntha de Azevedo Santos (falecida), Bellanizia de Azevedo Santos (falecida), José de Azevedo Santos, Milta de Azevedo Santos e Adriano de Azevedo Santos. Sua avó materna foi Theodora Cruz Fernandes, filha de Maria Konigbagbe, africana de etnia egbá . 
Aos nove anos de idade, Maria Konigbagbeestava na aldeia quando mandaram que ela entregasse uma encomenda em um navio, assim que chegou foi presa e trazida para o Brasil. 
Sua tia, Dona Arcanja, também conhecida como Dona Menininha, tinha o posto de arobá no Gantois e de Sobalojú no Opô Afonjá nos tempos deMãe Aninha, de quem era afilhada. Por volta dos treze anos de idade, Mãe Stella apresentou um comportamento não esperado, o que fez com que Dona Arcanja procura-se ajuda do oluô Pai Cosme de Oxum, o qual declarou que ela deveria ser iniciada e que seu caminho era de iyalorixá. 

Com isso Dona Arcanja decidiu procurar Mãe Menininha do Gantois. Dona Joaninha, que era governanta da casa, foi que acompanhou Mãe Stella na consulta. Depois de esperar muito para ser atendida, uma filha do Gantois apareceu na sala e avisou que ninguém mais seria atendido naquele dia. Aborrecida, Dona Joaninha seguiu para casa, e relatou o ocorrido à Dona Arcanja, que resolveu levar Mãe Stella ao Ilê Axé Opô Afonjá no dia 25 de Dezembro de 1937, quando foi apresentada à Mãe Aninha. Esta entregou Mãe Stella aos cuidados de Maria Bibiana do Espírito Santo.
Primeira mãe de santo a assinar uma coluna em um grande jornal, Mãe Stella escreve à mão os artigos semanais e depois os dita à filha de santo Graziela, que os digita e envia ao jornal A Tarde. A aversão a máquinas de quiabo se estende, claro, a computador, internet etc. Jamais lerá os livros de Érico Veríssimo, seu escritor predileto, em um iPad. “Gosto de me atualizar, de conversar com os adolescentes. Mas me deixe longe de qualquer tipo de maquinário.
” Ela se informa lendo jornais. Opina sobre qualquer assunto e não deixa de polemizar. Já atacou diretamente a gestão do prefeito de Salvador, João Henrique, evangélico, que costuma não mostrar muita tolerância com terreiros de candomblé. Hoje a relação com o prefeito é razoável, já com os evangélicos... Recentemente, um grupo tentou invadir o Opô Afonjá e foi posto a correr. “São os fanáticos de sempre, que não entendem que vivemos num país laico.” Aliás, dentro do terreiro funciona uma escola da rede pública, em convênio com a prefeitura. Uma das primeiras providências de Mãe Stella foi vetar o ensino de qualquer religião. “Eu poderia aproveitar que a escola fica dentro do terreiro para pedir que ensinassem o candomblé. Mas religião não se impõe.” 
Mãe Stella também provocou polêmica ao se declarar radicalmente contra o sincretismo, marca registrada da Bahia. Ela almoça com líder da Igreja Católica, dialoga com o prefeito evangélico, mas não mistura as religiões. 
“O sincretismo não leva a nada. Enfraquece os dois lados. Não vejo vantagem nenhuma em misturar São Jorge com Oxóssi.” 
Uma das 12 cadeiras do ministério de Xangô, o mais alto posto civil do Opô Afonjá, criado em 1937 por Mãe Aninha, é ocupada por Gilberto Gil, que substituiu o escritor Jorge Amado, uma das personalidades baianas mais próximas de Mãe Stella. Paparicada por políticos baianos, que costumam visitá-la em períodos eleitorais, ela nunca se deixou levar por oportunistas. 
“O político que chega aqui mal-intencionado, à procura de promoção, ou de voto, nem passa da porta”, diz Stella, que mantinha uma relação distante com Antônio Carlos Magalhães. “
Era uma relação cordial, e não de paixão, como muitas mães de santo mantinham por ACM. Aliás, não sou apaixonada por ninguém”, diz, do alto de sua independência. Mãe Stella foi a primeira mãe de santo a escrever livros sobre religião. Tem quatro: E daí Aconteceu o Encanto, 1988; Meu Tempo É Agora, 1993; Oxóssi – O Caçador de Alegrias, 2006; e Provérbios, 2007. 
Também fala fluentemente quatro línguas (inclusive iorubá) e é doutora honoris causa da Universidade Federal da Bahia. Um estofo cultural (ela, de família católica, estudou em colégios particulares) pouco comum a mães de santo. Mesmo assim, confessa: “Nunca estive totalmente segura como ialorixá”. 




























