Belém do Pará comemora hoje 400 anos de fundação

A cidade de Belém comemora hoje (12) 400 anos, mas desde ontem (11) os moradores da capital do Pará, fundada em 12 de janeiro de 1616, estão em festa. Mais de 60 mil pessoas foram à orla, onde participaram do show de artistas locais, entre eles Fafá de Belém, Israel Novaes, Dona Onete, uma queima de fogos deixou o clima ainda mais animado. 
No ano em que completa 400 anos, Belém começa a ganhar, a partir de julho, o Centro Global de Gastronomia e Biodiversidade. A proposta de criação do espaço, que faz parte das comemorações dos quatro séculos de fundação da cidade, foi apresentada ao Governo do Pará e à Prefeitura de Belém por um conjunto de organizações da sociedade civil, lideradas pelo Instituto Paulo Martins (entidade que promove e divulga a gastronomia paraense e amazônica e que organiza anualmente o festival Ver-o-Peso da Cozinha Paraense), o instituto Atá (principal instituição brasileira que trabalha a relação homem-alimento, presidida pelo chef Alex Atala) e o Centro de Empreendedorismo da Amazônia (fundado em 2015 com o objetivo de estimular a inovação na região).

“A gente está tendo, com a nossa gastronomia, a volta do que a gente chama de paraensismo, do orgulho de ser paraense. 
O destaque que a gente teve no último ano, com a divulgação do nosso estande na ExpoMilão, inclusive em mídia nacional, teve uma repercussão muito grande na autoestima do paraense. 

O relato que a gente ouvia das pessoas era: ‘Poxa, Belém está tendo uma divulgação que enfim merece, estão vendo toda a nossa riqueza’. A gente só vai fazer algo por nossa terra se acreditar nela. Isso é importante nesse cenário brasileiro, em meio a essa crise”. 
A opinião emocionada da diretora executiva do Instituto Paulo Martins, Joana Martins, expressa o sentimento despertado no paraense graças à rica gastronomia de Belém, que ganhou reconhecimento internacional e local com novos projetos neste ano em que a cidade faz 400 anos. 
“O Pará está indo na contramão do cenário nacional. Passamos a acreditar mais no nosso Estado, e que bom que é por meio da gastronomia”, reforça Joana Martins. 
O instituto que leva o nome de seu pai – que morreu em 2010 – tem a missão de fomentar o sonho de Paulo Martins, um dos mais famosos chefes de cozinha paraenses: fazer da culinária amazônica um patrimônio regional, reconhecido internacionalmente. No ano em que completa 400 anos, Belém começa a ganhar, a partir de julho, o Centro Global de Gastronomia e Biodiversidade. A proposta de criação do espaço, que faz parte das comemorações dos quatro séculos de fundação da cidade, foi apresentada ao Governo do Pará e à Prefeitura de Belém por um conjunto de organizações da sociedade civil, lideradas pelo Instituto Paulo Martins (entidade que promove e divulga a gastronomia paraense e amazônica e que organiza anualmente o festival Ver-o-Peso da Cozinha Paraense), o instituto Atá (principal instituição brasileira que trabalha a relação homem-alimento, presidida pelo chef Alex Atala) e o Centro de Empreendedorismo da Amazônia (fundado em 2015 com o objetivo de estimular a inovação na região). 
Com o centro, que vai funcionar no Complexo Feliz Lusitânia, a ideia é que Belém possa oferecer ao Brasil e ao mundo um espaço onde pesquisadores, profissionais e estudantes possam fazer trabalhos de pesquisa, ensino e formação. 
O centro vai incorporar cinco unidades específicas, que vão abrigar atividades de promoção da cultura gastronômica por meio de uma escola superior, um laboratório de alimentos, barco-cozinha, museu e restaurante. Em julho deste ano, o barco-cozinha já vai estar ancorado na Baía do Guajará, em frente ao complexo. Até o fim de 2016, o restaurante do Centro de Gastronomia já estará funcionando, e a inauguração será concluída em 2017. 
Reconhecimento
O projeto de criação do Centro de Gastronomia e Biodiversidade, lançado para um público de mais de 150 países, durante a Expo Milão, em outubro do ano passado, foi ainda mais valorizado pela escolha de Belém, em dezembro de 2015, em Paris, como cidade-membro da Rede de Cidades Criativas da Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura (Unesco). Foram escolhidas 48 cidades de 33 países, que se tornaram símbolo pelo mundo em sete campos criativos: artesanato e arte popular, design, cinema, gastronomia, literatura, artes de mídia e música. 
 Além de Belém, com a gastronomia, apenas mais duas cidades do Brasil aparecem na lista: Salvador (BA), no campo criativo da música, e Santos (SP), no cinema. “Esse é um selo muito importante, porque insere Belém no contexto das Nações Unidas e demonstra que a gente não está trabalhando sozinho. Quando falamos em gastronomia, falamos de uma enorme cadeia produtiva, das mulheres que produzem o cacau para o chocolate até o chocolate gourmet. A gastronomia paraense não traz só o refinamento do paladar; ela tem por trás a antropologia, a história de vidas de famílias, até chegar à mesa”, disse na ocasião do anúncio a secretária extraordinária de Estado de Integração de Políticas Sociais, Isabela Jatene. 
Negócios 
Entre as famílias paraenses beneficiadas pela valorização da gastronomia local está a de Lucilene Torres, 51 anos. Vinte anos atrás, ela vendia churrasquinho na feira do Ver-o-Peso, mas o negócio não deu certo e a comerciante resolveu, então, desenvolver seus dotes na cozinha com a construção de um boxe para a venda de comidas típicas. O local virou o “boxe da Lucia”, um dos mais concorridos entre as 56 barracas que ocupam a praça de alimentação da maior feira a céu aberto da América Latina. De segunda a quinta-feira, Lucilene vende de 60 a 70 refeições por dia; são 100 às sextas e sábados. O prato mais procurado pelos turistas é o tradicional açaí com peixe frito. “Isso aqui é a minha vida. Sou apaixonada pelo que eu faço. Temos a melhor comida do mundo, e me orgulho muito de poder apresentá-la para tanta gente de fora”. 
A vida de Edmilson Chaves, 65 anos, também mudou com a comercialização de comida regional. Depois de trabalhar 20 anos como pedreiro, ele resolveu ajudar o cunhado na venda de tucupi no Ver-o-Peso. O negócio deu tão certo que as obras ficaram para trás, e hoje ele se gaba de ser um dos maiores vendedores de cachaça de jambu, uma iguaria exótica que atrai os turistas. “Todo mundo vem aqui querendo sentir o beiço tremer. Os turistas chegam até com intérprete para conhecer melhor e adquirir meus produtos”, diz ele, orgulhoso. O ritual de triturar a folha da maniva, que vai ser armazenada em sacos e, depois, fervida durante dias para se transformar na cada vez mais conhecida maniçoba, também fascina os turistas. “Eles param sempre aqui para ver a gente moer a maniva. Ficam espiando, gostam e vão comprar nos restaurantes”, conta Ademilson Trindade, vendedor de maniva há 30 anos no Ver-o-Peso. Ademilson, Edmilson e Lucilene estão entre os milhões de paraenses que festejam o aniversário de Belém com o reconhecimento do que há de mais genuíno, saboroso e cada vez mais lucrativo no Pará: a culinária regional. Syanne Neno Secretaria de Estado de Comunicação

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