Plantas usadas na alimentação Mebengokre

O Povo Kayapó já foi conhecido como Kayapó do Norte e teve comunidade indígena homônima no Brasiluso das plantas nativas pelos índios Mebengokre, aprendemos também um pouco sobre aspectos atinentes à cultura alimentar.

Com mais de 12 mil indígenas, o povo Kayapó, também conhecido como Mebêngôkre, habita e protege há décadas uma extensa área da Floresta Amazônica que se estende do norte de Mato Grosso ao sul do Pará. 

Há cerca de um século, porém, eles não eram os únicos Kayapó no Brasil. Por isso, eram chamados de Kayapó do Norte.

Entre os saberes que se aprende desde criança numa comunidade indígena, estão o conhecimento e o respeito para com o meio ambiente local, que ocorre de maneira processual ao longo da formação enquanto indivíduo, através de atividades realizadas no cotidiano, como a preparação das roças, as caçadas, as pescarias, os rituais, a confecção de artesanato, os ritos de passagens, as narrativas míticas, entre tantas outras formas.

O uso de plantas nativas fazem parte do conhecimento, uso e consumo dos índios Mebengokre, são a banana brava, palmeira inajá, ingá, açaí, bacaba, macaúba, embaúba, palmeira babaçu, buriti, mangaba, pequi e jatobá do cerrado. Existem outras, que não tem tradução para a língua portuguesa como "rojkrãtire", "màtu", "kamôt", "abiuna", "kamôttire" "goloza", "gràdjare", "gradjakaàk", "mamui", "mrê", entre outras.

Dessas plantas, algumas merecem destaque pela sua importância na dieta dessas comunidades, entre elas podemos destacar a banana brava, cuja fruta as mulheres buscam na mata, em locais próximos aos córregos e preparam a fruta descascando as bananas e socando no pilão até formar uma massa homogênea, que depois é assada enrolada em folhas de pacova, sendo consumido com beiju e carne de animais da região.

Outra forma de preparar a banana brava e na forma de chicha, muito consumida durante os rituais e festas.

Outras plantas nativas da região muito usada são o ingá, cuja polpa da fruta é muito apreciada como complemento alimentar e sua madeira usada como lenha nas fogueiras no interior das casas para aquecer durante a noite. 

Os palmitos obtidos destas palmeiras são cortados pelas mulheres em pequenos pedaços e socados com carne de animais caçados pelos homens da aldeia.

As folhas de palmeiras como o inajá, tem ainda uma utilidade muito importante nos rituais quando morre uma pessoa, bem como nas festas tradicionais como "mebymybiôk", "kryrykango", "takàk", onde as mulheres e as crianças pintam o rosto e o corpo com tinta obtida da mistura do sumo do jenipapo com o pó de carvão.

Outra planta nativa é o "manui", que não tem tradução para a língua portuguesa, sendo o seu fruto consumido depois de assado, devido um tipo de leite que é expelido das frutas quando partida, que provoca queimadura na boca se for consumido sem levar antes ao fogo.


A macaúba, planta bem popular em áreas indígena e regiões urbanas, típica de áreas de cerrado, muito apreciada pelas crianças pelo sabor adocicado. Já a embaúba, consiste numa planta nativa encontrada em três espécies, na região de floresta mais densa, apenas uma dela é usada na alimentação. A principal utilidade da embaúba está nas suas folhas como lixa durante a produção de bordunas, arcos, flechas, cachimbos, e diversos artesanatos. Outra particularidade da embaúba é a utilização das suas raízes, de onde é extraído um tipo de líquido semelhante a água, muito nutritivo, que é dado para os bebês tomarem.


Poderíamos fazer referência a dezenas de outras plantas nativas, usadas por essa comunidade indígena. No entanto, o objetivo é mostrar a existência e a prática ainda sendo usada pelos indígenas, a exemplo das gerações anteriores, mantendo assim os conhecimentos tradicionais e a identidade enquanto povo indígena.

*Elias Januário é educador, antropólogo e historiador

Comentários

Postagens mais visitadas