As cobranças não são poucas, segundo ela. 
Aos 90 anos, já começa a pensar na sucessão. A sexta ialorixá do Opô Afonjá não será escolhida por ela, e sim por um colegiado.  Mas espera que a próxima mãe de santo continue seu legado. Que tenha os olhos apontados para o futuro, sem, jamais, abrir mão das tradições. Ela vai poder usar máquina de cortar quiabo? Mãe Stella abre um sorriso, o primeiro da entrevista, e diz baixinho: “E quem sou eu para lutar contra as máquinas?”
Feira do Desapego
Dia 20 de Março o Chef Alicio Charoth, e um grupo de Chefs vai montar a Tenda Ojuobá na Feira do Desapego, das 10h às 18h, no Terreiro do Ilê Axé Opô Afonjá, Você já é nosso convidado.
A Feira do Desapego, vai ter muita coisa bacana, música e comida de qualidade com Chef Alicio Charoth e suas novas criações sob o conceito Sotoko. 

O conceito propõe fomentar a utilização de produtos locais e de qualidade e com sabor ricamente comprovado, sustentado pela força criativa de uma nova linguagem, muito mais aberta a pesquisa, são por fim uma grande contribuição popular, desenha e revela claramente a importância da nova cozinha na Bahia e suas evoluções. Ojuobá ou “olhos de Xangô” era o cargo de Pedro Arcanjo no Candomblé, personagem de Jorge Amado no livro Tenda dos Milagres. Amado por muitos e incômodo para autoridades e intelectuais racistas, simboliza a ascensão da cultura negra. A trama literária construída por Jorge Amado propõem a observação e a valorização da origem tri-racial (portuguesa, indígena e africana) da sociedade brasileira como um fator determinante de superioridade, ou seja, da miscigenação como elemento primeiro do Brasil. 
O que está evidenciado em Amado é Salvador como cidade fraturada, entre o cotidiano e a religiosidade dos afro-brasileiros, moradores da Cidade Baixa, e o cotidiano das elites brancas, residentes na Cidade Alta. 
Pedro Arcanjo nos remete a Manoel Querino, intelectual negro responsável pela elaboração de livros sobre folclore, culinária, linguagem e religiosidade afro-brasileira em Salvador, nas primeiras décadas do século passado. 

Pedro Arcanjo é um sujeito de profunda densidade e carisma, sua noção de vitória e de sucesso diz respeito ao intelecto e a amizade. Feliz construção de uma personagem alçado a imortalidade no panteão criado por Jorge Amado. Como pano de fundo da trama literária, as teorias racistas elaboradas com o aval da ciência e irradiadas pela Faculdade de Medicina da Bahia no início do século XX, quando professores entronizados principalmente nas cátedras de medicina legal e psiquiatria fizeram largo uso dos princípios da biologia como evolução e classificação das espécies para hierarquizar a população. No arranjo hierárquico, acreditava-se que o branco (evoluído) ocuparia o posto elevando, enquanto negros seguidos dos mulatos estavam nos estratos inferiores (em evolução). Daí a equivocada ideia de desqualificação e combate à cultura negra na sociedade soteropolitana, e mesmo brasileira, pois outros centros experimentaram medidas coercitivas e de ofuscamento de tudo o que fosse herança africana. A polícia agia com rigor contra candomblés, samba, capoeira e vendedores de quitutes africanos, que aos olhos dos membros da elite representavam aspectos “incivilizados”. 
Na Feira do Desapego, serviremos: 

*Chatasca: Cozido de Verduras com Charque e Feijão Fradinho 
*Bembé de Bacalhau:Creme de Batata Doce, Açafrão da terra e Bacalhau 
*Paterê: Salteado de Carne, com Dendê, Verduras e Gengibre 

O Terreiro de Candomblé Ilê Axé Opô Afonjá fica na Rua Direta de São Gonçalo do Retiro, número 557, no bairro do Cabula. 
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