Quilombo de Bongaba, em Magé, oferece experiência que vai além da culinária quilombola
Visitantes poderão conhecer um pouco da história do lugar, que é certificado pela Fundação Palmares. Agendamento é pelas redes sociais
Visitantes terão oportunidade de fazer uma viagem na história do lugar Alexandre Cassiano
Para quem quer fugir do óbvio e experimentar uma gastronomia diferenciada e temperada com muita ancestralidade, a dica em Magé é visitar o Quilombo de Bongaba, localizado no 6º distrito do município. O espaço, um símbolo da resistência negra, oferece diversas opções da culinária quilombola.
A filosofia do lugar é preservar o espaço rural para não perder a ideia de pertencimento.
Por isso, tudo que se come lá é cultivado ou criado no próprio quintal. Mas para viver essa experiência é preciso marcar a visita com antecedência pelo instagram @quilombo_bongaba.
O local recebe grupos a partir de cinco pessoas, sem limite máximo. O espaço já abrigou 300 convidados de um casamento e aceita pedidos de reservas para comemorações, também agendadas antecipadamente.
Culinária quilombola é a especialidade — Foto: Alexandre Cassiano
O café da manhã, com bolinho de chuva, caldo de cana e sucos naturais, sai a partir de R$ 30. Esse é também o preço inicial dos pratos servidos. Entre eles está o akarajé das Iyas, que leva os ingredientes tradicionais (feijão fradinho, azeite de dendê, camarão), mas é feito dentro de um processo que busca reverenciar o sagrado.
O cardápio inclui ainda abará, nego bom (releitura do bolinho de feijoada), ouriço (bolo de arroz a base de queijo), balaio de axé (bolinho de massa recheada) e vários pratos de inspiração quilombola, como galinhada e guisado de carne do sertão. Todos os ingredientes utilizados na preparação são produzidos no próprio quilombo.
— A gente busca romper com a industrialização, priorizando o processo sustentável na criação dos pratos — explica Paulo José dos Reis, o Pai Paulo.
A experiência gastronômica pode ser acompanhada por um passeio pelo território, onde é possível conhecer um pouco da história do lugar. O quilombo nasceu dentro de um terreiro de candomblé, o Ilé Àsé Ògún Alàkòró, que significa Casa do Orixá Ogum Alakorô.
O espaço com mais de 300 metros quadrados é cercado por árvores nativas. Desde que foi fundado no terreno, passou a promover atividades socioculturais para a população. No lugar funciona um pré-vestibular social, que já ajudou vários jovens a entrar em universidades públicas e particulares.
Atividades culturais
O quilombo promove também rodas de conversa com diversas atividades de origem africana, como jongo, capoeira e dança de roda. Investe ainda na moda e no artesanato ancestrais.
— É uma forma de as pessoas conhecerem um pouco a nossa história e olharem com outros olhos — diz a estudante Luana Costa.
A cada dois meses acontece lá o Samba Ancestral, onde os integrantes contextualizam para o público a história do surgimento do ritmo. A próxima edição está programada para o dia 14 de julho.
— A intenção é promover um resgate cultural de forma ampla — afirma Pai Paulo, que criou também o ponto de encontro da pretinhosidade, que é uma roda de conversa sobre a herança africana, e uma marca de roupa própria, a Gbobo Aso.
Na parte culinária, o espaço busca ainda despertar o talento das mulheres do quilombo. A ideia é fazer com que elas aproveitem os seus saberes e façam deles uma fonte de renda.
Além dos visitantes habituais, que vão atrás da experiência gastronômica e ancestral, o Quilombo de Bongaba também costuma receber alunos das escolas públicas da região. E não é o único da cidade e certificado pela Fundação Palmares. Há ainda o Maria Conga e o Quilombo do Feital.
Comentários
Postar um comentário