ANTROPÓLOGO JESÚS CONTRERAS ABRE PROGRAMAÇÃO DO III DEBATES SOBRE PESQUISA EM CULTURA ALIMENTAR
Nasceu em 1946 em Guadix (Granada) e é doutor em Filosofia e Letras pela UB. É professor emérito de Antropologia Social, com trabalho de campo nos Andes e na Espanha .
Fundador e diretor do Observatorio de la Alimentación (Odela), dedicando-se há mais de 25 anos a estudar hábitos alimentares .
Autor de mais de 20 livros e cerca de 200 artigos, incluindo “Antropología de la alimentación” (1993) e “Alimentación y cultura: perspectivas antropológicas” (2005), que foi traduzido para o português.
Principais reflexões
1. Paradoxos da globalização alimentar
Contreras analisa dois fenômenos simultâneos: homogênea produção globalizada de alimentos e, ao mesmo tempo, a proliferação de dietas e práticas alimentares específicas (vegetarianismo, intolerâncias, tradições locais) . A globalização traz padronização; o medo e a busca por identidade alimentam o ressurgimento do patrimônio culinário.
2. Gastro-anomia e a tensão do omnívoro moderno
Inspirado por Claude Fischler, ele reflete sobre a “gastro‑anomia”: a liberdade alimentar gera ansiedade por escolha e risco. Os sistemas culinários são estratégias culturais que regulam essa tensão entre neofilia e neofobia.
3. Superabundância vs insegurança
Apesar da superprodução e acesso ampliado de alimentos, ainda há insegurança, desconfiança sobre alimentos processados e perdas gigantes (40% dos alimentos desperdiçados). Isso ressalta uma nova insegurança alimentar.
4. Normas alimentares e hospitalidade
Ele chama atenção para a distinção entre “comer para a saúde” e “comer por prazer/hospitalidade”. Muitos reservam comidas menos saudáveis para encontros sociais, refletindo “esquizofrenia alimentar”: dieta durante a semana e indulgência no fim‑de‑semana .
5. Resgate do local como recurso identitário
A industrialização traz despersonalização, e o resgate de produtos artesanais ou locais torna-se estratégia de afirmação cultural e identidade.
Por que ele é convidado para eventos como este?
Contreras traz uma visão ampla e crítica da gastronomia contemporânea: trata tanto da globalização e perda de referências quanto da tendência de valorização do local como recurso identitário.
Ele aborda com profundidade as contradições atuais: superabundância e insegurança, liberdade e ansiedade, normas tradicionais e novas regras alimentares – tudo central para pensar paradoxos entre globalização, autenticidade e saberes locais.
🗓️ Evento: III Debates sobre Pesquisa em Cultura Alimentar
Datas: 24 e 26 de junho de 2025 (sempre a partir das 14h30, online via Google Meet)
Gratuito e voltado para estudantes, pesquisadores, profissionais de gastronomia e interessados em cultura alimentar
📌 Programação
24 de junho (14h30)
Abertura das atividades com apresentação das políticas públicas de pesquisa da Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco (EGSIDB) e do Mestrado em Gastronomia da UFC .
Palestra de abertura com o antropólogo Jesús Contreras (Universitat de Barcelona): reflexões sobre “paradoxos da gastronomia contemporânea” – globalização, autenticidade e saberes locais.
26 de junho (14h30)
Foco no universo do café do Maciço de Baturité (CE):
Há palestras sobre os costumes alimentares de cafeicultores.
Debates sobre estratégias de comunicação para valorização de territórios através de seus produtos.
Confirmados: Josefranci Fonteles, Sylene Ruiz de Almada e Renata Silva, com mediação de **Paulo Henrique Machado (UFC)**
https://www.secult.ce.gov.br/2025/06/23/antropologo-jesus-contreras-abre-programacao-do-iii-debates-sobre-pesquisa-em-cultura-alimentar/


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