ESCOLAS PARA ESPOSOS NO SENEGAL: CULTURA, VIOLÊNCIA, MACHISMO E TRANSFORMAÇÃO
“Não se nasce nem desaparece por encanto.As culturas e civilizações não nascem espontaneamente, ex nihilo, nem desaparecem como que por feitiço. Sua progressão, do nascimento à extinção, segue sempre um longo processo (…) impulsionado tanto por fatores internos (lutas entre grupos…) como externos (tendências hegemônicas, imperialistas…)”
Cultura em movimento: pressões internas e externas
Internamente, o programa envolve líderes respeitados — imãs, ex-militares, figuras comunitárias — que transformam seus papéis tradicionais para promover uma masculinidade mais solidária e consciente .
Externamente, recebe apoio institucional significativo da ONU e do Ministério da Mulher do Senegal .
Transformando o machismo estrutural e combatendo a violência
A iniciativa atua diretamente sobre o machismo e as formas de violência de gênero, como:
Casamentos forçados e mutilação genital feminina, que passam a ser questionados como práticas prejudiciais e violadoras de direitos .
Exclusão masculina da atenção à saúde materna, que afeta negativamente mulheres e crianças. O projeto busca mudar isso envolvento os homens na assistência ao parto, consultas médicas e planejamento familiar .
Resultados concretos e impacto social
Há mais de 20 escolas ativas no país, com cerca de 300 homens formados .
A participação masculina resultou em um aumento de partos assistidos por profissionais — de menos de 50% para mais de 70% em regiões beneficiadas .
Além disso, há registros de maior adesão a métodos contraceptivos, abandono de práticas nocivas e maior corresponsabilidade familiar .
Da violência à corresponsabilidade cultural
Esse programa evidencia que:
O controle cultural patriarcal pode ser redirecionado para o cuidado compartilhado.
O machismo é uma prática historicamente construída e, portanto, transformável.
A transformação cultural é mais eficaz quando liderada por agentes locais legitimados.
Paralelo com Diop
Cheikh Anta Diop afirmava que as culturas evoluem em resposta a forças internas e externas. No caso senegalês:
A legitimidade interna (imãs e anciãos) empodera a mudança.
O apoio externo (ONU/Estado) oferece estrutura e respaldo institucional. Isso resulta em uma mudança cultural que preserva valores locais ao mesmo tempo em que promove justiça social.


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