Karingana ua Karingana


José Craveirinha,  poeta dos “vaticínios infalíveis” nasceu a 28 de Maio de 1922 e fez um pouco de tudo: poesia, prosa, desporto e jornalismo, tendo colaborado com órgãos como O brado africano A tribuna.

A comida conta nossa história 

É a expressão Moçambicana, utilizada pelos rongas quando começam a contar uma história tradicional. 

Os ouvintes respondem-lhe karingana!. 

Corresponde à expressão «era uma vez» utilizada em português na mesma situação.

A história também pode ser contada a partir daquilo que os homens comem e cozinham, um prato não traz consigo apenas aromas, texturas e sabores, tal como um documento, guarda por trás de simples receitas ingredientes como a eclosão de guerras, a trajetória de artistas ou mesmo o processo de formação de um povo. 

Karingana ua Karingana é a segunda obra do escritor moçambicano, José Craveirinha (1922-2003)

José João Craveirinha, poeta moçambicano, nasceu em Lourenço Marques, em 1922, há cem anos, e faleceu em 2003 na mesma cidade – rebatizada como Maputo, após a independência do país. É considerado o poeta nacional de Moçambique, por expressar o sentimento libertário de seu país contra a ocupação colonial portuguesa, denunciar o racismo, a censura, a perseguição política e cantar a liberdade, a identidade cultural e a integração regional das nações africanas.

Desde a juventude, Craveirinha engajou-se na luta contra o colonialismo português, sendo militante da Frelimo – Frente de Libertação de Moçambique, de orientação marxista. Por sua atividade política, foi preso em 1936 e libertado apenas em 1969, passando mais de três décadas na prisão. Além de poeta, foi jornalista, trabalhando em periódicos como O brado africano, Notícias, Tribuna, Diário de Moçambique e outros veículos. Por causa da censura salazarista, utilizou diversos pseudônimos, como Mário Vieira, José Cravo e Jesuíno Cravo. Ele foi o primeiro autor africano a receber o Prêmio Camões, o mais importante das literaturas de língua portuguesa, em 1991. Craveirinha publicou cinco livros de poesia de 1964 a 1984, entre eles Xigubo, Karingana ua Karingana, Maria, volume de poemas líricos e elegíacos, Babalaze de hienas, com poemas satíricos, e a obra póstuma Poemas eróticos, além de livros publicados na Rússia, na Itália e de um espólio de centenas de poemas que permanecem inéditos. No Brasil, foi publicada uma antologia poética do autor pela Universidade Federal de Minas Gerais.


Em Xigubo, seu livro de estreia, predominam os poemas longos em versos livres, com uso frequente do enjambement. Conforme escreve Emílio Maciel no texto crítico incluído como posfácio a esse volume: “Nos poemas que compõem a rapsódia anticolonialista de Xigubo, é certo que a balança ainda pende claramente para o lado da memória coletiva, resultando em artefatos nos quais a evocação de uma identidade mítica corre de par ao gosto por interpelações exclamativas e densos catálogos em intrincados labirintos sintáticos. (…): Avançando à base de violentas condensações e curtos-circuitos, muitos dos poemas reunidos em Xigubo parecem extrair sua força das cesuras imprevisíveis que suspendem o sentido ao fim de algumas linha, impacto reiterado pela contundência de pormenores concretos que dão qualidade tangível ao intolerável”.

Esta tendência à condensação, à elipse, ao fragmentário, estará mais presente na poesia da última fase de Craveirinha, também mais concisa, metafórica e enigmática, em consonância com a poesia de vanguarda angolana e moçambicana da época. Em Xigubo, notamos ainda a ênfase nas imagens, que Ezra Pound chamava de fanopéia, e os maciços blocos rítmicos que causam um efeito quase encantatório, pela repetição anafórica de palavras ou pelo uso do refrão.

#elcocineroloko

Por fim, não esqueçam de nos seguir em nossas redes sociais @elcocineroloko, para dicas, receitas, novidades: blog @sossegodaflora.blogspot.com e visite nosso Instagram

Comentários

Postagens mais visitadas